Cantigas

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Haviam chego ao seu destino.

Depois de mais algumas lebres caçadas, finalmente haviam retornado a vila.

Kirishima ajeitou melhor a carga de seus ombros, notando cada detalhe do lugar, um tanto diferente do vilarejo onde habitava.

Por anos sua tribo juntara riquezas a custa da vida de dragões, possuindo mais bens materiais do que aquela vila aparentemente apresentava.

Aquilo não lhe incomodava. De forma alguma.

Até preferia a simplicidade no olhar das pessoas que os recebiam.

— Deixo-nos ajudar. — Alguns moradores se adiantaram, dividindo a carga que os caçadores levavam.

— Parece ter sido uma boa caçada. — Um deles comentou, aliviando um pouco o peso que o ruivo carregava.

Pela quantidade de jovens que haviam ido, Kirishima sabia que poderiam ter caçado bem mais que aquilo. Porém, considerando que era a primeira vez que a grande maioria saia em missão e nenhum acidente havia acontecido, não pode deixar de concordar.

— O que são esses sons? — Perguntou confuso para Midoriya, ouvindo diversas vozes, em diferentes ritmos e diferentes tons.

— Canções de boas vindas. — O esverdeado sorriu pleno, antes de olhar confuso para Kirishima. — Na sua vila não há cantigas?

— Bem. Sim. — Eijiro afirmou, embora jamais tivesse ouvido algo do tipo. — Mas nenhuma como essas. — Admitiu.

Sua mãe havia contato história sobre o tempo de glória do vilarejo. Tempo que Kirishima jamais presenciava.

Sabia das histórias sobre festas memoráveis que aconteciam a cada vez que uma nova carcaça de dragão chegava carregada.

Desde o seu nascimento, no entanto, nem mesmo a sombra de dragões haviam sido avistadas, acabando com toda glória que mantinham no reino médio.

Olhou para frente, tentando se livrar de tais pensamentos, finalmente observando o loiro que caminhava a frente.

Bakugou por alguns instantes fechara os olhos, elevando seu peito ao enche-lo de ar.

Eijiro não precisou de muitas dicas para imaginar que o líder, egocêntrico como era, devia estar por um instante aproveitando as canções enquanto as imaginava serem cumprimentos para ele próprio.

O ruivo também fechou os olhos, tentando desfrutar do momento e quem sabe por um mísero instante acreditar que também eram comemorações por sua volta, embora jamais tivesse pisado naquele reino e não conhecendo ninguém que cantasse por si.


***


— Terminei por aqui. — Kirishima disse a si mesmo após empilhar as últimas cargas.

Além da caça, no caminho de volta ao vilarejo, Bakugou havia mandado-os coletar diversos frutos e raízes ao se aproximarem do destino.

— Se o tempo não esquentar, deve durar cerca de quatro dias. — O ruivo chutou, embora não conhecesse de fato a quantidade de pessoas ou consumo médio que a aldeia demandava.

— Vamos usar tudo na ceia de hoje. — Um jovem de cabelos louros dourado interrompeu seu pensamento, enquanto enchia a mão com amoras frescas da carga recém descarregada. — Ordens do Bakugou. Ele quer fazer um jantar daqueles, se é que me entende. — Explicou, mastigando as pequenas frutas. — Nada de economia por hoje.

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