Capítulo 31

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-Alicia Evans

_Boa noite cinderela._ Pietra fala quando abro meus olhos.

_ Nossa!_ reclamo._ Parece que estive dormindo por séculos._ resmungo levantando meu corpo da cama e me espreguiçando.

_ Quase isso mesmo._ fala se aproximando da cama e sorrindo com sarcasmo.

_ Lembro-me de estar no escritório discutindo com o Sr. Scott e de repente... não me lembro de mais nada._ falo sentando na cama. Pietra se senta ao meu lado.

_Sobre ele, tenho uma noticia para lhe dar._ diz emocionada. Assinto para que prossiga._ Ele liberou você. Disse que quando você acordasse poderia sair daqui._ diz. Sorrimos juntas em lágrimas.

_ Está falando sério?_ pergunto sem acreditar.

_ Claro! Está livre amiga._ sorrimos e nos abraçamos._ Ouvi ele pedir para um segurança leva-la onde quisesse ir._ conclui acariciando meu cabelo.

Me levanto da cama emocionada e contente, abraçando Pietra.
Mas então... me recordo da discussão que tive com David e de repente a tristeza volta a me invadir.
E pra onde eu iria? Meu pai me enganou, não posso voltar para casa sabendo tudo que sei. Ele me vendeu e não se importou com meus sentimentos.
Talvez seja melhor eu ir para a casa de Lydia e do Sr. Jones. Lydia jamais teria concordado com isso. Preciso encontra-la e falar com ela.

Acabo passando a noite no bordel e decido sair assim que amanhecer. Pietra e eu viramos a madruga conversando sobre os ocorridos e nos despedindo também. Contei a ela sobre a discussão e sobre meu pai. Ela ficou indignada como eu. Mesmo que fosse verdade as coisas horríveis que David havia me dito, nada no mundo justificaria vender outro ser humano.
Livia, Sofia e Stephanie vieram trazendo brigadeiro de panela na madrugada. Acabou sendo muito divertido minha última noite ali e um prazer ter conhecido pessoas tão bacanas dentro de uma situação tão ruim. O boato acabou se espalhando por todo o bordel e as meninas já estavam cientes de muitas coisas sobre mim. Elas me contaram sobre o que ficaram sabendo e compartilhei com elas a reação de David no quarto. Ainda não entendia porque ele estava com um semblante de choro. Não conseguia acreditar que era somente pela nossa discussão ou mesmo pela forma como tudo aconteceu. As meninas também não sabiam muito sobre isso. Só disseram que todos estavam muito abalados. Contei a elas tudo sobre minha vida, meu nome verdadeiro e minha história.

Quando o dia amanhece, lembro-me da ultima vez que me despedi de pessoas que amava. Minhas amigas no colégio interno, em especial Claire.
Pietra é uma pessoa que levarei sempre comigo e que um dia reencontrarei em momentos melhores da minha vida.

_ Assim que minha vida se ajeitar, vamos voltar a nos vermos. Quem sabe você não deixa essa vida e vem morar comigo em algum lugar do mundo._ falo abraçando Pietra. Estamos na saída da porta principal. Lídia, Vivian, Stephanie e Pietra estão comigo.

_ Você fará muita falta, querida._ Stephanie fala me abraçando também.

Todas nos abraçamos e nos despedimos, derramando algumas lágrimas amigas.

_ Você está livre agora para fazer suas escolhas._ Vivian diz sorrindo.

_ Telefonarei para vocês. Quero que me visitem._ falo entrando no carro._ Pois é muito difícil para mim vir vê-las nesse lugar, mas vocês foram coisas boas que aconteceram em um período difícil._falo em prantos enquanto o motorista abre a porta do carro para que eu entre.
Abraço uma última vez às meninas e entro no carro. A porta se fecha, aceno pelo vidro me despedindo mais uma vez de pessoas que gosto.

