Quando o curandeiro entrou, Amut lhe ofereceu um olhar curioso, como alguém que avalia a própria comida. O rapaz de olhos castanhos e de estatura mediana, poderia ser facilmente um humano, se não fosse pela forma como se vestia e pela magia poderosa de cura que fluía em suas veias.
Alison já havia tomado um banho quente na banheira maravilhosa de Anpu. Havia ficado tanto tempo lá dentro que as pontas de seus dedos ainda estavam murchas. O jovem sorriu para ela, apenas um sorriso educado e, pediu, falando na própria língua, que lhe mostrasse o ferimento.
Quando Alison levantou a camisa que Anpu havia lhe emprestado para vestir, mostrando-lhe a ferida, o jovem logo buscou em sua maleta os instrumentos necessários. Ela se encolheu diante das ferramentas depositadas no encosto do sofá de couro branco. Ele deu leves batidas no acento e falava algumas palavras incompreensíveis para ela, se não fosse o fato do próprio gesto falar por si, ela não teria compreendido.
O rapaz removeu toda pele necrosada que cobriam as feridas gêmeas, mas Alison não sentia nada. Ele enfiou uma agulha na ferida, buscando qualquer sinal de dor. Quando Alison gritou sentindo o corpo estranho que penetrava sua pele, o jovem parou. Amut se ergueu em um pulo e logo estava diante do rapaz lhe mostrando todos os dentes.
- Amut, deixe-o trabalhar. – Anpu falou de onde estava recostado, onde observava tudo. O jovem respirou novamente, se acalmando aos poucos. Seu peito movimentava rápido, devido ao susto. Amut cheirou o rosto de Alison, que acariciou seu focinho.
- Está tudo bem. Ele está me ajudando, ok? – Amut olhou de soslaio para o jovem, como quem lhe dava um aviso. O animal caminhou até a almofada e se deitou. O jovem retirou agulha marcando os centímetros em que não havia qualquer sensação.
- Ainda está em estágio inicial. – Disse o jovem na língua de Alison, com um sotaque evidente. – Dez dias de curativos e ficará curada. O jovem lavou a ferida e depois derramou uma espécie de óleo, repousando sua mão sobre elas. Uma luz tímida de cor lilás vertia entre seus dedos e Alison sentiu. Ela sentiu a magia lutando contra o veneno e reconstruindo aquela pele que havia sido removida.
Dez dias. Era o tempo que teria para pensar em como se livrar das garras do Rei. Quando o jovem terminou, a ferida era quase imperceptível, e a pele nova era rosada como a pele de um bebê. – Alison sorriu agradecida.
- Muito obrigada. – O jovem apenas gesticulou com a cabeça, dando um breve sorriso. – Qual o seu nome? – Ele olhou por um instante para Anpu e depois falou em voz baixa.
- Me chamo Osires.
- Muito obrigada, Osires. Você salvou minha vida. – O jovem curandeiro juntou seus instrumentos de forma atrapalhada e se retirou, mantendo a cabeça baixa. Ele passou pela porta apressado sem olhar para trás.
- Estou me sentindo ótima. – Alison sorriu se espreguiçando.
- É melhor não se animar muito. Amanhã sua ferida estará podre de novo. – Alison deu de ombro.
A verdade é que ela estava aliviada pela demora em que levaria para se curar, só assim teria tempo para planejar um meio de se livrar do Rei.
- Anpu, tenho tantas perguntas sobre seu mundo e agora que estou aqui. Talvez seja importante conhecer um pouco mais.
- O que quer saber, Alison Evans, que já não saiba?
- Quero saber o que devo temer em seu planeta. Não quero ter um encontro desagradável como tive com a tecedeira. – Anpu sorriu.
- Animais como a tecedeira devem ser sua última preocupação. Agora você está na corte, deve temer a qualquer um aqui. Nunca saia desse apartamento sem a minha presença ou de Amut. Neste momento sua presença deve ser o assunto mais falado em Thórun. – Alison suspirou.
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Oráculo
FantasyDegustação (livro grátis para os assinantes do Kindke Unlimited) Amazon. Possui o físico no site da editora The Books Alison trabalha na editora do tio de seu melhor amigo Edward, como revisora textual. Mas seu verdadeiro sonho é ser escritora. Depo...