11 - FIQUEI COM A FRANCESA

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"À pessoa mais incrível que conheci nos últimos tempos, espero que você sempre esteja por perto, amei sua companhia. Beijos de Natalie Jean Berger."

"Olha... hum, legal, mas o que tem de mais nessa dedicatória?" Clara perguntou.

"O quê? Quem?" Amanda perguntou espantada "Repete, por favor!".

"Não estou entendendo gente, o que houve? Podem me explicar?" Clara pediu confusa.

"Pois é, eu também não entendi na hora." Continuou Deise. "Minha ficha caiu quando eu perguntei onde estava o autógrafo e ela me mandou ver o nome do autor do livro, quando olhei, vi escrito 'por N. J. Berger', ela é a autora."

"Caramba, Deise! Eu sou fã dessa mulher, já li todos os livros dela, com exceção do último." Amanda estava completamente pasma.

"Ela é tão famosa assim?" Marjorie perguntou e Amanda semicerrou os olhos para ela. "Desculpa, só tenho tempo para leitura institucional administrativa e da área de medicina." Se justificou erguendo as mãos em sinal de rendição.

"Ela é simplesmente a maior e mais jovem autora de literatura fictícia europeia da atualidade, esse livro que foi lançado é o terceiro de uma série fantástica que eu estou louca para ler." Amanda respondeu.

"Minha nossa, Deise, que incrível! Mas e você? o que achou?" Marjorie perguntou.

"O que vocês acham? Eu adorei gente, fiquei tão surpresa. Naquele dia que eu estava na frente da vitrine e não vi quando ela se aproximou, ela falou que me viu olhando para o livro e ficou curiosa do motivo de eu estar ali tão concentrada com as mãos e a cabeça grudadas no vidro. Ela falou que tinha dado tantos autógrafos naquela tarde que preferiu não me dizer quem era para não ter que escrever mais nenhuma letra e só aceitou sair comigo porque estava faminta."

"Tô adorando essa história, continua. E depois?" Amanda perguntou.

"Depois o que?" Deise se fez de desentendida.

"Vai me fazer implorar? Conta o que mais aconteceu depois que ela te deu o livro no apartamento? Eu tô custando acreditar que você pegou a M. J. Berger, além dela ser rica e famosa, ela é muito atraente!"

"Amanda, às vezes nem parece que você tem graduação, mestrado e doutorado em literatura. Você as vezes fala cada coisa..." Clara falou dando um risinho de canto.

"Para o seu governo, eu só vou terminar o doutorado no final do ano." Falou à Clara se virando para Deise. "Agora responde a pergunta. O que vocês fizeram depois que ela te deu o livro?"

"Eu a admirei, a cada minuto ela parecia mais linda. O som que saía da sua boca ressoava em mim causando um efeito que eu nunca tinha experimentado. Era como se eu tivesse enxergando diferente agora, eu conseguia ver o contorno do seu pescoço, a sincronia perfeita das suas pernas a cada passo que dava, bunda e quadril. Eu acho até que o cheiro dela tinha cor e sabor. Fiquei completamente alterada."

"Tava doida para dar para ela." Amanda disse sem pudor. "Não julgo, para essa mulher até eu." falou e recebeu um empurrão da irmã.

"A coisa tá séria mesmo, Deise tá fazendo até poema agora." Clara comentou.

"Vocês não precisam saber de tudo, mesmo porque já sabem muito mais sobre esse assunto do que eu, mas preciso fazer um protesto."

"Protesto?" Clara perguntou.

"Estou muito brava com vocês! Porque não me disseram que poderia ser tão poético e visceral ao mesmo tempo ficar com uma mulher? Vocês não me prepararam para isso. Esse é o meu protesto." falou com um tom falso de irritação. "Eu estava completamente seduzida e envolvida. Quando ela falava, eu olhava para a sua boca querendo beijar, eu estava fora de mim, teve uma hora que ela colocou uma música para ouvirmos, quando veio na minha direção prendendo o cabelo para trás, vi seu pescoço nu me chamando para ele, esse foi o meu limite, eu precisava fazer alguma coisa ou enlouqueceria." falou serena fazendo as irmãs se exaltarem.

"E você fez algo?" Marjorie quis saber.

"Óbvio que sim. A segurei em meus braços e a beijei" Deu um sorriso como se estivesse revivendo o momento. "Liberando toda a vontade que estava sentindo de ter o gosto daquela boca na minha e ela me correspondeu de igual modo."

