Herdeiros

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Passava a entrada do grande salão, dando passos largos e sonoros, chamando atenção por onde passava.

Silencioso nunca fora uma característica associada a Endeavor. Principalmente em momentos de raiva.

O líder ruivo, dotado de pouca paciência para não dizer nenhuma, se encontrava em uma de suas piores semanas. Completamente exausto e farto de assuntos burocráticos, fora a provável desavença criada com uma das aldeias que menos suportava.

– Sua viagem foi mais demorada do que de costume. – Ouviu a voz já conhecida do filho caçula comentar, piorando seu estado de humor. – Seis dias completos. É a primeira vez que me recordo de vê-lo afastado tanto tempo do trono.

– Se meus filhos se mostrassem responsáveis talvez pudesse me afastar mais vezes sem receios do reino desmoronar. Infelizmente entre quatro ingratos, não há um único com capacidade de liderar. – Endeavor revidou. – Principalmente você, Shoto.

Eis uma das principais decepções da vida do rei.

Sempre havia desejado um herdeiro forte e digno que seguisse seus passos. Desejo não realizado.

Tinha uma série de motivos para não considera-los aptos para tal cargo.

Natsuo se mostrava desinteressado e completamente irresponsável para seguir seu legado.

Fuyumi era seu maior orgulho. Inteligente, justa, responsável, por isso resmungava sua irritação aos céus todos os dias por ela ter nascido menina. Embora fosse perfeita para o cargo, jamais cederia seu trono a uma mulher, por mais bem preparada que estivesse.

Quanto ao seu terceiro filho, evitava até mesmo pronunciar seu nome. A história do mesmo se tornara tabu entre o reino, com direito a represaria a quem o citasse.

O filho havia perdido sua honra e pago da pior maneira possível pelo crime cometido.

Endeavor ainda hoje sentia o peso da desonra e tristeza por tudo que ocorrera naquele dia.

Então houvera Shoto, sua última esperança. Desde a infância depositara todas as suas esperanças no caçula, o treinado para assumir o trono.

Infelizmente, já havia algum tempo que sentia seu espírito rebelde se agitar, até ouvir de sua boca o quanto rejeitava o símbolo do fogo que carregava.

– Sou eu quem devia questionar sua ausência. – Endeavor falou sério para o filho. – Quando sai em missão já havia alguns dias sem notícias suas.

– Por vezes preciso de um tempo longe desse lugar. – Todoroki informou de forma direta. – Me questiono porque ainda volto.

Endeavor apenas massageou a lateral de sua cabeça, sem paciência para discutir.

Sabia exatamente para o local que o filho fugia. Desconfiava vagamente do motivo, torcendo para estar errado.

Não aguentaria perder outro filho, principalmente para o pecado esbanjado de seus inimigos.

– Diga logo o que queres. Boas vindas tenho certeza que não veio me dar.

– Preciso falar com você sobre um assunto em especial. Tem haver com Katsuki Bakugou. – Todoroki respondeu, afastando um passo surpreso quando o pai se exaltou, socando a parede furioso.

– Não me fale sobre aquele pirralho desgraçado. – Rosnou irritado, demonstrando sua raiva em relação ao jovem líder da aldeia vizinha.

Se fosse por escolha sua, Bakugou já estaria morto, enterrado em algum lugar onde sua presença e ideologias modernas não fossem mais incomodar.

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