Capítulo 9 - Uma decisão impulsiva.

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Apesar de eu querer ser forte e tentar não me abater, estava abalada diante daquela situação. Marcus decidiu ir comigo, disse a ele que entenderia se decidisse ficar; não teria problema. Então meu irmão deixou claro que iria onde eu estivesse; mesmo que ele não prometesse a Phillip.

Enquanto papai, Marcus e eu conversávamos; Layla mandou Pauline arrumar minhas coisas e esvaziar o quarto. Vovó tentou acalmá-la, mas ela estava fora de si. Layla fazia questão que não houvesse mais nada que demonstrasse que um dia pertencemos à mesma família. Ela inclusive destacou:

_ Livre-se de qualquer coisa que tenha sido dela. Não quero ver mais nada aqui!

Aquelas palavras ecoaram tão alto pela casa, eu pensei que meu coração fosse explodir. O desespero tomou conta de mim: sai correndo, entrei em um ônibus e voltei para a casa da minha avó; enquanto Marcus tentou sem êxito me alcançar. Ao chegar lá, tomei uma decisão drástica, me sentia tão afligida pelo sofrimento da perda e da rejeição que pensei só me restar uma opção: pôr um ponto final em tudo.

Fui até o quarto dos meus avós e peguei um frasco de remédio. Em seguida, voltei para o meu quarto, tranquei a porta, sentei na cama, segurei um copo de água, respirei fundo e tomei os comprimidos. Eu simplesmente adormeci esperando ser o fim. Ninguém mais teria que se preocupar comigo ou me odiar, mas deveria saber que meu irmão não desistiria tão facilmente. Ele percebeu que eu havia chegado ao limite e que algo estava errado, como se minha luz interior tivesse se apagado.

Então a cena que Marcus veria assim que chegasse e abrisse a porta do quarto com a chave mestra seria chocante. Isso porque ao entrar, ele me encontraria desacordada e tentaria me fazer recobrar a consciência imediatamente. No entanto, meu irmão logo notaria aquele frasco vazio no chão e sobre a penteadeira um bilhete, onde estava escrito:

"Sinto muito por arruinar suas vidas. Perdoem-me, isso não acontecerá novamente. Sophia".

Rapidamente ele pegou o telefone e ligou para a emergência, que chegou após alguns minutos. No hospital eu fui atendida e medicada, o doutor me diagnosticou com depressão. Ele foi claro e afirmou aos meus avós que para superá-la, era fundamental que minhas "feridas" fossem devidamente identificadas e tratadas por um especialista. Marcus ficou no quarto até que eu recobrasse a consciência, no momento em que acordei ele respirou aliviado e ressaltou:

_ Tive um pressentimento que algo ruim poderia acontecer. Sua reação demonstrava uma angústia e melancolia extrema em meio àquela situação.

Não sabia o que dizer e comecei a ter uma crise de choro, pedi que ele me perdoasse por ter sido fraca, estava tão envergonhada. Marcus, por outro lado, falou delicadamente:

_ Não se preocupe comigo, você precisa se concentrar em melhorar. Não posso imaginar um mundo do qual você não faça parte.

Papai também foi me visitar todos os dias em que estive internada e lamentou que as coisas tivessem chegado tão longe. Claramente, ele se sentia responsável e achava que havia falhado como pai.

Outra visita inesperada foi Pauline, que me deu um abraço apertado e confidenciou que trabalharia para a minha avó, o que possibilitaria continuar cuidando de mim. Tinha três anos quando ela se tornou minha babá e a considerava um membro da família, sua presença seria muito bem-vinda.

Destinada a brilhar ( Português ) #wattys2019Onde histórias criam vida. Descubra agora