"Uhuuuu!" Amanda vibrou levantando os braços mais alto que podia fazendo as outras se assustarem. "Adorei isso! Mas e você sabia o que fazer?"

"Você esqueceu da linda italiana? Graças a ela eu sabia exatamente o que fazer, ela foi uma excelente professora e aquelas semanas com ela foram muito bem aproveitadas." Respondeu. "Apesar de que com a ansiedade eu achei que ia esquecer de tudo, mas depois relaxei e deixei as coisas fluírem. No fim deu tudo certo."

"Quer dizer então que você gostou de ficar com a francesa?" Clara perguntou.

"Eu adorei! Deu tudo certo, a nossa sintonia estava perfeita, passamos a noite inteira juntas e amanhecemos com os braços e pernas entrelaçados."

"Sapatão emocionada mesmo." Amanda comentou sínica. "A primeira vez que dá para a mulher, já acorda de conchinha."

"Que grosseira você é, Amanda." Protestou, mas a irmã deu de ombros. "Não foi planejado eu dormir lá, sabia que não seria legal já que fazia pouco tempo que nos conhecíamos, mas simplesmente aconteceu." Deise falou e foi perceptível o tom de tristeza na sua voz.

"Há algo mais, Deise?" Clara perguntou. "Quer nos contar alguma coisa?"

"Tudo dentro da normalidade, para pessoas normais, mas vocês sabem como eu sou, não é?" perguntou com ironia, se queixando de ser tão intensa sentimentalmente.

"Estamos aqui, irmã." Amanda falou passando a mão delicadamente pelas costas dela de forma reconfortante

"É que..." Continuou. "Ela é famosa, gente. É isso. De manhã tivemos um ótimo momento juntas até que ela precisou sair para mais uma festa de lançamento na mesma cidade em que estávamos, a noite ela voltou e nos encontramos novamente, no dia seguinte ela viajou para outro estado e passou dias fora, voltou por um dia apenas, ficamos nesse dia também e viajou novamente para o lançamento do livro em outros idiomas e eu não a vi mais."

"Você ficou mal com isso?" Marjorie perguntou.

"Eu não vi que estava me envolvendo tanto até que percebi o quanto de falta ela me fazia e o pior é que nem conversamos sobre isso, sobre nada disso. Não tinha a mínima ideia se tinha chance de ser correspondida."

"Porra, Deise." Amanda proferiu em lamentação.

"Pois é, agora estou eu aqui do outro lado do oceano com uma tremenda dor de cotovelo que acho que nunca vai ser curada."

"E vocês não se falaram mais por e-mail, mensagem, telefonema, pombo correio nem nada?" Amanda perguntou.

"Sim, trocávamos algumas mensagens. De vez em quando ela me mandava fotos suas nos lugares onde estava, sempre muito gentil, mas posso falar uma coisa com sinceridade?" Deise continuou. "Eu acho que aconteceu o que sempre acontece, me apaixonei sozinha. E essa cara aqui..." ela falou apontando para si mesma. "Não é só de tristeza não, eu tô muito brava comigo mesma. Não é possível que a mesma coisa sempre acontece comigo."

"Há quanto tempo você não a vê?" Marjorie perguntou.

"Há quase duas semanas. Resolvi não esperar mais, mesmo porque não tínhamos nenhum compromisso." Deise falou depois de suspirar. "Peguei o avião para casa e aqui estou eu."

"Poxa Deise, nós sentimos muito. Pelo menos agora você tem as irmãs para abraçar quando ficar triste." Clara falou chamando ela com as mãos.

Deise sorriu discretamente e se deixou cair deitando no colo das irmãs que estavam sentadas no sofá.

"Obrigada gente, tudo é tão mais leve com vocês."

"Sentimos sua falta." Amanda e Clara falaram ao mesmo tempo arrancando sorrisos de Marjorie.

"Que lindo, Meninas Superpoderosas." Marjorie falou divertida com fofura das trigêmeas.

"Ah, você percebeu?" Clara perguntou sorrindo enquanto recebia carinhos de Deise. "Nos chamamos assim só quando estamos em família."

"Ei, cunhada." Amanda falou chamando a atenção dela. "Não me chame de Florzinha na frente de ninguém, por favor? Acabaria com a minha reputação."

As gêmeas estavam se sentindo muito bem juntas e passaram a tarde colocando a conversa em dia.


Ladras de Beijos e Corações (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora