Trinta e Nove

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Um mês se passou e a campanha política se iniciou, a mídia estava em pandemônio, pois a investigação da PF se tornou pública, então passei a evitar as redes sociais com maior frequência que antes, os xingamentos estavam me sufocando e o Alfonso excluiu as dele, se eu estava sendo massacrada, ele estava ainda mais. As pessoas não se contentavam em atacar o senhor Enrique e os monstros do partido dele, tinham que nos atacar também. 

— Fique tranquila, estamos entre os apoiadores ninguém irá te causar nenhum mal - estávamos no carro e minhas mãos estavam tremendo, estava com muito medo de enfrentar um público após tantas mensagens ruins, por isso que sempre quis distância de política, mesmo você não tendo nada haver com o ocorrido, a mancha ainda respinga sobre você. — Anahí? Você confia em mim? - o Alfonso me olhava aflito e concordei com a cabeça. 

— só estou um pouco assustada, nunca fui tão odiada em toda a minha vida - dou um sorriso fraco e ele me abraça apertado, logo saímos do carro e fomos escoltados por seguranças até o palco onde iria ocorrer o comício.

O comício iniciou com o repugnante do Astolfo fazendo críticas a polícia federal, as pessoas gritavam e balançavam as bandeiras do partido em apoio as suas palavras, mesmo estando mais ao fundo do palco me assusto quando um barulho de foguete estoura, Alfonso me abraça e permaneço em seus braços, como se ali eu estivesse segura de todo mal que pudessem nos causar. 

— são apenas fogos - ele repete mais duas vezes a mesma frase e beija a minha cabeça, eu estava muito assustada, sabia que seria difícil estar neste meio, porém não esperava que fosse a este nível.

Os candidatos a deputados começaram a falar, muitos deles atacando a mídia, argumentando que estavam sendo perseguidos para favorecer outros partidos, por último o senhor Enrique foi a frente falar com a Selma ao lado com aquele sorriso cheio de dentes e a minha esperança de que aquele circo estava acabando foi ficando cada vez mais fraca. Ele já estava falando há trinta minutos, quando finalmente chegou a suas considerações finais, uma pedra o acerta na cabeça e ele cai no chão com a mão na cabeça. 

O tumulto toma conta da multidão, o Alfonso me segura firme e vamos para mais pro fundo do palco, outra pedra é atirada no palco e os deputados nos empurram tentando se afastar da frente do palco, os seguranças erguem o senhor Enrique do chão e o levam para fora do palco, vamos logo atrás, ele é levado ao hospital. O Alfonso pega as chaves do carro que viemos e chegamos ao hospital minutos depois, haviam muitos repórteres na frente do hospital, ao sair do carro somos bombardeados por perguntas. 

Um dos seguranças que estavam o acompanhando no hospital corre até nós e abre caminho para que nós dois conseguisse passar, entramos na sala de espera e a dona Selma estava com cara de poucos amigos, acompanhada pelo seu Astolfo, me sento duas fileiras atrás deles e o Alfonso vai perguntar a ela o estado do pai.

— Como ele está? - antes de responder ela me olha com um nítido desprezo e se senta na poltrona colocando as mãos na cabeça.

— ainda não sabemos, ele entrou e até agora os médicos não nos deram notícias - ele concorda com a cabeça, caminhando até o bebedouro e pega dois copos com água, entrega um a ela e divide o outro comigo ao se sentar ao meu lado. 

— acho que deveríamos avisar a Angelique, ela pode ficar desesperada se souber pela mídia - ele concorda e pega o telefone para fazer a ligação. 

A Angelique estava no Rio de Janeiro para um congresso e a Fernanda foi com ela, observo Alfonso sair para fazer a ligação, assim que ele sai da sala o senhor Astolfo caminha em minha direção, me levanto da cadeira e vou atrás do Alfonso, não estava com nenhuma vontade de ter uma segunda má experiência naquela noite.

Avisto o Alfonso próximo a janela no final do corredor e aguardo que ele termine a ligação para dar privacidade, assim que ele coloca o celular no bolso nossos olhares se encontram, ele sorri fraco e caminho até ele. 

— e a Angelique? - ele envolve o meu rosto com as mãos e me beija, um beijo calmo e delicado, quando termina ele não se afasta de mim e mantem as nossas testas unidas.

— um pouco assustada, mas consegui a acalmar, ela volta amanhã pela manhã - selo novamente os nossos lábios e as suas mãos deixam o meu rosto e sinto meus braços me envolver num abraço — sei que meu pai cometeu muitos erros, mas ele não merecia algo assim, nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer.

— ele vai ficar bem, ele é um homem forte - ouço ele sorri fraco e repouso a minha cabeça no seu peito. 

— vaso ruim não quebra facilmente, mas ele não é mais tão jovem, já está com quase sessenta anos e ter um ferimento assim, me preocupo muito com o que pode acontecer - levanto a cabeça e o olho os olhos, ele estava sofrendo muito com aquilo tudo, mesmo o senhor Enrique sendo um crápula era o pai dele. 

— ferimentos na cabeça geralmente tem um sangramento extenso que assusta mesmo sendo superficial, vamos confiar na equipe médica, amanhã é bem capaz dele já está de pé dando ordem em nós dois - ele sorri fraco novamente e sinto seus braços me envolverem mais firme, não era desconfortável, estar nos braços dele nunca era.

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