Meu ímpeto: Prazer (Livro 1)

Capítulo 27 (Isso não é um conto de fadas)

                          ~🌘~
"Então me diga o que eu preciso fazer para me afastar de você, para me impedir de desmoronar todo o caminho abaixo com você. Eu ainda quero você, mas não pelo seu lado ruim, não pela sua vida assombrada." (Foxes - Devil Side)

-David Scott

_ Sofia, o que faz parada aí?

_ Estava passando e... desculpem, não quis interromper.

_ E porque ainda está aqui?

Me viro de volto para Alicia que parece envergonhada.

_ Tudo bem, a Sofia não interrompeu nada. Eu já estava de saída._ Alicia fala parecendo nervosa.

_ Saia, Sofia. Está surda?_ esbravejo, voltando a encara-la.
Ela sai apressadamente e com um semblante de raiva.
    Alicia começa a andar em direção as escadas, mas a seguro pelo braço._ Onde pensa que vai?_ pergunto. Puxo seu corpo para o meu e sorrio com os lábios próximos aos dela.

_ Ela vai contar pra todo mundo._esbraveja. Tão linda nervosinha._ Não vou mais ficar com você. Você está destruindo a minha vida!_ fala me afastando de si. Olho confuso e sinto um nó se formar na minha garganta._ Foram 18 anos trancada em um colégio interno. Perdi minha mãe sem poder me despedir e quando pensei que tudo melhoraria, você me sequestra. Você está me prendendo nesse lugar sem poder falar com o meu pai e com as pessoas que amo._ fala deixando algumas lágrimas caírem.

_ Alicia.._ falo buscando palavras, mas não encontro. Ela me encara enfurecida e tentando enxugar as lágrimas que insistem em cair.

_ Não precisa falar nada. Vamos esquecer o que aconteceu ontem. Você  teve o que queria, não é?_ pergunta se aproximando e me olhando com rancor._ Fique longe de mim._ conclui. Suas palavras me atingem de uma forma que eu não esperava. Deixo escapar uma lágrima, mas me viro rapidamente de costas antes que ela perceba.

_ Tudo bem, Srta. Evans._ falo ainda de costas para ela._ Como quiser.

    Após um ensurdecedor silêncio, ouço seus passos se afastando pelo corredor e logo descendo pela escadaria.
    Desço as escadas depois de alguns minutos e vou para o escritório do térreo.

_ David?_ Carlos indaga assim que entro no escritório.

_ Deixe-me sozinho, Carlos.

_ Sim, Senhor._ responde sem afronta.

    Não acredito que fui tão ingênuo. Estive a ponto de declarar paixão a uma mulher que tive relação apenas uma única vez. Uma mulher que me odeia e com toda razão.
Como sou imbecil.

_ DROGAA!_ grito com raiva. Jogo os utensílios da mesa no chão.

_ Sr. Scott?_ Stephanie chama, entrando no escritório._ Está tudo bem?_ pergunta preocupada, fechando a porta logo após entrar.

_ Sim.. Me deixa sozinho, por favor._ peço com as mãos no rosto.

_ O Senhor não parece bem. Precisa de alguma coisa?_ pergunta se aproximando.

_ De um charuto._ falo indo até um armário e abro a gaveta. Coloco o charuto na boca e retiro um isqueiro de dentro do bolso do meu paletó. Acendo e fumo._ Pode ir, Srta. Stephanie. Eu vou ficar bem._ digo encarando-a pela primeira vez desde que entrou.

_  Sim, Sr. Scott._ responde com o mesmo olhar assombrado de Carlos quando pedi para que saísse. Me encara por alguns segundos e então sai.

-Alicia Evans

    Depois de dispensar o David, vim para o meu quarto, aquele em que passei as noites desde que cheguei aqui, pois não vou mudar de quarto.
    Stephanie havia me dito mais cedo que o quarto em que eu passei a noite passada seria onde eu ficaria de agora em diante, por ordens do David, mas prefiro esquecer o que aconteceu naquele quarto. Bem longe das lembranças da noite passada, pelo menos fisicamente.
    Vou fazer de tudo para esquecer a noite de ontem. Não posso amar alguém que me faz tanto mal. Isso não é amor. Devo ter tido síndrome de Estocolmo esta manhã.
Além disso, ele e Sofia certamente tem um caso. Pela forma como Lídia contou e confirmando com a reação dela agora a pouco, não tenho dúvidas. Certamente a usou como bem entendeu até enjoar e agora quer fazer o mesmo comigo. Não posso ser fraca. Vou me manter afastada dele pelo meu próprio bem. Alguém como ele é incapaz de amar.