Oito

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Chegamos a garagem e fomos recepcionados pelo senhor Enrique acompanhado por uma senhora de cabelos negros com um sorriso cheio de dentes, aquele sorriso me deu um frio na espinha.

— estava ansiosa em te conhecer - a senhora me abraçou delicadamente e se afastou sorrindo, me pergunto como as bochechas dela não ficavam dormentes — O Enrique me falou de você, estou muito feliz que esteja entrando para a família.

— mãe para - Alfonso disse cansado, ele aparentava está tão mal quanto eu — só estamos nós aqui não precisa fingir nada, você sabe muito bem que a Annie não é a minha namorada - o sorriso morreu nos lábios da senhora.

— quem tem que parar é você, trate de agir como se ela fosse a única mulher do universo para você, seu pai não terá outra oportunidade do partido então trate de fazer todos acreditarem nisso - ele rolou os olhos xingando baixinho e o sorriso voltou aos lábios dela, aquilo era terrivelmente assustador — agora vamos.

Os pais deles entraram no primeiro carro, Alfonso destrava o seu carro em seguida a Angelique e Fernanda entram rapidamente e se sentam no banco traseiro, então só me restava sentar no banco ao lado dele. Respiro fundo abro a porta do carro e me sento, logo ele entrou e deu a partida sem falar uma palavra, o silêncio no carro era terrivelmente absoluto.

Angelique tenta quebrar o silêncio puxando assunto com o Alfonso pedindo a ele colocar uma música, quando eu sinto o meu celular vibrar anunciando que uma mensagem havia acabado de chegar, desbloqueio o celular e clico na notificação, indo para a mensagem do Christopher.

"Te liguei várias vezes, mas você não atendeu, aconteceu alguma coisa?"

Eu estou me sentindo ainda pior lendo essa mensagem dele, estou agindo de forma egoísta demais pensando apenas em mim e nessa realidade bagunçada na qual estou, me esqueci completamente dele e como ele deve está se sentindo.

"Me desculpe, aconteceram algumas coisas chatas aqui, mas eu estou bem não se preocupe, te amo"

É apenas o que consigo dizer a ele, bloqueio o celular e ignoro as outras mensagens, cada vez que o meu celular vibrava sentia uma pontada no peito, não posso chorar, eu não posso chorar!

— Anahí! - me sobressalto com o grito da Angelique - vamos cantar juntas eu amo essa parte Under a trillion stars we danced on top of cars - ela não cantava, ela gritava juntamente com a Fernanda, Alfonso me encarou negando com a cabeça e sorrindo levemente.

— vocês estão destruindo a música! - ele se pronuncia sorrindo logo depois, sorrio fraco e abaixo a cabeça pelo menos o clima estava ficando mais leve.

Ao chegarmos ao evento a Angelique e a Fernanda ficaram próximas ao Enrique e a esposa dele, eu e o Alfonso ficamos um pouco atrás, ele pegou duas taças de champanhe e me entregou uma.

— é impossível suportar essas festas totalmente sóbrio, acredite - disse tomando um pouco do champanhe em seguida, fiz o mesmo quando o pai dele nos chamou e fomos apresentados a muitas pessoas, meu rosto estava doendo em ter que sorrir para cada um que se aproximava, até que um senhor de cabelos brancos se aproxima.

— este é o meu filho e a namorada dele - o senhor de cabelos brancos sorriu para nós dois e apertou a minha mão depois a do Alfonso.

— formam um lindo casal, ela parece uma menininha - poderia tá ficando maluca mas sentir uma certa malícia naquela última frase dele e o olhar dele sobre mim, me deixou incomodada — parabéns meu rapaz - O Alfonso sorriu torto e me abraçou pela cintura até o senhor sair.

— desculpa ter te abraçado, mas não gostei da forma que ele olhou para você - disse fazendo uma careta de leve e tomando o restante do champanhe.

— Alfonso devagar com o álcool e com os seus comentários - o pai dele falou enquanto sorria e acenava para um casal que se aproximava.

Em resposta ele colocou a taça vazia na primeira bandeja que passou e pegou outra, eu estava me sentindo literalmente como um peixe fora da água, aquele senhor não parava de me encarar mesmo distante e tinha que sorrir a cada pessoa que se aproximava, desconfortável é pouco para o que estou sentindo.

— eu preciso ir ao banheiro - entreguei a minha taça a ele que despejou o líquido na taça dele, estava realmente querendo ficar bêbado e saio a procura do banheiro, respiro aliviada quando o encontro.

Felizmente o banheiro estava vazio, me olhei no espelho a vontade que tinha era de gritar bem alto ou de quebrar alguma coisa para ter certeza que tudo aquilo era real e não um terrível pesadelo. Fecho os olhos, respiro fundo, conto até dez e me olho no espelho novamente, não poderia ficar ali a noite toda, mas deveria ter ficado pois aquele senhor estava na porta do banheiro quando sair.

— a senhorita está passando bem? - diz se aproximando e passando a mão no braço, me afasto rapidamente — não precisa ter medo de mim, eu posso te dar muito mais do que aquele rapaz ali - ele aponta para o Alfonso que estava bebendo mais uma taça de champanhe.

— eu preciso ir, o meu namorado está me esperando - tentei sair, mas ele me puxou pelo braço.

— quanto você quer para passar a noite comigo? - me pressionando contra a parede, ele segura o meu rosto com a mão e a outra ainda segurava o meu braço que estava doendo devido a força dele, que se aproxima do meu ouvido direito — te pago o preço que você pedir - tento me soltar mas não consigo de primeira, então impulsiono todo o meu peso contra ele que bate as costas na parede e me xinga.

— guarde o seu dinheiro para a polícia federal - todo o meu corpo estava tremendo, um nó se formou em minha garganta, senti as lágrimas chegarem, mas não podia chorar, não ali, quando me aproximo do Alfonso ele me encara confuso.

— aconteceu alguma coisa? - nego com a cabeça se eu falasse acabaria chorando e não sei qual seria a reação dele, ele abriu a boca para falar algo, mas um fotógrafo se aproximou.

— posso fotografar esta linda família? - o seu Enrique concordou e tive que me transformar numa ótima atriz sorrindo para a câmera por mais que meu corpo estivesse tremendo.

*Trecho da música Wings - Birdy

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