Piscava os olhos confuso, temendo o estado lúcido dos amigos. Kaminari jamais havia se considerado o mais sã do grupo, isto estava começando o preocupa-lo.
– Estão dizendo que existe um dragão vivo? – Repetiu a pergunta pela terceira vez seguida, intercalando seu olhar entre Midoriya e Kirishima. – É que ele está próximo, tipo aqui na vila? – Perguntou cauteloso, torcendo para que os amigos entendessem o quão absurda tal ideia parecia.
– Sei que parece loucura. – Midoriya concordou. – Mas até pouco tempo atrás não sabíamos da existência de Kirishima, um híbrido. Só porque há anos dragões não são vistos não significa que não possa existir algum ainda escondido.
Kirishima se mantinha calado, concentrado no brilho prateado da escama em sua palma.
Não entendia o porquê de ainda perderem tempo ali, ao invés de irem a procura da criatura, provavelmente assustada e ferida.
Cada segundo que se mantinham parados parecia desperdiçado.
– Não estamos falando de um cara com asas. – Kaminari os lembrou. – Estamos falando de uma criatura gigantesca que está sendo caçada por uma vila inteira. Se ela estivesse por aqui alguém já a teria encontrado.
– Não necessariamente. – A senhora Kirishima resolveu intervir na conversa, juntando-se aos jovens, enquanto servia o doce caramelo de sobremesa. – Haviam dragões de diversos tamanhos e habilidades. Meu antigo marido procurou por quase uma semana por um, camuflado entre os rochedos, adiando seu inevitável fim.
Eijiro resmungou baixo. Nada o causava mais repulsa do que as histórias de caçadas de seu pai.
Levantou-se pronto para seguir em busca do dono da escama, enquanto ela ainda brilhasse. Sua família já havia derramado sangue inocente demais, não seria omisso sobre um ao qual podia tentar ajudar.
Sentia que era sua responsabilidade após tanto estrago causado.
– Agora não, Kirishima-kun. – Midoriya pediu gentil, o parando. – É como Kaminari-kun falou, o vilarejo inteiro o está procurando. Se existe alguma forma de localiza-lo, precisamos ser discretos. Se um dos caçadores o encontrar não irá hesitar em mata-lo.
O ruivo apenas mordeu o canto dos lábios, tentando controlar seu nervosismo.
Embora o pensamento do menor estivesse certo, brigava consigo mesmo por obedecer e manter ali, novamente inerte.
Era um trio em uma busca fadada ao fracasso.
Olhou desinteressando para a sobremesa servida da mãe, sentindo o aroma caramelizado inebria-lo, lembrando-o daquele que também o aguardava.
Se ao menos Bakugo, com seu espírito determinado e firme estivesse ali para lidera-los.
Sentia mais falta do loiro do que podia definir.
Bakugo em pouco tempo o havia lhe conquistado de uma forma que até momento julgava ser impossível.
Lhe dera a liberdade, ao "quebrar" a maldita corrente sanguínea que lhe mantinha preso aquela vila, usando a mesma liberdade para acorrentar seu coração ao outro por livre escolha.
"Coração" sentiu seus três baterem forte ao lembrar do loiro e de sua missão.
Mesmo sentindo-se ligado ao outro fora capaz de deixa-lo sem pensar, seguindo o chamado mudo que sentia.
Bakugo havia feito por si mais do que deveria, mas do que o ruivo achava merecer, ao ceder a ele aquela missão, para que agora se mantivesse sentado sem que nada fizesse.
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Plano de voo
FanfictionDesde a infância, Kirishima sempre considerou suas asas como uma maldição, por ter nascido em um clã de antigos caçadores de dragões. Sentia-se preso a uma cultura que não concordava, antes conseguir sair de sua vila. Integrante de uma nova aldeia...