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Alison esperou até que o guerreiro desapareceu dentro da mata fechada. Ela olhou em direção da clareira e se questionou inúmeras vezes se não deveria seguir na direção oposta do guerreiro e tentar a sorte.

Mesmo que Anpu estivesse mentindo sobre os desgarrados, mesmo que ele a deixasse escolher seu caminho. Para onde iria? Como retornaria para o seu mundo? Alison olhou para suas pernas sujas, tão expostas dentro daquele vestido curto. Ela tremeu só de pensar em passar mais uma noite em Thórun.

Quando concluiu que o seguir era sua melhor chance, ela o odiou ainda mais. A sensação de ser uma prisioneira sem algemas, caminhando voluntariamente para a própria morte, lhe revirava o estômago. Se agarrando a um filete minúsculo de esperança, ela o seguiu.

Alison bateu os pés descalços pelo chão arenoso, irritada consigo por estar vulnerável. Conforme caminhava pela trilha, onde Amut e o guerreiro passaram minutos antes. Um medo crescente foi tomando conta da jovem. A cada passo para dentro daquela mata, parecia despertar o interesse até mesmo das pequenas criaturas. Mosquitos agora lhe picavam se banqueteando com seu sangue. Era evidente que Anpu havia retirado sua magia de proteção.

Alison podia jurar que seus pés já estavam sangrando quando o caminho se tornou um tapete macio e confortável. Era como se estivesse caminhando sobre um cobertor. A trilha havia se expandido e o musgo cobria todo o lugar deixando uma visão incrível. O verde oliva do chão parecia tão impecável quanto um tapete em uma sala. Havia flores coloridas que exalavam um perfume convidativo e os galhos das arvores formavam um arco sobre sua cabeça, como se fossem desenhadas por um arquiteto.

Não havia sinal de Anpu ou Amut, mas Alison agradeceu por ter encontrado aquele pequeno alívio para os seus pés. Ela já deveria tê-los encontrado, a menos que Anpu houvesse usado algum portal. Alison caminhou pelo corredor admirada com a beleza do lugar. No centro do caminho havia uma pedra e flores a rodeavam. Uma flor chamou sua atenção, parecia maior que as outras e sua cor azul turquesa refletia uma luz viva e irresistível. Nada na Terra era como aquele lugar.

Alison se aproximou da flor e percebeu que era ela quem exalava aquele cheiro maravilhoso que havia inundado a floresta. Com delicadeza tocou em suas pétalas e abaixou seu rosto próximo da planta para cheirá-la. Alguns fios que pendiam da flor até os galhos das arvores acima, se acenderam como pequenas luminárias. Fios que antes eram invisíveis, mas que agora oscilavam aquele azul turquesa revelando um emaranhado, como uma rede.

Alison ergueu a cabeça para acompanhar a reação que se expandia diante dela. Formas geométricas apareciam conforme aquela energia azul seguia ascendendo mais e mais daquela rede invisível. Não, aquilo não era uma rede de fios emaranhados. Aquilo era uma teia gigante. Ela sentiu quando o tapete de musgo macio afundou próximo de seus pés. Quando se virou aterrorizada, sentiu a ferroada próximo em suas costelas. Um par de quelíceras estavam abertos diante de seu rosto, sibilando. Era tão grande quanto o portador. A jovem correu, se contorcendo de dor por aquele corredor verde e macio. Conforme ela corria as teias penduradas no teto oscilavam na cor azul, fazendo com que ela desviasse das que pareciam ser mais resistentes.

Alison não ousou olhar para trás, mas a julgar pela dor que sentia, o animal em breve não teria problema para devorá-la. Ela viu o corredor se transformar em um labirinto sem fim, sua visão já turva pelo veneno começava a dificultar sua fuga.

Seus pés tropeçavam em suas próprias pernas quando olhou para trás viu o animal encouraçado que a acompanhava pacientemente esperando por seu fim. A jovem olhou para o céu e avistou aquela claridade que penetrava entre os arcos das arvores acima. Aquilo era um casulo, uma prisão. Ela havia caído em uma armadilha.

Juntou suas forças e começou a escalar aquela parede de galhos flexíveis. O animal sibilou subindo pela lateral atrás dela. Alison não tinha certeza de qual era sua velocidade. Apesar de seu coração acelerado, começava a perder a sensibilidade dos movimentos. Precisava sair da li.

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