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"Vamos sair amanhã?" Henrique me perguntou pelo telefone, duas noites depois que tínhamos feito nosso trato.
Eu fiquei em silêncio.

Henrique e eu. Saindo. Oficialmente dentro do trato. Eu gelei um pouco.
Nenhum de nós dois havia feito algo assim em toda nossa vida, mas ele parecia estar lidando muito bem com isso. Ele era natural pra essa coisa de "relacionamento", mesmo que seja só por um período de tempo. Eu... bom... como eu já disse, quatro meses foi o máximo que já fiquei com alguém. Mas tudo bem. Esse duraria menos. Então tudo bem. Não entendia o motivo que estava com tanto... medo?

"Claro. Pra onde?" Respondi engolindo meus pensamentos.

"Hmmm... cinema e comer?"

"Perfeito." Sorri sozinha. Nos despedimos e fui dormir, ainda um pouco aflita.

***

"Se recomponha, Astrid!" Dizia pra mim mesma no espelho enquanto me arrumava.
"Você não é assim! Nervosa por causa de um encontro? Tá doida?!" Eu era muito ruim nisso de conversas estimulantes.

"Tô aqui em baixo." Henrique mandou e eu respirei fundo. Dei uma última olhada no espelho e saindo quarto.
Estava indo pra porta quando Yosef passou por mim correndo até a porta e eu não entendi nada.

"Oi!" Ele gritou e eu vi Arthur e Henrique entrando pela porta. Eu arregalei o olho e Henrique sorriu.

"Ele queria muito ir no cinema." Ele revirou os olhos.
"Deu um xilique e meus pais me obrigaram a trazer ele." Henrique se explicou e eu ri da cara de derrota dele.

"Isso aí." Arthur sorria triunfante.
"Vamos também Yosef?"

Yosef olhou pra mim animado, como pedindo. Eu dei de ombros e sorri e ele saiu correndo feliz pra pegar as coisas dele. Arthur o acompanhou.

"Desculpa, Trid... você sabe como são irmãos mais novos." Eu sorri.

"Se sei." Ele olhou pra mim.

"Nossa... você tá linda." Eu fiquei vermelha. Ele se aproximou de mim e de repente eu perdi todas as palavras e piadas que eu usaria pra rebater o elogio. Ele pressionou seus lábios contra os meus e minhas pernas tremeram. Que merda é essa.
Ele segurava minha mão e quando desgrudamos eu ri.

"Que foi?" Ele perguntou.

"Você..." respirei fundo. Ele fez cara de confuso. "Você tem um efeito engraçado em mim." Isso fez ele sorrir. Eu fui na direção dele e beijei ele gentilmente. Por mim a gente passava a noite simplesmente assim, mas ouvimos vozes chegando perto de onde estávamos e nos separamos rapidamente.

"Vamos?" Yosef nos chamou animados e sorrimos. Seguimos os dois meninos pelo caminho. Eles estavam muito animados.

Enquanto eles estavam muito entretidos na conversa deles, Henrique delicadamente segurou minha mão. Olhei pra ele e... cara, ele é tão bonito. Acho que nunca tinha percebido. Não com essa intensidade. Ele percebeu que eu estava olhando e olhou pra mim de volta. Ele sorriu. Eu olhei pra frente.
Ele definitivamente tinha um efeito engraçado em mim.

***

Os meninos escolheram o filme e além disso, sentaram entre Henrique e eu. Parecia combinado.
Henrique e eu apenas aceitamos. Vimos o filme e os meninos gargalhavam durante todas as cenas. Não era tão engraçado assim.
De vez em quando eu olhava pra Henrique e sentia ele olhar pra mim.
Eu sorria. Isso tudo me causava uma ansiedade boa. Um frio na barriga. Fazia tempo que não sentia isso.

Depois do filme fomos a uma lanchonete.
Os meninos pediram o especial das crianças, eu pedi batata frita e refri e Henrique pediu um hambúrguer e um milk shake.
A lanchonete tinha um lugar de diversão pra crianças e Arthur e Yosef foram brincar um pouco.

Mexeu ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora