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Depois da festa tivemos alguns dias de aula antes das férias permanentes. As aulas eram pra entrega de notas e provas e aquelas despedidas todas. Ano que vem eu iria pro meu ano final e, às vezes pensava muito nisso, às vezes preferia não me preocupar, mas ainda era melhor do que pensar em Henrique e Lavínia.

Eu ainda o vi algumas vezes de longe junto com ela. Sempre tentava "me esconder" depois de todo drama e dança no baile. Ele também não chegou a me procurar... Ele me mandou algumas mensagens, mas, se realmente quisesse algo, acho que ele teria vindo até mim. Pessoalmente.

Depois que as aulas oficialmente acabaram, todos da cidade viajaram, como de costume. Fiquei sabendo de algumas viagens, entre elas a viagem do terceiro ano que seria, obviamente, pra um lugar frio. Também soube de algumas pessoas que viajariam do meu ano. Ayla inclusive foi pra alguma praia do México com os pais assim que as aulas acabaram. Só que dessa vez com acesso ao telefone a gente se fala quase todos os dias. Já sinto saudade.

Meus pais ofereceram também uma viagem pra Yosef e pra mim, mas com o final do ano, a pousada geralmente enche de gente, preferi ficar pra ajudar. Yosef estava muito animado que Artur passaria as férias na nossa casa, já que seus pais e Henrique viajariam. Não entendi muito bem o porquê deles deixarem a criança, mas, né, cada um é cada um.

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Alguns dias depois de todas as viagens, estava de manhã na recepção da pousada e Yosef veio correndo até a porta. Não entendi nada... até que entendi. Artur entrou também correndo. Eles instantaneamente começaram a brincar e subiram correndo falando algo sobre video-games. Eu comecei a rir e então Henrique entrou pela porta. Eu gelei. As famosas borboletas no estômago. Argh.

"Oi, Trid." Ele disse meio tímido.

"Olá." Respondi me inclinando sobre o balcão.

"Vim deixar o Artur e as coisas dele." Ele levantou uma mochila.

"Ah sim. Pode deixar aí." Apontei pro canto de um sofá que tinha lá.
"Já já meu pai chega e leva."

"Ok." Ele respondeu e deixou a mochila do lado. Deu duas batidinhas na mesa e ficou olhando em volta. Fingia não ligar pra ele estar ali.
"Então... como você está?"

"Ótima, ótima." Menti. "Você?"

"Também." Sorri falsamente e ele sorriu de volta.
"Você vai viajar?" 

"Não." Respondi e abri os braços.
"Vou ajudar aqui. Muita gente fazendo check-in. Tem muito trabalho pros meus pais." Era verdade. Às vezes era trabalho demais apenas pra gente, mas, meu pai dizia que não queria colocar ninguém que não fosse família... Aí fica difícil.

"Ah, sim..." Ele consentiu, entendendo.

"Você e seus pais vão pra onde?" Ele de repente ficou meio sem graça, não entendi. Ele coçou a garganta e falou.

"Meus pais já foram... pro interior visitar meus avós... eu vou mais tarde pra... outro lugar..." Ele foi enrolando.

"Sozinho?" Curiosa como sempre.

"Não..." Ele disse desviando o olhar. Eu demorei um pouco, mas finalmente "cliquei".

"Ahn..." Disse como um suspiro desapontado.
"E vo-vocês vão pra onde?" Senti minha garganta fechando do nada.

"Pra... Disney..." Eu comecei a gargalhar DO NADA. Henrique ficou visivelmente sem graça.
Eu não sei se ria de desespero ou de deboche. Lavínia realmente sabe ser cruel com Henrique. Fui tentando recuperar o ar e ele olhava pro chão.

"Desculpa, desculpa!" Disse e ele sorriu sem graça. Parei de rir e comecei a pensar e fui ficando mais séria. Henrique também.

"Trid..." Ele disse com aquela voz que conheço.

Mexeu ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora