13 ♻ pact ♻

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''A sua barriga também está doendo?'' Eu perguntei a Yugyeom, as minhas mãos debaixo da torneira que tinha no banheiro dali, espreitando por cima do ombro, onde Yugyeom estava secando as mãos em papel descartável, negando a minha pergunta. 

''Serão borboletas?'' Ele perguntou, brincalhão, e eu fechei a água, o olhando agora através do espelho, abanando-as para sacudir a água nelas. 

''Não vejo Jimin assim.'' Eu menti, na maior cara de pau, mas Yugyeom fingiu acreditar. ''E é estranho, porque eu beijava esse cara, eu já me humilhei por esse cara. Esse cara que dizia ser tão fácil se apaixonar por mim, então porque ele não o fez? Chega a ser ridículo.'' 

''Jun.'' Yugyeom arregalou o olhar, pousando a mão sobre o meu ombro e virando-me para ele, e então eu me dei conta do que dissera, que de forma tão espontânea os meus pensamentos tinham deixado a minha cabeça e se tornado em palavras. ''Fazia tanto tempo desde que você não falava de Jimin.'' 

Yugyeom parecia maravilhado com aquilo, como se estivesse vendo algo de outro mundo, de outra dimensão, ou algo que sentia saudade, o que não era de se esperar, afinal Yugyeom sabia tudo o que eu sabia, sabia até mais. 

Então eu suspirei fundo, concordando com aquilo e assimilando o meu próprio descair, depois pegando papel e encostando-o nas mãos com calma. 

''Eu liguei para esse cara e perguntei se ele pensava em mim. Sabe o que ele fez? Desligou na minha cara. Não me respondeu nem nada. E agora eu vejo as coisas. Que ridículo!'' 

E era ridículo, ou não era? Yugyeom estava me ouvindo, estava ali, mas eu não estava falando para ele, não, aquilo era para mim, e infelizmente para as pessoas que entravam e saíam do banheiro. O Kim olhava-as, como para me mostrar que não estávamos sós ali, mas não me interrompia, porque ele queria ouvir aquilo, estava tão satisfeito com aquilo e era tão estranho. 

''Ele era meu namorado, na verdade.'' Eu assimilei de repente, piscando devagar e deixando os papéis molhados sob o caixote do lixo. ''Ele me comprava roupas, ele me levou para conhecer a família, ele ajudava a minha mãe no restaurante, ele- Que fodido.'' 

E eu não queria conversar mais, não queria ficar num banheiro confessando todas as coisas que eu e Jimin tínhamos feito, ou todas as coisas que me rebaixaram, ou que me deixaram feliz. Eu não queria falar sobre Jimin, e de repente era como uma corrente imparável. 

''Jungkook.'' Yugyeom disse, agora atrás de mim quando eu deixei o banheiro normalmente, como se nada tivesse sido dito, e segurou-me o braço, fazendo-me olhá-lo. ''Aconteceu alguma coisa? Você quer conversar? Eu acho que essa ideia não é uma boa ideia, você...''

''Está tudo bem, Yug, de verdade.'' 

Mas não estava, pois não? 

Taehyung e Jimin estavam nos esperando do lado de fora, encostados numa máquina para dois jogadores, e mal o Kim saltou à vista do outro com o mesmo apelido, Jimin foi deixado de lado para que Taehyung e Yugyeom jogassem aquilo, um jogo que eu nem conhecia, e então o loiro de parte veio até mim, as batatas com molho de nacho na sua mão me dando náuseas. 

''Ei, você quer o resto?'' Ele me perguntou, simpático, e eu neguei, virando o rosto, enjoado de repente, a dor na barriga persistente, e Jimin percebeu, deixando aquilo no caixote mais próximo, provavelmente porque mais ninguém as queria, e depois mostrou-me o seu olhar confuso, a mão pousando sob o meu ombro, preocupado. ''Você está bem?'' 

''Sim.'' Eu respondi, espreitando os outros dois, já animados em frente um do outro, com ecrãs os dividindo enquanto jogavam o que quer que fosse aquilo. 

''A sua barriga dói?'' Ele presumiu pela minha mão sob a mesma, o polegar esfregando a mesma em cima do tecido e então eu acenei, sem ter como ou pelo que negar. ''Vem cá.'' 

Jimin deu um passo em frente, como se cobrisse a minha visão, e a lateral do seu corpo encostou-se a mim, a mão atrevida encontrando a bainha da blusa e passando-a, pousando a mão quente sob a minha pele, em cima do estômago, e eu respirei fundo, o meu braço passando pelos ombros dele para que se mantivesse ali. 

''Você me devia abraçar ou assim, para disfarçar.'' Ele murmurou, e eu achei que ele estava brincando quando o seu olhar encontrou o meu. 

''Disfarçar o quê?'' 

''Não sei... Amigos fazem isso? Porque os nossos andam em cima da gente, então eu não sei.'' Ele explicou, todo inocente, como se fosse, e eu olhei os nossos amigos, ainda distraídos com o jogo e depois olhei-o a ele. 

''Também não sei.'' Respondi a seco, pousando o queixo nos cabelos dele, os dedos curtos agora esfregando a minha pele com calma. 

''Então me abraça como se estivesse com saudade ou assim.'' 

Eu solucei um riso, rodeando o corpo dele com o outro braço e o apertando um pouco contra mim, os pés tropeçando um passo para perto e Yugyeom me olhando despercebido. 

''Ei, Jungkook.'' Ele chamou baixinho, encostado em mim. 

''Hun?'' Eu acabei resmungando, sem abrir a boca, demasiado extasiado naquele momento, extasiado pela saudade. 

''Uma vez nós fizemos um pacto.'' Ele lembrou, como se eu estivesse esquecido. ''Nós podemos fazer outro?'' 

''Acho que sim.'' 

Com Park Jimin nunca há certezas. 

A mão desceu até encontrar a beira das minhas calças, a ponta dos dedos presa lá quando o olhar e o rosto subiram na mesma medida, me olhando com calma e engolindo em seco, baixando o olhar e subindo-o de novo. 

''Talvez eu também queira te beijar.'' Murmurou ele, e não era sussurro algum, era só uma junção de sons que mal formavam palavras, que era segredadas para mais ninguém as entender, e eu sorri de canto, de repente feliz por não ser o único com carne fraca ali, ou então um coração mole. 

''Agora?'' Eu brinquei, o tom mal se fazendo soar, mas ao contrário de mim, Jimin acenou uma vez com a cabeça, confirmando. 

''Algumas vezes.'' Ainda acrescentou, sorrindo de si mesmo. ''Então faremos um pacto.'' 

E fizemos, só não sabíamos se quem o quebraria daquela vez seria eu ou ele. 

Vol, tas. ]JIKOOK/KOOKMIN[Onde histórias criam vida. Descubra agora