1 - BEIJO ROUBADO NA LANCHONETE

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Maria Clara, Deise e Amanda, essa é exatamente a ordem do nascimento, porém a diferença de idade delas é apenas de minutos, quer dizer, idade biológica, porque se referindo à idade mental, estão distantes por anos.

São perfeitamente iguais e perfeitas. Lindas, inteligentes, conquistadoras e apaixonantes... sim, são apaixonantes. Cada uma com suas particularidades e personalidades completamente distintas.

No passado, Maria Clara era a irmã mais difícil de lhe dar, mas Amanda também não facilitava as coisas e no meio da confusão Deise tentava apaziguar os ânimos, porém, na atualidade tudo era mais tranquilo, cresceram e amadureceram, quer dizer, nem tanto assim, às vezes se comportavam como adolescentes.

Sim, essas são as lindas ladras de beijos e corações.

Amanda estava sentada no balcão da lanchonete esperando por sua irmã, estava ansiosa pelo reencontro, queria abraçá-la, não que tivessem demorado tanto tempo assim sem se ver, se falavam sempre, mesmo assim, sentia muita saudade. Obviamente não podia pensar que seria um reencontro tranquilo, tudo entre elas era intenso, tanto as brigas quanto as brincadeiras e até as demonstrações de carinho, as trigêmeas se amavam ao extremo.

Amanda estava de costas para a entrada principal, mas a lateral da lanchonete era de vidro e ela conseguiria ver quando Maria Clara passasse. No momento em que ela estava tomando um gole do seu suco, sentiu alguém chegar muito perto, tinha um cheiro bom de perfume importado. Se virou para ver quem era.

Era uma linda mulher de pele clara e cabelo escuro que lhe deu um beijo no rosto e passou a mão carinhosamente nas suas costas.

"Oi, linda, bom dia! Eu tinha entendido que você iria resolver uns assuntos hoje de manhã e só viria na parte da tarde, enfim, que bom que veio", disse a mulher sorrindo e olhando para Amanda com cara de apaixonada.

Amanda já sabia quem era aquela linda mulher, já a tinha visto por fotos e até falou com ela por telefone, só precisava de uma confirmação, não poderia fazer o que estava prestes a fazer se não tivesse uma prova de quem ela era.

Sorriu de volta quando percebeu o que estava acontecendo, ela estava sendo confundida com sua irmã. Essa é a vantagem de ser igual a alguém, passavam por situações que ninguém nunca passaria.

O que estava acontecendo agora era uma oportunidade única de colocar as coisas em pé de igualdade. As trigêmeas eram amicíssimas, porém tinham um assunto inacabado que estava voltando à tona nesse exato momento, o maldito 'roubo de beijo'. Algo aconteceu no passado, certo que era passado, mas que houve uma jura de vingança e Amanda não deixaria essa oportunidade passar, mesmo que depois colhesse as consequências.

"Bom dia", Amanda falou cheia de más intenções.

"Você está bem?", a moça perguntou ao olhá-la bem de perto. "Está um pouco... diferente."

"Diferente como?", perguntou cínica.

"Tudo e nada", riu desconcertada. "Eu não sei, estou confusa."

Ela ainda estava em pé do lado de Amanda e segurava uma bolsa e um jaleco branco, então Amanda espertamente a convidou para sentar à sua direita pegando a bolsa e o jaleco das suas mãos. Antes de colocar os objetos no banco à esquerda, ela discretamente olhou o nome que estava escrito no bolso do jaleco.

Sorriu ao confirmar de quem se tratava. Viu uma oportunidade e a agarrou.

"Diferente bom ou ruim, Marjorie?", falou sinuosa depois de ter lido o nome da mulher.

Amanda procurou formar frases curtas para não ser descoberta. As irmãs eram idênticas fisicamente, mas as formas de se expressar eram completamente opostas e também tinham tons de voz diferentes.

"Eu não sei", falou Marjorie olhando para Amanda como se não a conhecesse. "Minha nossa! Como estou confusa, me desculpa, não devo ter descansado o suficiente essa noite."

Nesse momento Amanda viu Maria Clara passando pela lateral da lanchonete e procurou executar o plano que tinha armado assim que Marjorie a cumprimentou.

"Deixa para lá. Quer saber, eu também me sinto diferente hoje", falou olhando no rosto de Marjorie se aproximando dela.

"O que você está fazendo, Clara?" perguntou a garota meio surpresa com a atitude de Amanda.

"Eu quero que você me dê um beijo" disse suavemente passando o dedo indicador pelo queixo da outra que suspirou com o ato sedutor.

"Aqui? É que eu sei que você não gosta de se expor no trabalho.", disse nervosa. "Se bem que aqui não é exatamente onde trabalhamos, mas a maioria dos nossos colegas frequentam esse lugar e talvez."

Marjorie ainda falava quando Amanda a interrompeu segurando com firmeza no seu braço já que Maria Clara estava chegando perto. Ela a olhou nos olhos, então Marjorie dando-se por vencida, se aproximou e lhe beijou suavemente demorando apenas poucos segundos.

Marjorie suspirou, afinal, qual o problema dela dar um selinho na namorada num lugar em que frequentavam? Nenhum.

Quando os lábios foram desgrudados, Amanda olhou novamente pelo vidro e viu que Maria Clara não tinha percebido o que estava acontecendo, já que ainda estava parada conversando com um rapaz.

"Tá bom, se é para dar certo, tenho que fazer direito. Desculpa coisa linda, mas realmente tenho que fazer isso."

"O que? Eu não estou entendendo", confessou confusa.

Amanda puxou Marjorie suavemente pelo braço induzindo-a a se levantar do banco alto, guiando-a para si até que seus corpos se encostassem. Ela jogou o braço da mulher para trás do seu pescoço, a segurou forte pela cintura, sorriu depois de olhá-la nos olhos e a beijou intensamente.

Nesse momento as pessoas que estavam na lanchonete se viraram para olhar, inclusive algumas que estavam do lado de fora também. O rapaz que estava com Maria Clara na lateral da lanchonete, apontou para o lado de dentro do vidro mostrando o beijão que estava rolando lá, então ela soube imediatamente que era a sua irmã e o que ela estava fazendo, já que não era a primeira vez que isso acontecia.

Maria Clara correu pelo entorno da lanchonete para entrar logo e parar o plano de Amanda.

"Minha nossa!", Marjorie pronunciou ofegante, ela se afastou um pouco da boca de Amanda com a intenção de respirar inclinando sua cabeça para trás, mas continuando com os seus corpos colados. Amanda não quis saber de pausa ou conversa, escorregando uma das mãos que atavam a cintura até a nuca de Marjorie a puxou de volta para mais um beijo atrevido.

Maria Clara chegou perto das duas, tinha uma expressão de desespero e raiva no rosto.

"Larga a minha namorada, agora!" ela disse.

Ladras de Beijos e Corações (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora