Dezoito

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O Christopher beija a minha cabeça, respiro profundamente e decido que deveria falar tudo o que estava acontecendo, o quanto eu estava confusa, quando ouço batidinhas na porta e logo em seguida ela se abre, era a Fernanda.

— o Alfonso e eu vamos ao mercado comprar algumas coisinhas que está faltando, vai precisar de alguma coisa? - nego com a cabeça me recompondo e ela fecha a porta, olho o Christopher nos olhos e ele estava me olhando com ansiedade, eu precisava sair daquele quarto.

— é eu esqueci que preciso de uma coisa - digo saindo do quarto correndo e desço as escadas, quando chego à garagem eles estavam saindo do elevador, eles me olharam na expectativa de eu falar alguma coisa, mas eu não sabia o que dizer — é... é... achocolatado - Fernanda franzi o cenho e o Alfonso segura a minha mão me trazendo de volta para a escadaria e fecha a porta.

— o que aconteceu? - engulo o seco e sorrio fraco para ele.

— nada, só preciso de achocolatado - ele sorri fraco passando a mão no cabelo.

— nós temos dois pacotes cheios na dispensa - mas que droga a minha situação só estava piorando, sorrio para ele para não notar o meu desespero.

— então me enganei, tchau - subo um degrau mas ele segura o meu braço, não acredito que sair de uma situação crítica e entrei em outra, parecia que eu estava brincando com os dois e a culpa estava me matando.

— fiz aquilo porque não suportaria ver vocês dois dormirem juntos, não quero que se sinta pressionada a escolher entre ele ou eu - apenas concordo com a cabeça sem o olhar — irei entender qualquer que seja a sua decisão só não minta para mim - ele beija a minha cabeça e sai da escada, ouço a porta da escadaria fechar e era como se um vazio tivesse tomado conta de mim.

Me sento no degrau e deixo as lágrimas finalmente caírem dos meus olhos, qualquer decisão que tomasse iria afetar completamente a minha vida, o peso da minha consciência só aumenta, preciso admitir para eu mesma o quanto o Alfonso mexe comigo.

Parecia que este sentimento estava preso dentro de mim lutando para sair, porém havia o Christopher, meu namorado, amigo e companheiro de muitos momentos, como pude permitir que outro homem entrasse em minha vida deste jeito? Como fui capaz de o trair? Não estava me reconhecendo é inacreditável o quanto as coisas mudaram e como eu mudei em apenas alguns meses.

Me recomponho e retorno ao apartamento, a Angelique conversava animadamente no sofá com o Christopher e a Dulce, vou ao banheiro e lavo o rosto, me sento na privada olhando para a parede, não poderia passar três dias sem tomar nenhuma atitude, não posso deixar ele ir para depois talvez falar tudo o que estou sentindo pela internet, não posso o machucar desta forma ele merecia muito mais que alguém pela metade, ele merecia mais que um término por telefone.

Sair do banheiro tentei agir normalmente, não quero estragar a viagem dele, no dia seguinte saímos e fomos até o parque Villa-Lobos fazer um piquenique, foi muito bom, estava precisando respirar um ar mais fresco e puro, o Alfonso estava mais distante, saia cedo, chegava tarde e se trancava no quarto, enquanto o Christopher não desgrudava de mim, cada coisa que ele fazia por mim parecia como se eu estivesse enfiando uma faca em suas costas.

No sábado a Dulce saiu com a Fernanda e a Angelique, foram para a 25 de março fazer compras, Alfonso saiu vestindo roupa formal bem cedo, estava à sós com o Christopher, aquele era o momento ideal para conversar com ele.

— Christopher, nós precisamos conversar... - digo me sentando no sofá ele estava assistindo TV, engulo o seco, como eu poderia ser capaz de explicar algo a ele sendo que nem eu entendia o que estava sentindo?

Ele me olha com uma expectativa enorme, eu precisava falar, não poderia deixar aquilo para depois, ele estaria indo embora amanhã pela manhã e falar tudo aquilo pela internet seria a pior coisa que faria na vida, respiro fundo, mas o meu celular toca.

— Annie o meu queridíssimo sogro acabou de nos ligar, teremos um jantar hoje, será um evento de caridade então nada de super produção - A Fernanda falava e ouço barulho de buzinas ao fundo e a Angelique xingando — O Alfonso daqui a pouco chega aí, já avisei a ele, teremos que chegar lá às 20hrs - ela desliga o telefonema sem me dá chances de falar nada, já se passavam das 18hrs elas estavam surtando.

Bloqueio a tela do celular e respiro fundo, pela primeira vez eu estava grata por estes eventos que sempre não tinham um aviso prévio, me sentir aliviada, mas ao mesmo tempo o sentimento de culpa crescia dentro de mim.

— então... o que precisamos conversar? - Christopher diz sorrindo fraco, sei que não teria mais como conversar aquilo com ele naquele momento e quando o Alfonso entra na sala tenho certeza absoluta daquilo.

— a Fernanda te ligou? - diz tirando a gravata, concordo com a cabeça e ele se retira da sala.

— o que está acontecendo? - eu estava em uma situação deplorável, aliviada por aquela ligação ter adiado a minha conversa com ele, ao mesmo tempo como poderia explicar que teria que sair para um evento juntamente do candidato a governador?

— é... eu terei que sair hoje à noite com a família deles - ele franzi o cenho — será um evento de caridade e prometi a Angelique que iria - droga, eu estava mentindo para ele e olhar a confusão no rosto dele estava me matando.

— está bem... - ele estava nitidamente desapontado, me levantei do sofá e fui tomar um banho para começar a me arrumar, estava terminando a maquiagem quando as meninas chegaram rompendo o silêncio que estava quase se materializando na casa.

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