Alison abriu os olhos e demorou para reconhecer o lugar. Ela estava dormindo sobre o peito de Anpu. Sua perna estava transpassada sobre ele e a jovem sorriu. Ela contorceu o corpo se espreguiçando e Anpu retirou uma mecha de cabelo do seu rosto.
- Já amanheceu?
- Ainda não, teremos mais alguns minutos de frio.
- Você estava me olhando dormir?
- Não resisti, você fica tão linda roncando e babando. - Alison sorriu.
- Eu não ronco e nem babo.
- Baba sim, estou completamente babado e ronca tão alto que não consegui dormir à noite toda. - Alison se encolheu.
- Não sabia que você era capaz de fazer piadas.
- Tem muita coisa sobre mim que você ainda não sabe. - Anpu se virou de lado, colocando a cabeça dela sobre o braço. Ele olhou para aqueles olhos verdes com pequenas manchas douradas. Olhou para a boca bem desenhada, como se fosse feita pela própria Ísis. Como um demônio tão pequeno e frágil, podia ser tão corajosa e destemida. Anpu não queria que aquele dia amanhecesse, porque ele estava perdido e não se importava.
- Você não é um macho fácil de conhecer, muito menos de compreender.
- Você não é a humana mais fácil de lidar. - Anpu sorriu. - Eu acho que a gente precisa conversar. - Alison suspirou.
- Anpu. - Alison falou com a voz rouca, enquanto desenhava com o dedo no peito do guerreiro. - Eu preciso de mais tempo, é tudo muito recente para mim. Ontem foi ótimo ver esse seu lado que eu não conhecia, mas minha cabeça ainda está confusa. Meu coração está apertado e de luto por todos que perdi. Nós moramos juntos e eu pertenço a Amut, que está ligado a você. Se for para isso começar, precisamos ter certeza que vai dar certo.
Anpu beijou a testa dela. Se ela precisava de tempo, ele daria tempo a ela.
- Você está certa, há muitas coisas que precisamos considerar antes de qualquer coisa. Você terá o tempo que precisa para se curar Alison Evans. Só quero que saiba que quando estiver pronta eu vou estar a sua espera. - Anpu encostou sua testa na da jovem. - Quero que saiba que vou estar sempre aqui para o que precisar.
Alison encostou a ponta do seu nariz no dele e olhou naqueles olhos negros que mal dava para ver a íris. Ela o encarou por um momento e então se aninhou contra o corpo do guerreiro, desejando que tudo fosse simples. Ela o desejava mais do que devia e esse sentimento, esse desejo que crescia dentro deles, não era nada simples. Ela se quer conseguia sobreviver a uma noite sozinha naquele mundo. Qualquer relacionamento entre eles seria proibido e havia muita coisa sobre Thórun que ela ainda precisava descobrir.
Uma batida na porta do quarto fez com que ambos se afastassem, só então perceberam que já havia amanhecido.
- Espero não estar atrapalhando nada. Mas você está atrasado e me deve uma luta. - Nefer falou do outro lado da porta.
- Eu espero que você tenha feito o café da manhã. - Alison respondeu sorrindo.
- Não fui avisado que humanos se alimentavam tão cedo.
- Ela come o tempo todo. - Anpu respondeu e Alison mostrou a língua para ele.
***
Nefer e Anpu lutavam atrás do chalé, enquanto Amon assistia. Era possível ouvir os grunhidos dos machos e as gargalhadas de Amon. Alison estava na cozinha misturando os ingredientes que havia encontrado. Hadan havia trazido um ovo, que ela precisou segurar com as duas mãos. Ela pensou em perguntar qual animal havia colocado um ovo daquele tamanho, mas decidiu que preferia não saber. Ela colocou uma porção da massa que havia feito sobre a chapa e Hadan aqueceu com magia até que a massa ficasse dourada.
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Oráculo
FantasyDegustação (livro grátis para os assinantes do Kindke Unlimited) Amazon. Possui o físico no site da editora The Books Alison trabalha na editora do tio de seu melhor amigo Edward, como revisora textual. Mas seu verdadeiro sonho é ser escritora. Depo...