Eu não faço a menor ideia de quanto tempo estou dentro desse quarto, e por pior que seja, tenho desconfianças de que algo aconteceu a Hyunwoo, ele me fez muito mal, mas eu não posso desejar o mesmo a ele, seria muita crueldade da minha parte. Desde o dia em que aquele inferno aconteceu, hoje é o único que eu me sinto um pouco melhor, apesar da fome, graças a isso, obrigo meu corpo a levantar da cama, o cheiro desagradável invade meu olfato, eu não poderia esperar nada diferente, visto que passei um dos piores momentos aqui. Manco até a sala, me segurando em alguns lugares para evitar minha queda e, de fato, estou sozinho. A sala está revirada, mas não é isso que me interessa, não sei se posso aguentar caminhar até a porta dessa casa sem comer algo, isso afeta meu raciocínio e me causa vertigens, escolho seguir até a cozinha, melhor prevenir uma queda do que remediar. Talvez a cozinha esteja pior do que a sala, considerando os restos de comida podre espalhadas pelo local e pelos bichos que tentam se alimentar delas, então sim, à cozinha está em pior estado, mas o importante é achar algo para comer.
Não me apresso tanto em sair daqui, por tantos dias que fiquei preso aquela cama, mesmo sem ter nenhum objeto me prendendo, e Hyunwoo ter simplesmente desaparecido, não vai ser justo hoje que ele irá aparecer. Abro os armários e caço algum enlatado, jogando muita coisa no chão, inclusive os ratos e baratas que saem de dentro. Vou em direcção à geladeira, o cheiro de podre me acerta como um soco, e lá dentro, entre as comidas estragadas, encontro dois pacotes de bolinho, pego eles rapidamente e volto a fechar a porta do eletrodoméstico, me jogo no chão sem aguentar a tontura que me acerta, até pior do que o cheiro fétido. Minhas mãos trêmulas tentam abrir o pacote, sem sucesso, trago ele até minha boca e rasgo o pacote com os dentes. Eu sei que não está estragado, vai servir ao menos para me manter de pé por mais tempo, não é o que meu corpo necessita no momento, mas o que tenho e, é o que me trás a sensação de satisfação ilusória.
Não posso mais ficar aqui, Hyunwoo sumiu, se é que já não está morto. Não posso estar aqui quando acharem esse lugar. — penso, tentando tramar algo.
Primeiramente, tenho que saber onde estou, ergo meu corpo do chão, seguindo para fora da pequena cozinha e indo em direção à porta, esta que obviamente está trancada, eu não poderia esperar nada diferente de Hyunwoo. Procuro algo afiado, como um prego e um garfo, envergo ambos e os posiciono para lados opostos dentro da tranca, girando assim como uma chave, o alívio bate forte quando ouço o barulho da trava ser aberta. Largo os objetos no chão e abro a porta, quase fico cego com a claridade, mas me obrigo a suportá-la.
Vamos lá, Hyungwon, por Hoseok. — preciso encontrá-lo, mesmo que seja arriscado, Hyunwoo pode voltar, e quando não me encontrar -se é que ele está vivo-, vai entrar em contato com os outros e Hoseok pode ser morto, eu não vou permitir isso.
Eu não conheço o lugar onde estou, é um condomínio fechado, de luxo, a rua é limpa e bem arrumada, além de estar vazia. Caminho mancando para o que considero ser a saída, mas certamente o porteiro não vai me deixar passar, tenho que encontrar outro jeito. Olho ao redor, notando os muros altos, as cercas elétricas e as câmeras. Ok, eu preciso pensar um pouco, não dá pra agir por impulso…
Carro!
Vejo alguns, mas um me chama a atenção, o homem de meia-idade se prepara para embarcar em uma viagem, após abaixar o porta-malas. Espero que ele entre em casa novamente, para só então avançar, há apenas uma mala, a qual eu posso aturar durante a viagem. Chegou ela para o canto e me encolho ao lado dela, ao entrar no porta-malas e fechá-lo.
Ok, vai dar tudo certo. É só esperar. — o compartimento é abafado, mas dá pra suportar, claro que dá, espero que o pior já tenha passado…

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¡Hero {CHW/ SHS}
FanfictionComo viver numa sociedade que nos julga a cada suspiro? Ele queria gritar, se libertar, mas perdia as forças longe de Shin Hoseok. Baseado em fatos reais. Capa feita pela minha irmãzinha: @taemonet