Trinta e Seis

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Acordo na manhã seguinte e encontro o Alfonso ainda dormindo no sofá, vou até a cozinha e vejo um bilhete da Angelique na porta da geladeira avisando que elas foram para a praia, vou até a geladeira e pego alguns alimentos para fazer o almoço, pois já eram quase dez da manhã.

O Alfonso acorda enquanto estava colocando o frango no forno, pego uma cápsula de café e coloco na cafeteira, ele deveria está com uma baita dor de cabeça. Assim que o café fica pronto, levo até ele e o entrego.

— obrigado - ele pega a xícara das minhas mãos com um olhar receoso.

— pode beber não está envenenado - me sento ao lado dele no sofá e o observo tomar todo o café aos poucos — o que estava na cabeça para beber tanto ontem?

—  não que seja da sua conta mas... - o interrompo.

— não começa com isso por favor, eu quem sou a vítima de tudo isso não você, então pare de agir como se todo este tempo a vilã da história fosse eu - ele coloca a xícara no amparador ao lado do sofá e sai da sala sem dizer uma palavra.

Aquele comportamento estava me deixando surtada, conversar civilizadamente não estava dando certo, então iria ignorar a existência dele, afinal ele se tornou um completo desconhecido para mim.

Durante o almoço apenas a Angelique e a Fernanda conversavam a mesa, mantinha os meus olhos presos no meu prato e me concentrava apenas em levar a comida a boca, mastigar e engolir.

— já chega! Vocês brigaram? - me sobressalto pelo tom de voz da Angelique ter aumentado drasticamente, a encaro surpresa enquanto engulo o que estava na boca — quero dizer, brigaram novamente?

— por que iríamos brigar? Este senhor sentado a mesa é um completo estranho, não tenho assunto para tal - a Fernanda me olha confusa e o Alfonso levanta as sobrancelhas para mim.

— não tenho motivos para brigar com esta senhora - abro a boca incrédula.

— você me chamou de senhora? Senhora é a sua mãe aquela bruxa velha! - me levanto da mesa e ele saio, ouço ele vindo atrás de mim e quando chego a porta do quarto sinto ele me segurar o meu braço.

— pode falar o que quiser de mim, me xingar do que quiser, mas nunca, falte ao respeito com ela, não sei o que aconteceu entre vocês, mas peço que não falte ao respeito a ela - solto uma risada fraca.

— ela faltou ao respeito comigo primeiro, você sofre de amnésia querido? Ela me entregou de bandeja para aquele homem repugnante e você só não quer ver que sua mãe é uma pessoa horrível Alfonso - ele abre a boca, mas fecha novamente, solto um suspiro pesado — me desculpa está bem, não importa o que ela faça, vai continuar sendo a sua mãe.

Ele me guia até o seu quarto, me sento na cama enquanto o observo andar de um lado para outro no quarto, aquilo já estava me deixando nervosa.

— Alfonso você está me assustando, o que está acontecendo - ele pega o notebook, o liga e coloca na cama.

— Você não entende o quanto é difícil para mim a aceitar esta situação, estou uma pilha de nervos, você me fala uma coisa, a minha mãe me fala outra, não poderia apenas pegar uma das versões e ter como verdadeira entendeu? Não é que não acredite ou não confie em você, só quero que me entenda também - fico em estado de choque, ele estava sério, sem sorrisos irônicos, piadinhas, aquela dualidade dele me assustou.

O observo colocar a senha no notebook e digitar outra senha que dava acesso a uma pasta na área de trabalho, ele hesita antes de abrir a última pasta.

— Alfonso - noto que as mãos dele tremiam bastante — seja o que for que esteja nesta pasta, se te faz tão mal é melhor nem abrir - o olhar que ele dirigiu a mim estava estampado pelo desespero.

— eu fui buscar este arquivo depois do evento beneficente, a Angelique me falou algumas coisas naquela noite que me perturbou bastante - engulo o seco — ela me fez ver o quanto você mudou a minha vida, mas aí comecei a sentir mais raiva de mim mesmo e acabei descontando tudo em você, me desculpe.

Concordo com a cabeça e o deixo falar mais, ele estava desesperado, como se estivesse sufocado com um monte de coisas e precisava urgentemente desabafar.

— eu conversei com alguns amigos meus, não pense que me orgulho disso, mas tive que recorrer até mesmo a pessoas do partido, para conseguir estas imagens, mesmo sabendo que eles não fazem as coisas das formas mais limpas, fiz tudo o que foi preciso, não por não confiar em você, mas para tirar esta dúvida que estava sendo o meu infortúnio - nego com a cabeça.

— se você confiasse de verdade não teria feito tudo isso, apenas a minha palavra seria o suficiente - ele nega com a cabeça.

— é a sua palavra contra a da minha mãe caramba, como seria se eu estivesse indo contra a sua mãe? Você não iria querer uma prova que tirasse esta dúvida de uma vez por todas? - não o respondo, neste ponto ele tinha razão, eu jamais teria coragem de desconfiar da minha mãe, mesmo ele estando na equação.

— nesta pasta está a prova? - ele concorda com a cabeça, respiro fundo — se isto for te livrar de toda a carga que está carregando abra, mas sinto que você já tem noção do que está nela, só não quer aceitar.

Alfonso fica em silêncio por alguns segundos e logo em seguida clica na pasta e exibe todos os arquivos.

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