— Está legal galera, acho melhor irmos embora está quase no horário de pico – Angelique passou entre nós dois abrindo espaço, ele arqueou as sobrancelhas pegando a minha mala do carrinho, não era possível que alguém tão bonito fosse tão antipático.
No carro foi um silêncio absoluto pelo menos da minha parte, Angelique conversava animadamente com Fernanda, enquanto o Alfonso colocou 'so happy together' dos Beatles no som do carro, eu amo os Beatles, mas esta música neste momento era uma piada de humor muito negro.
Encostei o rosto no vidro da janela do carro e fiquei pensando em como minha vida seria daqui para frente, mas logo algumas gotas de chuva desciam pelo vidro e toda minha atenção foi para elas, por uma graça divina não pensei em mais nada, só em guiar com os olhos aquelas gotas que desciam pelo vidro.
Ao chegar no apartamento eu analisei discretamente tudo, a sala era razoavelmente grande, sendo que a mesma era dividida em sala de estar, jantar e uma cozinha em conceito aberto sendo separada apenas por uma ilha. As paredes impecavelmente brancas, sofá branco, tapete branco, salvo a mesa de jantar, o rack que eram cor de madeira, os eletrodomésticos da cozinha que eram em inox e a pedra da ilha da cozinha que possuía uma cor escura.
Angelique me guiava animada pela casa como um guia turístico num museu, enquanto o Alfonso se jogou no sofá, tentei acompanhar o ritmo da Angelique a seguindo pelo corredor que levava aos quartos.
— Aqui todo mundo tem seu quarto, mas infelizmente temos acesso a apenas um banheiro – abrindo a porta do banheiro no centro do corredor — esta porta é do quarto do Alfonso, o único com banheiro - ela disse rolando os olhos e apontando para a porta com uma placa de carro um pouco enferrujada escrito "Sunshine Italy" com alguns números, apenas assenti — e essa é a do meu quarto – ela apontou para porta branca logo à frente a dele — e este é o seu – voltando um pouco e abrindo uma porta branca do quarto próximo a sala.
Não irei mentir, em minha cabeça eu só estava pensando: como assim vou ficar no quarto colado na sala? Espero que ninguém goste de tv com o volume estourando os tímpanos.
— É... ele é lindo – disse entrando e observando um guarda roupas com espelhos nas portas, uma cama de solteiro e uma escrivaninha — tenho tudo o que preciso – sorri para elas que me encaravam com uma expectativa enorme, realmente eu amei o quarto, muito aconchegante e em breve daria o meu toque pessoal a ele — eu amei.
— Vamos te deixar mais a vontade – ela saiu juntamente com Fernanda e fecharam a porta do quarto, me joguei na cama e agradeci aos céus por este momento, finalmente sozinha.
Após alguns minutos olhando para o teto, fui desfazer minha mala, quando estou organizando as blusas ouço meu celular tocar e xingo baixinho, esqueci de ligar para minha mãe!
— Chegou bem? Elas foram te buscar? Como é aí? E a casa é organizada ou é um lixo como a maioria das repúblicas? – respiro fundo e dou uma risada, já estava com saudades das paranóias dela.
— Cheguei bem, eles foram me buscar, aqui é legal e a casa é organizada, agora estou desfazendo minha mala – posiciono o celular no pescoço e vou levando mais roupas até o guarda roupas as organizando nos cabides, dobrando algumas calças jeans.
Termino de desfazer a mala, revezando o celular do lado direito para o esquerdo enquanto a minha mãe tagalerava sobre os perigos da enorme cidade que é São Paulo. Quando ela desliga pego os poucos livros que trouxe e os organizo em cima da escrivaninha juntamente com meu e-reader que ganhei de formatura do meu pai, quando ganhei nem dormir, passei toda a madrugada mexendo em tudo nele, nem estava acreditando.
Pego a mala e a guardo no maleiro do guarda roupas, apanho o meu livro que estava lendo no avião da escrivaninha 'A Lista Negra' da Jennifer Brown, coloco meu bom e velho óculos de leitura e me jogo na cama. O livro é muito intrigante, não sei por que fico tão confusa do que sentir, sinto raiva do Nick, mas os sentimentos transmitidos pela Valerie me fazia sentir pena dele por todo o ocorrido, quando estou mergulhada nos pensamentos da Valerie escuto três batidinhas na porta.
— pode entrar - falo ainda encarando o livro em minhas mãos, era muito intrigante tudo o que aquele livro estava me fazendo sentir.
— As meninas saíram e... não sei, quer comer alguma coisa? – Alfonso se manifestou na porta do quarto, com os cabelos perfeitamente negros molhados, em um contraste incrível com os olhos cor de avelã e a barba por fazer, estava vestido com uma calça de moletom preta e uma camiseta preta da banda de rock Guns n' roses.
— Pensei que você não fosse legal – admito estou na defensiva, não estou entendendo o motivo de tamanha gentileza, me sento na cama e marco a página do livro com o dedo indicador, ele sorri fraco.
— Deixa de ser mala pirralha, aproveita que estou sendo bonzinho – disse erguendo uma sobrancelha, um ato invejável até porque eu nunca conseguir tal proeza, pois é tenho sérios problemas.
— Está bem – me levanto e coloco um marcador na página que parei e o acompanho, no caminho é impossível não notar o quanto o corpo dele é bem definido, balanço a cabeça de leve tirando todo e qualquer pensamento que ouse aparecer, eu amo o meu namorado e não admito este ser humano esteja mexendo comigo em tão poucas horas, deve ser porque eu nunca vi alguém tão bonito e que tenha deixado intrigada quanto a sua personalidade.
— Para o jantar, temos um delicioso sanduíche – ele disse abrindo a geladeira e pegando os ingredientes e os colocando no balcão, eu apenas o encarava calculando cada movimento seu, as vezes me perco no tempo analisando fixamente algo, pode ser até mesmo uma formiga caminhando na parede, mas acredito que o Alfonso interpretou isso de outra forma — começamos mal né? Me desculpe.
— ah... não foi nada, já passou – digo pegando um pedacinho do pão que ele colocou em cima do balcão e o como, como iria explicar que as vezes meu cérebro desliga? Iria pensar que sou maluca.
— foi sim, vamos começar do zero, eu sou o Alfonso Herrera, tenho 24 anos, sou advogado recém formado e estou estudando para concurso público em promotoria – fiz o sinal de positivo com o polegar, o que o fez rir — agora sua vez – ele pegou um tomate, lavou e o trouxe em seguida para ser cortado no balcão em cima de uma tábua de vidro.
— impressionante, sou a Anahí Portilla, tenho 22 anos, recém formada em fisioterapia, vim para cá passar dois anos, porque passei numa residência em neurologia no Hospital São Paulo – ele concordou com a cabeça, pegando as folhas de alface as retirando do talo e lavando em seguida.
— então temos aqui uma fisioterapeuta neurológica – colocando a alface num prato — toda importante – rolei os olhos e ele sorriu da minha reação.
— olha quem fala senhor promotor – ele negou com a cabeça, mas ainda estava com um meio sorriso e quanto mais olhava, mais impressionada ficava, ele nem de longe lembrava o cara do aeroporto e sentir minhas defesas se desfazendo, talvez seríamos bons amigos.
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Oasis [Ponny]
FanficApós concluir a graduação em fisioterapia, Anahí se muda para a cidade de São Paulo para cursar residência em neurologia num hospital público. Tendo que morar numa residência com mais três pessoas, se ver presa numa grande trama política tornando-s...