Plano de voo

Brisa noturna

— MAIS RÁPIDO. — O loiro irritado gritou, enquanto Kirishima corria esgotado. — Não estamos treinando as pernas. Tem que bater essas coisas. — Ordenou sem paciência. —BATA A PORRA DAS ASAS, EIJIRO.

— Estou batendo... Estou batendo. — O ruivo respondeu quase sem ar, por vezes planando baixo por milésimos de segundos antes de aterrissar.

Quando pediu ajuda de Bakugou com aulas de vôo imaginou algo bem diferente.

— Mais rápido, Cabelo de merda. — Bakugou continuou a ditar, dessa vez correndo ao seu lado para acompanha-lo. — Não está fazendo direito.

Kirishima seguiu as ordens cerrando o olhar.

Era óbvio que não estava. Sequer sabia como as próprias asas funcionavam.

Ter um professor como Bakugou não ajudava.

Se sentia como um pássaro ensinado por um gato. Algo lhe dizia que se o irritasse iria acabar virando o jantar.

— J-Já chega, sim? — O ruivo pediu quase sem ar, colocando a mão sobre o peito descompassado. — Estou cansado. Tive aula o dia inteiro. Não rola um intervalo? — Perguntou esperançoso, enquanto o Sol começava a se pôr.

Havia tido aula de história a manhã inteira com Iida, treino com espadas após o almoço com Midoriya e agora aulas de vôo no final da tarde.

— É sério, preciso descansar. — Kirishima informou, se sentando no chão.

— Tsc. — Bakugou resmungou, se jogando no chão ao lado do ruivo. — Desse jeito não vamos chegar a lugar nenhum.

Era horrível admitir sua ignorância sobre o assunto, mas como ensinar algo que jamais fizera a alguém?

Havia se sentido incrivelmente motivado quando o ruivo havia lhe pedido ajuda para voar. Mesmo não possuindo asas, seu ego inflado aceitou de imediato.

Agora simplesmente não fazia ideia de que tipo de coisas poderia fazer para ajudar o subordinado, já que apenas correr e bater as asas tinha se mostrado um verdadeiro fracasso.

— Terminamos por hoje. — Bakugou anunciou frustrado, se levantando do chão.

Kirishima por um segundo chegou a cogitar que o loiro havia desistido de lhe ajudar. Não o julgaria se o fizesse. O ruivo se sentia um verdadeiro fracasso.

— Eu só preciso pensar. — Bakugou avisou, como se lesse os pensamentos do outro. — Você deveria fazer o mesmo com essa sua cabeça oca.

— Seus elogios não cansam de me surpreender. — Kirishima ironizou, fazendo o loiro revirar o olhar. — Ei, Bakugou. Obrigada por não desistir de mim. —Agradeceu, lançando o melhor sorriso que possuia.

Bakugou precisou virar o rosto, fingindo não se importar, embora sentisse um razoável desconforto a nível estomacal.

Odiava a forma como simples gestos daquele cabelo de merda o desestabilizava.

As vezes tinha vontade de arrancar aqueles dentes afiados um a um na vã esperança que tal desconforto lhe deixasse.

— Vou falar com meu velho. — Bakugou anunciou, tentando colocar a cabeça no lugar. — O velhote é especialista em dragões. Ele deve ter alguma informação útil.

— Acha que ele pode ajudar? — Kirishima perguntou esperançoso, aumentando mais o sorriso, Bakugou sequer acreditava que aquilo era possível.

Em um ato impensado, Kirishima o abraçou pelos ombros emanando sua energia calorosa como forma de agradecimento.

Sequer notou o que fizera, até notar a expressão incrédula do loiro, petrificado diante tal ação.