O bordel é bem afastado da cidade e as paisagens, no decorrer do trajeto, são lindas. O rádio do carro toca Maná, vivir sin aire. Deixo-me levar por meus pensamentos. Recobro-me das ultimas palavras de David, antes de meu desmaio. Doeu muito ouvir aquelas coisas e ainda dói. Ainda não sei o que pensar sobre o que ouvi. Amo minha mãe e isso nunca vai mudar, mas preciso saber a verdade. Tenho que falar com Lydia, perguntar a ela o que sabe.
Não sei o que pensar. Minha cabeça está um turbilhão. Preciso de um tempo para absorver e tentar entender essa história para que só então eu procure meu pai. Mas também preciso de aconchego e carinho de alguém que eu confio, que eu amo.
Preciso manter minha sanidade e administrar meus sentimentos.

Estamos entrando pelas ruas de Madrid quando explico ao motorista o rumo da casa de Lydia.

_ Sei onde é._ diz gélido.

_ Está indo pelo caminho errado. Deveria ter entrado em uma rua a duas esquinas atrás, Senhor._ falo apreensiva. Ele me encara pelo retrovisor do carro e sorri com deboche.

_ Não vamos para sua casa. Seu pai se mudou._ fala voltando a atenção para a estrada.

_ Eu sei...Mas não quero ir para a casa de meu pai._ falo.

_ Ele pediu para vê-la._ responde arrogante.

_ Para onde estamos indo?_ pergunto.

_ Fique tranquila, senhorita._ diz. Fico apreensiva, nervosa e com medo. Olho o trajeto inteiro da estrada para o volante, sem saber o que fazer.

Decido confiar, David não me faria mais mal do que já fez. Mas, por via das duvidas, minhas mãos já estão prontas para abrir a porta do carro.
Meu medo e nervosismo se instalam descontroladamente quando nos afastamos da cidade em direção a uma rodovia.

_ Onde fica esse lugar que está me levando? Meu pai está lá?_ pergunto aproximando meu rosto entre os bancos da frente, pois estou sentada no banco de trás.

_ Sim, senhorita. Seus familiares estão lhe esperando_ diz tentando me tranquilizar. Meus familiares?

_Como assim, meus familiares?_ pergunto curiosa. O homem não responde e continua em silêncio.

5 horas depois...

_ Estamos chegando?_ pergunto cansada.

_ Quase senhorita._ responde.

Entramos em uma estrada de terra e de longe avisto um carro parado na estrada. Posso ver que há alguns homens dentro. Um deles abre a porta traseira e sai. Nosso carro para logo atrás deles.
O homem vira-se encarando o motorista que está comigo. Seu semblante não é nada agradável

_ Quem são?_ pergunto ao segurança enquanto desliga o carro.

_ Sua nova família._ responde saindo do carro. Ele bate a porta do carro, me deixando sozinha. Me desespero imediatamente. Sem saber o que fazer e em um impulso descontrolado, abro a porta do carro. Corro na direção oposta com toda minha velocidade. Ouço os homens de terno denunciarem minha fuga e sinto que dois deles correm logo atrás de mim. Corro mais rápido que eles e avisto a rodovia a alguns metros. Meu coração bate desenfreadamente e não consigo pensar em nada que não seja na rodovia. Meus pés já calejados e cansados, tentam me trair, mas continuo.

Percebo um deles se aproximar muito de mim

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Percebo um deles se aproximar muito de mim. Continuo correndo, mas ele é mais ágil e me agarra, arremessando seu corpo contra o meu. Caímos no chão.

_ME SOLTA._ grito._ SOCORROOOOO!_berro. Tento me soltar dos braços dele, mas ele me sufoca. Posso ver seu rosto repugnante enquanto aperta meu pescoço. Este é branco e careca, usa um terno também. Deve ter uns 40 anos e não parece ser o tipo de pessoa que sente pena de alguém.
Deixo escapar uma última lágrima aflita e perco totalmente a consciência.

Meu ímpeto: Prazer (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora