Capítulo 12

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Filipe acordou Marta passando-lhe por cima do corpo adormecido, sem dó nem piedade, excitado com o bater na porta de casa, fungando-lhe o pescoço com o focinho húmido.

- Está quieto! – ralhou, empurrando-o frustrada. – Só pode ser o teu amigo, para estares neste histerismo... - comentou, sentindo-se automaticamente dormente. Vestiu o robe e encaminhou-se para a porta, respirando fundo. Ainda nem o tinha visto já tremia de nervos... Recompõe-te rapariga, ordenou-se. – Sim? Quem é?

- Eu!

- Eu quem? – perguntou com vontade de brincar.

- O teu mestre de obras.

- Palavra-passe?

- "O João é bonito". – respondeu prontamente deliciado com aquilo tudo.

- Errado. Mais uma tentativa.

- A Marta é má!. – tentou de novo.

Abriu a porta, derretendo com o sorriso dele, que a abraçou sem dó nem piedade, transformando-a em gelatina.

- Bom dia. – disse quase sem voz.

- Bom dia. Então? Gostaste da surpresa? – dirigiu-se à cozinha, levando-a atrás, deserto para se certificar de que estava tudo a funcionar.

- Adorei... não precisavas de ter gasto este dinheiro todo... - comentou pouco à vontade com a ideia da fatura daquilo tudo. – Vais deixar-me pagar tudo de volta?

- Não. – respondeu decidido – Não me vais dar a fatura do meu livro, pois não? Prendas são prendas. E funciona tudo? – mudou de conversa, abrindo as torneiras satisfeito.

- Sim, tudo perfeito...

- Não me vais pagar nada, mas pelo menos um beijinho de agradecimento ficava-te bem... - agarrou-a para não lhe dar hipótese de fuga.

- Primeiro tenho de ir tomar banho, lavar os dentes... - escapou-se, deixando-o com cara de amuado.

- Ok, eu espero. Vou fazendo o pequeno almoço. Faz já a mala que temos de ir cedo. – informou-a, já a falar para o corredor vazio.

Marta voltou atrás, surpreendida.

- Temos?

- Sim, ao Gerês, lembras-te? Pensei em irmos hoje cedo e voltarmos no domingo, o que achas? – perguntou contente.

- Gerês? Mas isso não é longe? – exclamou espantada.

- Sim, mas pela autoestrada chega-se num instante. – explicou, trazendo o comer para a mesa de centro em frente ao sofá.

- E dormimos onde? – quis saber incomodada. Aquilo seria como chegar fogo ao rastilho, pensou angustiada, imaginando passar a noite fora com ele, longe de tudo e de todos, apenas separados pela parede de um quarto de hotel. – E o Filipe? Ele não pode ficar sozinho...

- Há para lá imensos sítios para dormir, e escolhemos um que aceite cães.- disse de forma prática.

- Não vais aceitar um não, pois não?

- Não. – sorriu-lhe satisfeito.

- Ok, mas com uma condição. – disse muito séria. – Vais deixar-me conduzir o teu carro.

- Não, isso é que não!... – exclamou horrorizado com a ideia, baixando os ombros resignado depois do olhar duro que Marta de lançou – Ok, mas só alguns quilómetros... Agora mexe-te! – virou-a na direção da casa de banho e empurrou-a suavemente, forçando-a a arranjar-se depressa.

A Mala VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora