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O fliprama não era de todo um lugar calmo. A música não era muito alta, porque se fosse tudo se tornaria uma mistura de ruídos, quer vindo dos barulhos dos imensos jogos, uns mais altos do que outros, quer da música ofuscada por esses sons. E embora parecesse um lugar para alguém com menos idade do que nós, a gente gostava dali, gostava de fingir que a nossa altura já não tinha passado. 

''Yug, nós devíamos buscar algo para comer.'' 

Aquilo era uma coisa normal, porque gostávamos da comida dali, e apesar das coisas entre Jimin e Yugyeom não parecerem mais tão pesadas quanto outrora seria entre os dois sozinhos, um com o outro, ainda era estranho e melancólico ouvir Jimin chamar por ele como se fossem amigos de data. 

''Hóquei de mesa?'' Taehyung convidou, uma moeda na mão, e eu acenei, ainda quieto, vendo os outros dois irem para longe, Jimin sorrindo divertido e concordando com alguma coisa, e a dor de saber que aqueles dois já se tinham beijado veio ao de cima e eu tentei ignorá-la a todo o custo, mas era tudo menos fácil. 

''Vou vencer você.'' Eu disse ao loiro, tentando realmente esquecer aquela ideia, e olhei-o nos olhos, sorrindo como se já tivesse vencido, e Taehyung jogou o disco no lado dele, logo o atirando para mim. 

''Você e Jimin sendo amigos é a coisa mais aleatória que eu já vi.'' 

''Não vai resultar.'' Eu resmunguei, concentrando naquilo, o meu pé batucando debaixo da mesa, e o olhar sempre no disco, muito menos descontraído do que Taehyung quando acertei no lado dele e marquei um ponto. 

''Eu sei, ele me disse.'' E sacudiu os ombros, pegando o disco de novo e voltando a jogar. 

Aquela não era uma novidade para ninguém, porque embora eu e Jimin tivéssemos acordado com aquilo ambos sabíamos que em algum momento um de nós iria explodir e jogar coisas na cara do outro. 

Encha os seus pulmões com demasiado ar que embora você precise dele eles irão explodir em algum momento. 

Jimin e Yugyeom trouxeram batatas fritas com molho de nacho e era o suficiente para nos contentarmos, para comermos enquanto ficávamos por ali. 

''Será que você é melhor conduzindo em video game do que na vida real?'' Jimin murmurou no meu ouvido, o braço subindo pelos meus ombros enquanto os outros dois consideravam entrar na zona de paintball para jogarem uma partida. 

Aquela era uma chance de 50/50 de eu vencer Jimin, e por isso, numa tentativa de tornar aquilo menos chato, eu disse:

''Quem ganhar escolhe o próximo.'' 

Claro que Jimin gostou da ideia, e claro que aquilo o incentivou a querer vencer-me ainda mais do que antes, então talvez as minhas chances estivessem diminuindo. 

Sentados em frente de um volante de brincar, demasiado pequeno para as nossas mãos, pelo menos para as minhas, e um controle de mudanças que era limitado a decidir se o carro andava em frente ou de marcha atrás, eu inseri a ficha na ranhura, Jimin já fingindo ser um corredor profissional, o olhar cerrado, me olhando como se eu fosse o seu pior inimigo antes de sorrir torto e voltar a olhar o ecrã. 

Depois da primeira volta, com muitos encontrões entre os nossos carros no televisor, Jimin já estava sentado normalmente, o sorriso crescendo quando se encontrava em primeiro lugar, logo seguido de mim. 

''Você está gostando da faculdade?'' Ele perguntou-me, talvez para fazer conversa, talvez para me distrair, e eu acenei antes de perceber que ele não me olhava. 

''Você não vai me distrair.'' Eu resmunguei, pressionando o pedal sob o meu pé como se isso fosse fazer o carro andar mais rápido do que ele já ia, quando de repente eu me vi passando o carro vermelho, também conhecido como o de Jimin. ''Ah!'' Gritei em vitória, embora ainda não tivesse ganho nada.

''Você tem certeza?'' Ele desafiou, se vendo em sarilhos, porque estávamos correndo a última volta e não parecia ser grande a possibilidade de ele me vencer agora. ''Quer beijar?'' 

''Não.'' Eu ri perante a tentativa falha, recusando-me a deixá-lo ter aquele efeito sobre mim mais uma vez. 

''Lembra o que a gente fez na casa do lago?'' 

''Você precisa tentar mais, Jimin.'' Eu disse-lhe, olhando-o por segundo e vendo como ele queria ganhar, os dedos em volta do volante remexendo e eu sorri, soltando o pé do pedal quando no mesmo tempo ele retrucou. 

''Eu te amo.'' 

A voz era troçadora, mas mesmo assim o volante escorregou nos meus dedos, e embora eu já tencionasse deixá-lo ganhar, o meu carro bateu contra as laterais da pista, elegendo Jimin como vencedor, que logo passou pela meta. E então Jimin levantou-se em um salto, os braços para cima, festejando. 

''Ganhei!'' Festejava ele, sorridente, e eu fiquei de pé também, engolindo em seco para mim mesmo e esboçando um sorriso quando ele segurou o tecido da minha blusa e o usou para abanar o meu corpo. ''Vamos jogar Just Dance!''

Eu te amo.

Aquela era a segunda vez que Jimin me dizia aquelas palavras, mesmo que a primeira fosse em forma de uma mensagem bêbada da qual ele não se lembrava e agora aquela, aquele jogo sujo, mas que mesmo assim pesava em mim enquanto andava atrás dele até as máquinas do jogo de dança onde ele já puxava moedas do bolso para colocar ali. 

''Não devemos apostar nesse, porque eu prezo a sua dignidade e espero que leve alguma para casa hoje.'' Provocou ele, todo convencido e sorridente, e eu acenei, concordando com aquilo e subindo para cima do piso colorido. ''E você precisa jogar sério ok, ou então vou contar para a sua mãe.'' 

Aquela era uma ameaça em pêras, sim senhor. 

Quando Yugyeom e Taehyung voltaram para o pé de nós, cansados de esperar pela sua vez no paintball, eu e Jimin ainda estávamos jogando aquilo, e mesmo que eu não entendesse os gráficos, tão pouco como perdíamos ou ganhávamos pontos, Taehyung estava torcendo por mim, dizendo-me que eu ia ganhar, e eu nem sabia se acreditava ou se eu estava perdendo tão feio que ele estava troçando de mim. 

''Esse jogo está viciado, é uma pena.'' Jimin disse assim que o meu ecrã brilhou e o dele apareceu a preto e branco, Taehyung rindo-se demasiado alto e Yugyeom batendo a palma da mão na minha e o loiro apenas negava com a cabeça, negando-se àquilo. 

''Pelo menos eu joguei justo.'' Eu atirei, sorridente, e Taehyung suspendeu uma sobrancelha, sem saber, mas cansado, Yugyeom já estava deixando o corpo encostar-se no dele, rodeando-lhe os ombros com os braços e tomando a sua atenção. 

''Por uma vez na sua vida.'' Ele disse mais baixo, mais próximo, e eu estreitei o olhar, as sobrancelhas levantadas em descrença, quando ele se aproximou ainda mais, os pés ainda do lado dele, mas o corpo inclinado, a mão agora no meu ombro subindo com a ponta dos dedos para o meu pescoço. ''Há uma primeira vez para tudo, não é verdade?'' 

''Do que você está falando?'' Eu murmurei, os lábios entreabertos, piscando de forma lenta, e ele sorriu de lado, fechando os olhos por um segundo e depois afastando-se, descendo dali e indo na direção dos amigos. 

''Ainda há batatas?''

Vol, tas. ]JIKOOK/KOOKMIN[Onde histórias criam vida. Descubra agora