— Eu já disse. É perda de tempo. — Kirishima falou, já farto daquela situação.
Quando perdera a aposta, jamais imaginou que Bakugou realmente lhe cobraria de tal forma.
Após aquela infeliz competição de queda de braços, o loiro lhe levara a uma área mais afastada das poucas pessoas que ainda sobravam junto a fogueira.
Portando apenas duas velas grossas, que foram postas de qualquer maneira ao chão. Kirishima mal enxergaria se a lua não os tivesse agraciando com um pouco de luz noturna.
— Vamos cabelo de merda, não tenho o dia inteiro. — Bakugou falou fingindo desinteresse, embora avalia-se cuidadosamente cada movimento realizado pelo ruivo.
— Eu não consigo fazer isso. — Kirishima informou, sendo ignorado. — Não posso pagar a aposta de outra forma? — Perguntou com um fio de esperança, sorrindo sem graça.
— Se eu tivesse perdido estaria agora com aquela louca de pedra. — Bakugou o lembrou irritado.
O ruivo também não havia proposto algo fácil.
— É diferente. — O ruivo tentava explicar. — É impossível para mim pagar. Eu realmente não sei voar.
— Então trate de aprender. — O loiro intimou, com a face fechada. — Eu não quebro promessas e não permito que quebrem comigo. Vamos ficar aqui até amanhecer se você não começar a bater essas coisas.
— Uhhhh... — Kirishima tinha vontade de gritar, enquanto puxava o cabelo vermelho estressado.
Era impossível debater com o loiro. Bakugou era simplesmente a pessoa mais teimosa que já conhecera na vida.
— Ok. — Falou se dando por vencido. — Vou tentar, só pra você ver que é impossível.
Incerto sobre por onde começar, o ruivo respirou fundo antes de abrir suas asas de maneira lenta. Expirou o ar que havia em seus pulmões movimentando as asas lentamente, como um alongamento prévio.
Bakugou não pode deixar de se surpreender com aquilo que via.
Abertas, as estruturas pareciam ser no mínimo o triplo do tamanho do quando estavam encolhidas nas costas do ruivo.
Melhores do que qualquer livro de anatomia dragoniana que havia lido do pai.
"Perfeitas" Foi a única palavra capaz de definir, principalmente quando movimentadas.
Era um desperdício pensar que Kirishima não as utilizava.
— Ainda estou esperando. — Proclamou, ganhando um olhar feio do ruivo.
Bakugou quase rira da expressão que Kirishima apresentava. Mesmo irritado, parecia completamente dócil.
— Agora. — O ruivo falou, pegando-o de surpresa, correndo por poucos metros para pegar impulso. Quando batera as asas, uma pequena rajada de vento foi formado, apagando uma das velas.
Kirishima continuou a correr, novamente as batendo, conseguindo com muito custo apenas saltar, poucos centímetros a mais que um humano comum conseguiria.
— Mais alto. — Bakugou exigiu, quando os pés do ruivo tocaram o chão. — Nem fudendo isso é considerado voo. Até o inútil do Deku faria melhor que isso.
Kirishima apenas o olhou de lado, se virando para fazer o caminho inverso.
Bakugou estava certo. Podia fazer melhor que aquilo. Não seria hipócrita a ponto de negar.
Refez o mesmo caminho, agora correndo mais rápido.
"Um pouco mais alto". Falou pra si mesmo decidido. "Um pouco mais forte". Bateu as asas, sentindo seus pés já não mais tocar o chão.
Mais duas batidas de asas. Mais uns dois metros de altura, antes de se desequilibrar e cair com força no chão. Rolou por duas vez, sentindo o braço levemente ralado e o gosto de terra nos lábios.
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Plano de voo
Fiksi PenggemarDesde a infância, Kirishima sempre considerou suas asas como uma maldição, por ter nascido em um clã de antigos caçadores de dragões. Sentia-se preso a uma cultura que não concordava, antes conseguir sair de sua vila. Integrante de uma nova aldeia...