Fernanda se agacha ao meu lado e me cobre com o seu casaco, aquela noite estava sendo a pior da minha vida, fui abusada, desrespeitada, violada e meu namorado estava num hospital, meu coração doía e não conseguia levantar do chão.
— vamos Annie, precisamos ir - permito que ela me ajude a levantar e vamos até o seu carro, o caminho até o hospital demorou mais que o esperado, o engarrafamento estava horrível e estava prestes a sair do carro e ir andando.
Ao chegar ao hospital saio do carro e saio correndo até a recepção com a Fernanda logo atrás, estava prestes a ter um ataque por não me informarem nada e não me deixarem passar.
— se acalme - Fernanda me senta numa cadeira e pega o celular — meu amor, não estão nos deixando passar! - ouço a voz da Angelique sair estridente do aparelho.
— eu coloquei os nomes de vocês duas na lista, coloque a recepcionista para falar comigo! - a recepcionista nos encarava séria, certamente a Angelique estava bradando com ela, após alguns minutos ela devolve o telefone a Fernanda e nos dirige um "podem entrar, terceiro andar, ala b, apartamento 304" bem a contra gosto.
Fecho o casaco completamente, ao notar o meu reflexo na parede do elevador, respiro fundo, meu rosto estava com hematomas nas bochechas, meus olhos inchados e os cabelos em total desordem. Ao adentrar no quarto os pais dele estavam sentados num sofá próximo à porta, fuzilo a Selma com os olhos ao adentrar, ela ficou pálida ao notar a minha presença, respirei fundo para não fazer uma cena e fui até o Alfonso que estava deitado na cama com a Angelique sentada numa cadeira ao lado dele.
— ele está bem? - pergunto ao me aproximar, noto que ele estava com um curativo na testa e o braço esquerdo imobilizado.
— eu ainda posso falar - ouvir a voz dele foi um alívio enorme e o abraço desabando novamente no choro — eu disse que vaso ruim não quebra fácil - sorrindo fraco, a voz dele estava abatida, mas ainda assim era um alívio escutá-la, estava desenhando os piores quadros em minha cabeça.
— eu pensei... - nego com a cabeça, não era o momento para as minhas inseguranças — eu te amo muito - selo os meus lábios nos dele.
— Alfonso precisamos ir, já está tarde e você precisa descansar - a mãe dele diz se aproximando e deposita um beijo na testa dele — tenha uma boa noite meu filho, meninas cuidem bem dele, especialmente você Anahí, já que a culpa dele estar nesta cama é sua - engulo o seco, queria esbofetear a cara daquela mulher até desfigurar a tal ponto de ficar irreconhecível.
— mãe por favor, eu quem me distrair enquanto dirigia a Anahí não tem nada haver com isso - ela sorri para ele, aquele sorriso medonho cheio de dentes.
— se tem alguém aqui neste quarto que tem culpa de tudo que aconteceu hoje é a senhora - digo e todos me olham surpresos, a minha vontade era despejar tudo ali mesmo, mas não era o momento, ela sorriu para mim pegando a bolsa de cima da cama dele negando com a cabeça.
— querida Anahí, sugiro que diminua o seu ritmo de trabalho, está afetando a sua sanidade mental, eu jamais colocaria a vida do meu filho em risco - se retirando da sala, observo a confusão nos olhos do senhor Enrique, pela primeira vez sentir que ele estava totalmente alheio ao acontecido.
— tenham uma boa noite - ele se retira logo em seguida e a Fernanda solta um assobio.
— hoje o pau quebra - Angelique a repreende com os olhos, apontando o Alfonso com a cabeça.
— não sou nenhuma criança Angelique, alguém vai me explicar o que está acontecendo aqui? - ele dirige o olhar para mim e abaixo a cabeça — Annie venha aqui - me aproximo relutante dele, respiro fundo ao sentir a mão direita dele afastar os meus cabelos e xinga — quem fez isso com você?
— isso não tem importância agora, depois conversamos - ele nega com a cabeça e tenta se levantar mas fica tonto e volta a se deitar, soltando um suspiro frustrado.
Antes que ele começasse a falar qualquer coisa vou ao banheiro, não iria discutir com ele naquelas condições, ele estava debilitado e jogar tudo no colo dele estava fora de cogitação, encaro o espelho e o que vejo é uma versão bem pior que a do elevador, abro a jaqueta devagar precisava ter noção do estrago que foi feito, engulo o seco ao notar que o meu colo estava repleto de hematomas, retiro o resto da camiseta e a jogo no lixo, abro a torneira, lavo o meu rosto e meu colo, seco com papel toalha e visto a jaqueta novamente, mas quando retorno as meninas haviam saído e ele estava sozinho deitado na cama com a cabeceira levantada.
— não me pergunte nada, depois nós conversamos - digo enquanto me aproximava da cama, ele bate levemente com mão na cama e me sento.
— foi ele não foi? - engulo o seco e fecho os olhos ao sentir os dedos dele tocarem levemente na minha bochecha — Annie você não pode se calar, você precisa ir a uma delegacia denunciar, eu não posso ir com você, mas a Angelique e a Nanda podem - nego com a cabeça e me deito ao lado dele.
— só quero que me abrace por favor - sinto o braço direito dele envolver o meu corpo e as lágrimas lavam o meu rosto, pela primeira vez naquela noite me sentir segura, meu corpo estava pesado, minhas pálpebras estavam pesadas, acabei vencida pelo sono, mas meu subconsciente foi tomado pelos pesadelos.
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Meus parabéns a HittenyOficial, muitas felicidades, e seja bem vinda ^^.
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Oasis [Ponny]
FanfictionApós concluir a graduação em fisioterapia, Anahí se muda para a cidade de São Paulo para cursar residência em neurologia num hospital público. Tendo que morar numa residência com mais três pessoas, se ver presa numa grande trama política tornando-s...