¡Hero {CHW/ SHS}

*02*

Estudo um pouco os exercícios atrasados e apago sem conseguir segurar o sono. Acordo na madrugada com a porta do meu quarto praticamente sendo arrombada, levanto e abro ela enquanto meu pai vem pra cima de mim, oh não de novo não!

Dou alguns passos pra trás enquanto meu coração se debate de medo dentro do meu peito. Abro a porta do banheiro e quando faço menção de entrar, ele entra e eu ligo o chuveiro para tirar o álcool desse homem. Ele me puxa querendo me usar como das outras vezes e eu me solto dele ouvindo seu resmungar, abraço meu próprio corpo.

Não tenho mais o que pensar e muito menos sentir, já tive minha fase de não aceitação, já tentei me jogar da janela e até mesmo do prédio da escola, mas nada disso adiantaria, é ilusão achar que isso mudaria um dia, e por mais que eu alimente ela, sei que estou errado.

Tiro ele do banho e levo pro quarto, troco suas roupas e pobre do Hyungwon que pensa ter deixado esse homem sóbrio, ele me puxa pra cama, tento me soltar dele com o coração acelerado lutando, sou agredido e... violentado como tantas e tantas vezes...

Abro os olhos sentindo meu corpo doer, estou no chão, encolhido, reúno minhas forças pra levantar sentindo meus ossos deslocados, mais uma vez fui usado, mais uma vez fui agredido e forçado à fazer algo que eu não queria. Vou pro meu quarto tentar tirar um pouco da imundice que ficou em meu corpo, sinto a água cair em meu corpo e só então me permitindo chorar, abraço meu próprio corpo enquanto vejo o sangue escorrer entre minhas pernas e ir pro ralo sendo levado pela água, fecho os olhos com força pedindo mentalmente que essa dor passasse.

Grito. Berro. Soco a parede e me debato dentro do box, mas o que há de errado comigo? Porque logo eu? Porque essa dor me persegue? Que tipo de monstro me tornei?

-O que está havendo aí dentro? - ouço meu pai chamar mas pouco me fodo em responder, eu estou farto de ter que ser "sua mulher" quando precisa usar meu corpo e realizar suas nojentas fantasias sádicas, estou farto de aguentar tudo calado, farto de tudo... inclusive da minha desgraçada vida, só quero sumir - Hyungwon?! Responda!

-DEIXE-ME EM PAZ!- grito com as incontroláveis lágrimas escorrendo por meu rosto, vejo que minha porta é aberta...
eu havia me esquecido de trancá-la...

Me encolho no chão novamente depois de vê-lo retirar o cinto e o direcionar em minha direção

1... 2... 3... 4... 5... 6 vezes, o ato se repete com pontapés e socos, tento me defender mas só consigo perder a consciência.

Aperto o lençol da cama ainda de olhos fechados sentindo minha pele rasgada e dolorida, abro meus olhos com dificuldade pela bola que eles se formaram com a agressão, estou só em meu quarto, olho pro meu criado-mudo e ali está ela... sorrindo convidativa pra mim, pego o objeto amolado e passo em minha pele sentindo finalmente a dor externa se encontrar com a interna, a sensação... é única, isso é muito melhor e sem dúvidas, muito pior do que qualquer droga, sorrio suspirando e deixo que o líquido vermelho caia livremente de meu braço até tocar o chão e assim se formar uma pequena poça de sangue. Hoje não tive condições de ir a escola mas de qualquer forma... ninguém se importa, se fui ou não, esse é um dos menores problemas, minha falta naquele ambiente sempre é nula. O efeito anestesiante começa a cessar me fazendo sentir aquela dor novamente, não vá, não me deixe sofrendo... eu preciso...

Pego o objeto novamente e preencho o espaço que agora dá lugar a cicatrizes, corto voltando a sentir e finalmente me permito relaxar sobre a cama contente pela primeira vez na semana, dormir sem dores ou pesos é tudo que preciso, me imagino em meio a um enorme jardim com orquídeas, girassóis, tulipas e diversas flores extremamente lindas que me encantam, minha mãe amava flores e me ensinou a nutrir o mesmo sentimentos por elas... seu sorriso era o mais lindo ao se deparar com o jardim maravilhoso na primavera, sorriso do qual sinto uma tremenda falta e por minha culpa não o verei mais.