7 - SEGREDOS

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Deise era muito simpática e falante, ela tratou logo de quebrar o gelo para que Marjorie não ficasse mais tão tensa.

"Sabe que eu tava muito a fim de te conhecer?" Falou enquanto se voltava para o suco que estava fazendo. "Sério, eu realmente queria conhecer a garota que fez minha irmã sossegar, não fala para ela que te contei, mas Lindinha era a versão feminina de Don Juan. É um prazer te conhecer".

"É um prazer para mim também." Marjorie respondeu ainda meio acanhada.

"Tá bom meninas, só quero saber quem vai contar o que aconteceu aqui para a Clarita" Falou Amanda.

"Até parece que você não está com essa sua língua coçando para falar, Amanda, então vá em frente." disse dando de ombros, se voltou para Marjorie falando com ela tranquilamente. "Não esquenta com isso, tá?"

Elas tomaram café da manhã juntas e conversaram muito, Deise contou sobre suas aventuras na Europa, os trabalhos que fez, as pessoas e lugares que conheceu, alguns romances que viveu.

"E mais o que?" Perguntou Amanda.

As trigêmeas se conheciam muito bem, só de olhar uma sabia se a outra estava escondendo alguma coisa.

"Mais muitas outras coisas, Florzinha. É um ano de história, não dá para contar tudo numa manhã."

"Uhum, vamos Docinho, pode soltar, é bom ou ruim?" Falou Amanda colocando os cotovelos no balcão e apoiando o queixo sobre os nós das mãos entrelaçadas.

"Você está sendo paranoica, sabe disso não é?"

"Conversa fiada, vai fala logo! Esqueceu que eu te conheço desde o ventre? Não vai pensando que essa carinha de bebê chorão vai me enrolar." Falou Amanda elevando o tom de voz, batendo com a mão no balcão.

Marjorie arregalou os olhos assustada, sem entender o que estava acontecendo. Ela não sabia que as irmãs eram tão intensas quando discutiam, quer dizer, a maior parte da intensidade sempre vinha de Amanda, para o bem ou para o mal.

"Meninas, o que é isso? Devo ligar para a Clara?' Marjorie perguntou com o tom meio desesperado.

"Opa! Desculpa, Marjorie, a gente sempre briga, mas não existe violência entre as irmãs. Sinto muito ter assustado você." Amanda esclareceu.

"Tudo bem, vocês me assustaram mesmo." Confessou.

Por algum motivo Amanda ficou calada e estava visivelmente chateada, ela sabia que Deise escondia algo e isso a perturbava. Deise percebeu a angústia da irmã e finalmente falou.

"Tá bom, você tá certa. Eu tenho algo para contar."

"Isso eu sei, filha, e você sabe que eu sei. Agora desembucha!"

"Só para você mudar essa cara eu vou dizer que não é nada ruim, juro."

"Ai, que bom." Suspirou Amanda com a mão no peito.

"É uma coisa boa e não se preocupe, eu vou contar tudo, só tenha paciência e espere Clara chegar."

"Tá bom então, eu espero." Amanda continuou a falar com os olhos marejados. "Eu pensei que você ia morrer sabia? Sei lá, vai que você tivesse com um problema cardíaco terminal, ou de repente você tivesse matado alguém lá na Europa e estivesse foragida, ou vai que estivesse grávida de um hippie holandês que te deu um pé na bunda, ou..."

Amanda não chegou a completar a frase quando recebeu um grande abraço da sua irmã e muitos beijos, aliás, Deise era a maior beijoqueira da família.

"Eu também estava com muita saudade de você. Prometo que nunca mais ficaremos tanto tempo separadas."

Diante de tudo o que estava acontecendo, Marjorie assistia encantada como as irmãs se relacionavam. Quando olharam para ela, a viram emocionada então elas a estenderam os braços a convidando para o abraço, ela se juntou a elas.

"Tá bom, já chega! Prefiro sorrir do que chorar. O que vocês acham de fazermos um almoço para Clara?" Deise sugeriu.

As outras duas concordaram e começaram a fazer o almoço para a irmã que chegaria do trabalho em algumas horas. Elas resolveram fazer uma macarronada com bastante queijo e suco de caju que Clara tanto amava, aliás, apenas Deise e Marjorie trabalharam porque Amanda só fazia perturbar a paz e beliscar a panela.

Ladras de Beijos e Corações (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora