Vinte e Quatro

436 43 12
                                    

No sábado fomos "convidados" para almoçar na casa dos pais deles, sabia que aquilo não iria se tratar apenas de um almoço, pois apenas eu e o Alfonso fomos convocados, Angelique e Fernanda estavam fora desta viagem, ah como queria estar na mesma situação delas. A viagem seria no domingo pela manhã, já havia arrumado a minha sacola de viagem com as coisas que iria precisar e saio às 11:20 do quarto, o Alfonso já estava me esperando na sala e saímos juntos para o almoço. 

— está nervosa? - ele diz assim que para o carro em frente à casa, que mesmo sendo branca e tendo um jardim impecável, me intimidava, respondo apenas concordando com a cabeça o fazendo rir fraco. 

Após alguns minutos que entramos, nos sentamos à mesa para almoçar, aquela cena era no mínimo bizarra, a mesa era enorme e apenas quatro pessoas almoçavam e em absoluto silêncio, assim que finalizamos a refeição fomos levados ao escritório, nos sentamos nas poltronas de frente à mesa onde se sentava o senhor Enrique. 

— Decidi levar vocês dois nesta viagem comigo pois aquela mulherzinha andou comentando um monte de coisa interligada no twitter e tem muita gente comentando e especulando sobre o relacionamento de vocês - engoli o seco, sempre a Cláudia. 

— se chama 'thread' pai e nem uma criança iria acreditar naquilo - o Alfonso se pronunciou, mas pelo olhar do seu pai tinha muita gente acreditando naquilo. 

— que seja, mas se viu os comentários também viu que isto vem se espalhando na internet como uma praga, afinal tudo conta a favor do que ela diz, nenhuma foto de vocês juntos nas redes sociais, apenas em sites oficias, enquanto ela tem várias com o senhor seu Alfonso, Anahí para que estou te pagando mesmo? - respiro fundo e levanto a cabeça para o encarar.

— o senhor não está me "pagando" para nada, está me chantageando para fingir ser a namorada do Alfonso - o Enrique deu um sorriso de desdém e acendeu um cigarro. 

— use o nome que quiser, mas nesta viagem vocês terão que calar ela de uma vez por todas - Alfonso bufou e o interrompeu.

— então por que não derruba o perfil dela? Não é fácil para você fazer isso? - o pai dele soprou a fumaça e apontou o dedo para ele. 

— aquela cobra já deixou em aviso se isto acontecer teria sido por mim, então só iria alimentar ainda mais esta situação, então como iria dizendo, na noite de terça feira contratei um paparazzo para filmar um momento íntimo de vocês - não consigo me controlar, aquilo é absurdo demais e largo um "o que?" alto demais, quase um grito. 

— pai, ficou maluco? Não irei transar com a Annie com alguém filmando! - ele falou com raiva e o pai levantou a mão direita acenando negativamente. 

— isto seria descabido Alfonso! Iria manchar a minha candidatura, só digo para agir como um casal bastante romântico, mas que seja convincente, preciso derrubar aquela militantezinha antes que ela consiga arruinar a minha candidatura - ele nos passa os detalhes de como tudo iria acontecer, onde estaria o paparazzo e não devíamos em hipótese alguma olhar na direção dele, pois notaria logo que se tratava de algo falso, teria que arrancar qualquer gota de talento para atuação de dentro de mim e o Alfonso não estava numa situação diferente.

Quando chegamos à casa do prefeito da cidade de Sorocaba no domingo, agradeci mentalmente por não encontrar o presidente do partido, ele iria chegar apenas no dia seguinte, isto me daria pelo menos mais 24hrs de tranquilidade, subimos e ficamos no quarto, enquanto eu lia deitada na cama no e-reader o livro O Sol é Para Todos - Harper lee, o Alfonso estava sentado no chão encostado na porta de vidro que dava para uma enorme sacada um livro sobre direito criminalista. 

Passar muito tempo no quarto foi a forma que achamos para não termos que encarar muito os olhares curiosos de todos da casa, o seu Enrique tinha razão muita gente nos olhava com uma certa dúvida no olhar, aposto que estavam doidos para perguntar se o nosso relacionamento era verdadeiro ou não. Na manhã seguinte acordamos cedo e fomos a uma inauguração de uma creche, o sol estava bastante quente e haviam muitas crianças acompanhadas dos pais, a cobertura colocada no pátio não estava dando conta no calor. 

Estava de pé agarrada ao braço do Alfonso no final do pequeno palco improvisado, os discursos pareciam que não acabariam nunca, estava ficando com dor de cabeça, como se nada disso bastasse o presidente do partido que apenas hoje descobrir o nome Astolfo Rodrigues, não parava de me olhar, meus dedos apertavam com tanta força o braço esquerdo do Alfonso que eu duvidava muito que não ficariam marcas. 

Quando ele começou a discursar eu poderia sentir meu estômago revirando de tanto nojo que estava sentindo em ouvir a voz dele, voltei a minha atenção para as pessoas que estavam à frente, uma mãe tentava segurar um bebê, enquanto um menino que aparentava ter uns dois anos chorava segurando a perna dela, nem a criança gostava da voz daquele cretino, quando ele termina o discurso se vira na minha direção, provavelmente iria nos "cumprimentar", solto o braço do Alfonso e desço do palco indo em encontro aquela mãe.

— Olá eu sou a Anahí, precisa de ajuda? - ela me olha incerta, porém concorda com a cabeça e me entrega o bebê que estava segurando e pega o menino no colo.

— acredito que ele esteja com fome - disse uma senhora com um uniforme da creche — se quiserem posso levá-las a uma sala vazia - concordamos e a acompanhamos, assim que chegamos a sala ela se senta numa cadeira para alimentar a criança e Alfonso chega logo depois. 

— me desculpe, mas não poderia ficar lá e cumprimentar aquele homem - ele nega com a cabeça e a senhora a encara confusa. 

— fique tranquila, meu pai compreendeu a sua atitude - concordo com a cabeça ninando o bebê no meu colo — você tem jeito para crianças - ele se aproxima incerto e faz um carinho na cabeça da criança.

Oasis [Ponny]Onde histórias criam vida. Descubra agora