Jantar com o Alfonso após um plantão cansativo foi muito prazeroso, tomar banho juntos foi delicioso, mas dormir sozinha na cama foi um pouco estranho, ele foi trabalhar na sala alegando não prejudicar o meu sono, porém meu sonho já estava prejudicado principalmente quando viro na cama na madrugada e só encontro o lençol frio, vou até a sala e ele estava dormindo sentado no sofá com o notebook no colo.
Solto um suspiro pesado, fecho o notebook e o coloco na mesa, tento deitar o seu corpo delicadamente mas ele acaba acordando assustando, o ajudo caminhar até o quarto e isto voltou a acontecer praticamente todos os dias durante a semana, ele saia cedo e chegava tarde principalmente nos dias que estava de folga, pois quando estava de plantão ele sempre dava um jeito de ir me buscar, e tudo se tornou super estranho.
Ele estava agindo de forma estranha e toda hora chegavam notificações em seu telefone, até mesmo durante a madrugada, entendo que é seu trabalho, mas aquilo estava o desgastando e consequentemente me deixando cada dia mais preocupada.
— venha dormir na cama - digo baixinho enquanto o acordo para tira-lo da cadeira desconfortável da mesa do jantar, ele nega devagar com a cabeça, mas eu fecho o notebook que já estava na tela de bloqueio devido o tempo de inatividade.
— eu preciso trabalhar, tenho que ler mais cinco páginas de um inquérito - nego devagar com a cabeça, estava se tornando um caso perdido.
— então trabalhe no quarto, pelo menos se cochilar estará num lugar mais confortável - ele sorri fraco negando com a cabeça bem devagar.
— isso vai atrapalhar o seu sono - solto um suspiro pesado, como ele pode falar isso depois de todos esses dias eu vindo buscar ele na sala ou na mesa de jantar durante a madrugada para o levar para cama?
— pode apostar que você trabalhando aqui fora está atrapalhando mais o meu sono do que se estivesse trabalhando no quarto, a cama fica insuportavelmente fria sem você, sem falar nas dores que está tendo por dormir com a postura errada em lugares inadequados. - ele sorri fraco e o selo os meus lábios nos dele.
— tudo bem fisioterapeuta - ele diz se levantando — acho que não haverá problemas se deixar cinco páginas para amanhã.
Depois de vinte e quatro dias uma vitória, tenho esperança que agora ele trabalhe no quarto, pois talvez isso melhore o meu sono e suas dores, que mesmo sem se queixar notei que o estoque de analgésicos estava cada vez menor na gaveta do banheiro com o passar dos dias.
O Astolfo ligou avisando que voltaríamos para a agenda política, era deprimente assistir aos debates pela tv, parecia um circo e por mais difícil que possa ser admitir o pai do Alfonso era o único que tinha mais propriedade do que dizia, mesmo sendo um monte de mentiras pintadas de verdades.
Ir a eventos fazia o Alfonso ficar mais irritado e mais estressado, discutimos na volta de um coquetel desastroso onde ele havia gritado com o pai e comigo quando perguntei o que estava acontecendo e me recusei a entrar no carro. Ele não estava em bom estado psicológico para dirigir, agradeci aos céus quando um dos manobristas vendo o meu desespero se prontificou para dirigir para nós.
Quando entramos em casa ele se largou no sofá enquanto eu fui tomar banho e chorar durante a água quente caía no meu corpo foi inevitável, eu estava cansada, sensível e estressada, poderia soar até mesmo egoísta e infantil, mas até mesmo nossas conversas estavam diminuindo, os selinhos eram as únicas coisas que ainda continuavam e mesmo trabalhando no quarto era como se ele não estivesse lá.
Ao sair do banho me sequei, escovei os dentes, vesti o pijama e me deitei na cama, ao ouvir a porta do quarto ser aberta fechei os olhos e os mantive fechados até mesmo ao ouvir o barulho do chuveiro, após alguns minutos sinto o colchão ao meu lado afundar e ao contrário do que imaginei ele se deitou e me abraçou.
— Annie... - abro os olhos devagar, mas não tive coragem de o olhar nos olhos — me perdoe, eu estou estressado e acabei descontando em você - as lágrimas voltam aos meus olhos e não pude conter um soluço baixo — você está chorando?
Ele vira o meu corpo e eu escondo o rosto com as mãos, sinto seus braços me abraçarem e acabo chorando mais, e ficamos em silêncio por alguns longos minutos até que ele volta a falar.
— eu sei que estou trabalhando demais, estou estressado, mas nada disso justifica a forma que agir com você, peço que me perdoe Annie, por favor - finalmente a coragem volta ao meu corpo e eu retiro as mãos do rosto voltando o meu olhar para o seu rosto.
— promete que nunca mais vai fazer isso? Nunca mais vai gritar comigo e agir como um brutamontes - ele concorda com a cabeça — E também promete que vai voltar ao normal? - o vejo franzir o cenho confuso.
— prometo que nunca mais vou agir como hoje - nego com a cabeça, aquele não era o único ponto, hoje foi apenas a gota de estresse que transbordou do balde e causou um estrago e tanto, mas não posso comparar o pior momento com o menos pior, conheço o Alfonso e sei que ele se fecha quando está com problemas, mas não posso aceitar que o seu estresse estregue o nosso relacionamento.
— e não apenas como hoje, não conversamos mais com tanta frequência e o único carinho que trocamos são selinhos e mais parecem que você faz de forma automática como se fosse um item da sua lista de afazeres diário - eu sei que estou sendo injusta, mas preciso falar tudo que está preso na minha garganta — não estou te cobrando e nem exigindo nada, mas só quero que saiba que seu estresse está me afetando também, eu sinto falta do meu namorado mesmo ele estando ao meu lado.
Sinto seus braços me apertarem um pouco mais contra o seu corpo e sinto um peso ser tirado do meu coração, não estava suportando mais a situação, não estava mais aguentando fingir que estava tudo bem apenas para não despejar mais uma coisa em cima dele, já que isto estava afetando a nossa relação e não quero que chegue ao ponto de tornar o nosso relacionamento tóxico.
— Annie, me perdoe, eu estou trabalhando muito eu sei, mas quero que saiba que isto não vai durar para sempre, prometo que essas situações desagradáveis não irão se repetir, eu te amo e não suportaria te ver sofrer por minha causa.
Fecho os olhos ao sentir seus lábios selando a minha testa, as suas palavras me trouxeram conforto e pela primeira vez em um mês inteiro tive uma boa noite de sono.
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Olá, sei que as postagens estão atrasadas e peço desculpas por isso,
prometo que irei atualizar com mais frequência! Pensei que iria conseguir
escrever mais nesta quarentena, mas o efeito foi o contrário e não conseguia.
Mas finalmente estou aqui atualizando!
Até a próxima atualização.
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Oasis [Ponny]
FanficApós concluir a graduação em fisioterapia, Anahí se muda para a cidade de São Paulo para cursar residência em neurologia num hospital público. Tendo que morar numa residência com mais três pessoas, se ver presa numa grande trama política tornando-s...