Capítulo 16

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— Oi?

Foi a única coisa que eu consegui dizer após ouvir aquelas palavras. Eu estava louca para que aquele momento em que a Park falasse "É brincadeira, você tinha que ver a sua cara". Mas para o meu desespero, aquilo não aconteceu.

— Te ligo mais tarde, Soo. Tchauzinho... — Jennie falou pegando na mão da Lisa e saindo mais rápido que um míssel. — Boa sorte. — Sussurrou olhando para mim.

Nem a sorte me salvaria da enrascada que eu tinha entrado.

— Então aquela jaqueta era sua. — O treinador falou e cruzou seus braços, com um tom nada amigável.

— Era? — Falei engolindo em seco com um tom de ironia. Seus olhos semicerraram fazendo me arrepender no mesmo segundo por querer brincar na hora errada.

Qual é, eu estou em pânico.

— Papai... Por favor não faça isso.

Eu me apoiei na bicicleta sentindo a fraqueza tomar conta de minhas pernas. Ouvir a Park chamando o treinador de pai, era a última coisa nesse universo que eu queria ouvir naquele momento. Eu só queria acordar daquele bendito pesadelo.

E para a minha angustia, vi as garotas saírem pelo portão da escola, todas animadas até então me avistarem naquela situação, logo elas entenderam o que se passava ali. Por quê até mesmo, há essa altura, eu era a última pessoa que não sabia que a filha do treinador na verdade era a garota por quem eu estava apaixonada. Park Chaeyoung.

Meu deus.

Assenti assim que as garotas me desejaram sorte silenciosamente. Respirei fundo e fiquei ereta na frente do treinador que falava com a sua filha sobre ele saber mais do que ela, já que ela era apenas uma criança ainda.

— Desculpe, treinador... — Falei o interrompendo, e seus olhos me direcionaram, assim como a da Park, me causando calafrios. Coragem Kim Jisoo! — Peço desculpas por ter deixado minha jaqueta em sua casa e poço jurar pela minha vida, que não ouve nada, fui apenas me declarar para a sua filha.

— VO-VOCÊ FOI APENAS FAZER O QUE?! — Gritou quase fazendo seus olhos sobressaltar. — Você está de gozação com a minha cara, Kim?

— Não senhor! Eu tenho muito respeito pelo senhor e agora, ainda mais. — Eu tentava o máximo possível me manter firme de minhas palavras, por mais que o medo percorria em todo o meu corpo. Eu tinha que ficar firme ou sair correndo.

Mas a segunda opção não estava em discussão, já que se trata da garota que amo.

— Papai... — Chaeyoung entrou em minha frente me fazendo engoli seco. — Que tal um jantar?

Um silêncio se entendeu por um tempo, me fazendo quase desmaiar por não ter reação alguma dele. Mas tudo se aliviou quando senti a mãe de Park macia e quente segurar a minha por trás de seu corpo. Relaxei os meus ombros e suspirei quase aliviada quando vi o treinador abaixar sua postura de durão aos poucos.

— Por favor papai... O senhor me prometeu que quando eu me sentisse feliz, o senhor seria o primeiro a me apoiar. — Sua voz era calma e aquilo aqueceu meu coração.

Mesmo não sendo o momento certo, eu ainda deixei o meu medo de lado e me permitir entrelaçar nossos dedos e me posicionei ao lado de Chaeyoung. O olhar do pai da minha garota abaixou para nossas mãos juntas o fazendo respirar fundo e passar a mão por seu rosto, após olhar para o lado suspirando alto, ele nos olhou e foi ali que vi que a minha chance de provar que a amo de verdade iria chegar.

— Hoje à noite, às oito horas. Sem atraso Kim, seu histórico de pontua-

— Ela já entendeu, papai. — Chaeyoung o interrompeu.

— Sim senhor, sem atraso. — Me curvei e assim ele se retirou pisando pesado me fazendo permanecer naquela posição. — Puta merda... — Soltei o ar que até então o tinha prendido segundos atrás e levei minhas mãos até o joelho respirando fundo.

— Me desculpe, eu deveria ter falado que papai era o seu treinador. — Seu tom era de culpa e aquilo fez meu coração falhar batidas por alguns míseros segundos.

— Ei... — Fiquei ereta e levei minhas mãos para o seu rosto aproveitando para levar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Está tudo bem... Confesso que vi a famosa luz no fim do túnel. — Falei acompanhado sua risada — Jennie não perdeu a oportunidade em fugir. Aquela cretina que se acha a melhor amiga. — Resmunguei.

— Ela já tinha me avisado que não iria ficar vendo você borrar as calças.

— Oh, aquela boneca de quinta categoria. Ela está na minha lista de vingança... Então, temos tempo ainda... Antes de eu oficializar o meu velório, o que quer fazer? — Perguntei levando minhas mãos para a sua cintura.

— Podemos aproveitar este momento somente nós duas, o que acha? — Seus braços rodearam minha nuca fazendo nossos corpos colar ainda mais. — Recusou o meu convite no intervalo. — Curvou seu lábio inferior me fazendo a olhar mais do que o normal. Com certeza, eu estava olhando zarolha, mas não me importava naquele momento.

— Esse seu joguinho está cada vez mais difícil de resistir. — Apertei mais sua cintura.

— Joguinho? — Inclinou sua cabeça para o lado me fazendo sorrir, ela estava me provocando fingindo aquela inocência toda. — Acha que estamos em algum tipo de jogo, Kim?

— Não sei, diga você. — Aproximei meus lábios de seu ponto de pulso e a senti se arrepiar.

— Vocês estão no estacionamento da escola ainda, sua depravada. — Ouvi a voz de Jennie e fiz questão de ignorá-la. — Vai mesmo fingir que não estou vendo esse pornô, Kim Jisoo? — Assenti ouvindo a risada de Chaeyoung, que até então estava me abraçando ainda. — Okay, dá tempo de contar o dia em que você enfiou o cotonete no cu do ga-

-— Cala essa boca, sua idiota! — Gritei saindo disparado até Jennie e tampando sua boca com a minha mão. — Eu já lhe disse que eu era apenas uma criança naquela época, sua inútil!

— Por deus, não chegue perto de meus filhos. — Ouvi a voz de Lalisa horrorizada.

— Eu já disse que era criança naquela época. Não sabia o que estava fazendo, mas que merda! Você está ferrada, Jennie, sua idiota. — Bufei irritada, e cruzei meus braços.

— Tadinha, continua assim... Vai que o senhor Park ou quero dizer o treinador? Ops são a mesma pessoa. — Jennie ria me fazendo quase saltar em sua garganta. — Enfim, continua assim, que eles vão achar que Chaeyoung vai ser sua baba e não namoradinha.

— Sua cretina. — Gritei correndo atrás dela pelo estacionamento que já se encontrava vazio. — Vou ter uma conversinha com Lalisa também, ela vai adorar saber que você já colocou um gato no micro-ondas. — Falei rindo assim que parei de correr.

— É mentira amor! Ela está inventando! — Jennie gritou desesperada ao ver a cara incrédula de Lalisa enquanto minha garota se divertia com a nossa bagunça.

No final das contas, eu sabia que enfrentaria qualquer pessoa e até mesmo o treinador só por causa dessa mulher. Eu nunca mais iria deixá-la escapar, não agora que ela finalmente me deu outra chance.

Uma Idiota Completamente ApaixonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora