A sexta feira chegou e não foi o despertador que me acordou e sim uma gritaria no corredor, abro a minha agenda no celular e vejo que hoje eu não iria ao hospital é dia de "folga", afundo a minha cabeça no travesseiro, mas logo preciso levantar porque tem alguém batendo à porta.
— Annie, faça uma mala para três dias precisamos chegar à Santos antes das nove - Fernanda estava falando rápido e ouço o Alfonso discutindo com a Angelique em algum lugar da casa.
— qual o problema em avisar com antecedência? - meus neurônios ainda estavam dormindo e eu precisava fazer uma mala, Fernanda dar de ombros e vai para o final do corredor.
Pego uma bolsa grande e coloco algumas roupas, pego uma calça jeans e uma camiseta rosa com um pequeno laço no peito esquerdo e coloco sobre a cama. Sair do quarto e vejo a Angelique com o rosto completamente vermelho, queria muito entender o que estava acontecendo, mas ela passa por mim e bate a porta do quarto com força.
Tomo um banho e saio do banheiro vestida, calço o meu tênis azul e prendo o meu cabelo num rabo de cavalo. Saio do quarto e encontro o Alfonso na sala vestindo uma calça jeans, tênis preto, camiseta preta e óculos escuros.
Angelique passou direto por nós vestindo um vestido florido com a Fernanda logo atrás de calça jeans e camiseta branca, elas saíram e bateram a porta carregando uma mala de carrinho, nunca tinha visto eles dois brigarem a este ponto.
— elas não vão com a gente? - pergunto confusa, o que houve de tão sério que eles brigaram assim?
— elas vão em outro carro, vamos logo não podemos nos atrasar - ele coloca a mochila nas costas e pega a bolsa da minha mão e saímos. O elevador demorou apenas cinco minutos, sei porque não parava de olhar o meu relógio que já marcava 06:47, quando chegamos à garagem não encontramos mais elas.
O silêncio dentro do carro reinava, a única coisa que fazia algum som era o rádio que estava sintonizado em uma estação de notícias, pego o meu celular e verifico as mensagens, o Christopher me enviou uma foto de uma fatia de pizza de calabresa o meu sabor favorito, com a legenda: "tentando matar um pouco da saudade".
Repondo: " Eu também estou com muitas saudades, te amo."
— foi tudo culpa dela! - o Alfonso se pronuncia logo após eu enviar a mensagem, bloqueio o celular voltando a minha atenção a ele, o que queria dizer com aquilo? — eu fui um idiota por não ter percebido isso antes! - ele aperta o volante com as mãos, meu corpo fica em alerta se ele continuasse a dirigir naquele estado poderia causar um acidente.
— eu não estou entendendo o que está querendo dizer, mas vamos parar em algum lugar tudo bem? - ele concorda com a cabeça retirando o óculos do rosto, alguns minutos depois paramos num posto de gasolina, que por graça divina estava servindo café da manhã na lanchonete, peguei um pãozinho e uma xícara de café, ele pegou apenas um suco de morango — pronto agora pode falar - digo tomando um longo gole de café, ele bebe um pouco do suco e suspira.
— eu ouvi a Angelique conversando com o nosso pai no celular mais cedo, ela disse que tinha certeza da escolha e que ela te escolheu por ser a melhor opção no momento - paro de tomar o café, pois os mesmo estava se tornando amargo demais em minha boca, não queria acreditar que ela tinha alguma coisa haver com aquilo — digamos que para o nosso pai sair do pé dela e da Fernanda, nós dois fomos jogados na fogueira.
— é difícil de acreditar - digo incrédula, mas isto explica o estado que ela ficou quando eu conheci o pai deles, ela e a Fernanda evitavam me olhar, aquele olhar de pena seria culpa? O observo tomar o suco e me pergunto o que estava me atormentando desde aquele dia — por que eu?
— eu não sei, só ela poderá te explicar isso - concordo com a cabeça, termino o meu café mesmo sentindo aquele gosto horrível, embalo o pãozinho em um guardanapo de papel, não iria conseguir engolir nada agora, espero o Alfonso terminar o seu suco e retornamos ao carro.
Chegamos à Santos às 08:15, ele estacionou próximo a três carros numa garagem subterrânea, pegou a bagagem e subimos um lance de escadas que dava acesso aos fundos da casa, entramos pela cozinha ao chegar a sala os pais dele já nos esperavam, Angelique e Fernanda estavam sentadas no sofá com as mãos dadas.
— não quero saber de brigas em minha casa, vão descansar um pouco, iremos almoçar com o prefeito - Alfonso ignora o pai e sobe as escadas, o acompanho mas quando chegamos à metade ele continua — a senhorita terá que ficar em seu quarto, o deputado Francisco Menezes vai ficar no quarto de hóspedes com a sua esposa.
Respiro fundo, eu só queria ficar sozinha até criar coragem para ouvir o que a Angelique tinha a dizer, estou com raiva dela, confusa e a cada passo que dou até à porta daquele quarto a tortura só aumenta, ele a abre me dando uma ampla visão de uma cama de casal, sinto um frio percorrer a minha espinha e a julgar pela expressão facial dele a minha cara não estava nada boa.
— não se preocupe tentarei encontrar alguns lençóis grossos para colocar no chão - nego com a cabeça, não ficaria confortável o vendo dormir no chão.
— não precisa, a cama é grande - ele me encara confuso colocando a mochila na cama juntamente com a minha bolsa — eu só preciso ficar um pouco sozinha para organizar os meus pensamentos - ele concorda com a cabeça.
— só vou tomar um banho rápido e te darei privacidade - diz abrindo a mochila pegando algumas peças de roupas e entrando no banheiro.
Me sento na cama à espera dele sair do banheiro, quando sai ele não fala mais nada apenas pega o celular, calça um chinelo e se retira. Eu precisava me acalmar antes de conversar com a Angelique e ainda tinha que me adaptar a realidade de dividir o quarto e a cama com o Alfonso.
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Oasis [Ponny]
FanfictionApós concluir a graduação em fisioterapia, Anahí se muda para a cidade de São Paulo para cursar residência em neurologia num hospital público. Tendo que morar numa residência com mais três pessoas, se ver presa numa grande trama política tornando-s...