Dizem que quando amámos abrimos o nosso coração, mas dizem tanta coisa.
Precisámos de ter a noção de que o coração é apenas um músculo com veias e artérias e uns tantos outros termos científicos. Mas isso chega?
Temos tanto a mania de dizer que sentimos com o coração, mesmo já ensinados de que é apenas mais uma parte crucial do nosso corpo, a mais crucial. Será que dizemos isso porque, assim como o amor, o coração é o mais frágil?
Seria uma boa comparação, mas também seria estúpida. Também dizemos que o amor é frágil, mas não nos damos conta de que, quando precisamos, é ele que nos deixa mais fortes, com mais defesas, seja sentindo a segurança que é termos os nossos pais para nos defender ou sabendo que iremos voltar para os braços de quem amamos no final do dia.
É uma coisa estranha, essa do amor. É uma coisa tão estranha que dizemos que ela dói, mas um sentimento pode fazer doer? Doer o coração? Será que nunca ouviram dizer que o coração não dói? Se o coração não dói, então eu quero tatuá-lo. Mas se o coração não sente e não dói, então é o cérebro que sente... Mas o cérebro dói?
Isto quer dizer que podemos dizer que sentimentos não doem?
Se os sentimentos não doem, o quê que nos magoa? São as pessoas? Ou o que elas nos fazem sentir? Mas sentimentos não doem... Quase que soa a barbaridade, mas só quase, porque no meio de tudo isto até pode haver alguma razão para ser chamado.
É uma coisa doida, essa de sentir.
No entanto, eu estava tão cansado de não sentir que procurava um sentimento em qualquer coisa, mesmo que fosse inútil.
As portas de metal, pesadas, no final do corredor eram vistas, por mim, naquele ponto, como uma passagem para o céu e se não fosse para o céu podia, no mínimo, ser a saída do inferno.
Faculdade não é um inferno, nem dois, nem múltiplos. Não é... Só soa como se fosse. E, se formos a ver com olhos de ver, nem soa, mesmo que ver seja com os olhos e soa seja com os ouvidos. Pois bem, faculdade não é, a nenhum nível, um inferno, só fazemos parecer com que seja, por motivo algum que até hoje não entendo.
Assim, ver a saída da mesma no final do corredor, fazia-me respirar o ar à minha volta com mais pressa, os meus passos fazendo o mesmo até à saída, e quando os meus dedos rodearam a barra cilíndrica metálica e o meu corpo empurrou a porta o ar encheu os meus pulmões com rapidez, o ar limpo, como se o oxigénio fosse diferente ali.
No entanto, no meio da claridade que era aquele dia às duas e meia da tarde, e enquanto caminhava pelo relvado da frente do edifício, um borrão preto sujou a minha visão. Tudo era preto, o carro, com os vidros escuros, e o homem do lado de fora dele, com um fato preto até aos botões, óculos de sol da mesma cor.
Era estranho, eu tinha as minhas suspeitas improváveis, mas nada mais soube pensar quando ouvi o meu nome através daquele relvado e virei a cara, sorrindo aos meus amigos e acenando, confirmando que iria até eles e um pedido silencioso para que parassem de gritar por mim.
''Ei, Guk.'' Foi Yugyeom que falou primeiro, sorrindo curto, mas era sincero, porque gostávamos de nos ver, principalmente agora que ele se mudara para os dormitórios da universidade. ''Pronto para hoje?''
Normalmente, quando Yugyeom dizia uma coisa daquelas era porque havia uma festa da faculdade, as quais eu tinha deixado de ir, mas daquela vez nós estávamos falando de algo ao qual eu realmente queria ir.
Yugyeom deixou a nossa casa apenas porque as condições entre nós não eram as melhores. Somos bons amigos, éramos bons a partilhar o meu quarto, mas somos rapazes, temos necessidades, queremos tempo sozinhos às vezes, e mesmo que Yugyeom estivesse a partilhar o quarto com alguém no dormitório, ele tinha uma cama para ele e não um colchão velho, tinha um banheiro para si e, principalmente, ele podia estar sozinho com Taehyung.
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Vol, tas. ]JIKOOK/KOOKMIN[
FanfictionPor tantas vezes, a vida parece dar voltas nas voltas que a vida dá e nesta reviravolta a história de Jeon Jungkook e Park Jimin parece não estar terminada. Jungkook sente agora o sabor de liberdade como quem sente a falta de peso nos ossos, mas não...