Capítulo 15

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-David Scott

    Essa mulher me deixa louco! Não posso vê-la e nem ficar perto dela. Não consigo suportar ficar quieto ao seu lado. Não poderia!
Saio do reservado e vou para o meu escritório no bordel. Não posso mais encara-lá hoje. Vou até o corredor dos quartos que dá para a escada do andar de cima e sigo em direção ao escritório.
_ Sr. Scott._ dou de cara com Carlos, que está saindo do escritório._ Estava administrando os lucros da noite, agora vou para o escritório de baixo, controlar o restante da noite.

_Pode ir. Vou dar uma olhada na papelada e ficar por aqui.

_ Sim, Sr._ responde me dando passagem e então sai pelo corredor. Entro no escritório.
    Fico ali analisando os lucros e os arquivos dos funcionários, gastos e despesas. Acabo me envolvendo e esquecendo do horário.
    Quando olho para o relógio no meu pulso, me assusto.
_ CARALHO! Tenho que ir._ falo. Me levanto, organizando os papéis em uma pasta e dispensando dentro de uma gaveta.

_ Sr. Scott!_ Stephanie e Carlos falam, entrando no local.
_ Ainda aqui?_ Stephanie pergunta.

_ Perdi a hora, analisando uns arquivos aqui. Os clientes já foram?

_ Sim, quase todos. Tem três ainda, ocupando os quartos com as acompanhantes. Deixamos dois funcionários no salão principal e dispensamos as funcionárias para dormirem.

_ Tudo bem! Vou embora também._falo indo na direção deles.

_ Tenha uma boa noite, Sr._ despedem-se em uníssono.

_ Vocês também!_ respondo passando entre eles e saindo pelo corredor.
    Desço as escadas, passando pelo corredor dos quartos das meninas. Paro na encruzilhada, pois a direita estão os quartos. Me sinto tentado a vê-la mais uma vez, antes de ir para casa e sentir sua falta a noite inteira. Fico parado olhando para o corredor, mais especificamente para a porta que dá para o seu quarto. Estou a poucos metros.
DROGA!
Sigo até a porta do quarto dela. Fico aqui, estagnado. Com uma vontade enorme de invadir seu quarto, mas com a consciência pesada só de pensar. Apesar de sentir que ela me deseja, sinto também sua repulsa. Não poderia insistir mais nessa garota. Não posso me humilhar dessa forma.
    Minhas mãos estão sobre a porta, mas desisto e me viro para ir embora, quando ouço grunhidos de dentro do quarto.
    Me aproximo mais da porta, tentando ouvir e ouço a voz de um homem. Não consigo entender o que ele diz.
    Em um impulso, bato na porta.
_ Amanda?_chamo, dando dois toques. Espero que me responda e, como isso não acontece, chamo outra vez._ Tudo bem aí? Posso entrar?_ pergunto. O que está acontecendo? Por quê ela não me responde? Começo a ficar preocupado._AMANDA?_ vocifero e tento abrir a maçaneta, mas está emperrada. Jogo meu corpo contra a porta, sem pensar duas vezes, e a abro.
    Assim que vejo aquele homem em cima dela, vou bruscamente para cima dele e soco sua cara sem parar. O puxo pela gola e o jogo contra a parede de frente para a cama. Ouço soluços e um choro desesperado invadir o quarto, mas continuo batendo incansavelmente no desgraçado.
    Sinto meu punho doer depois de inúmeros golpes. Jogo ele no chão e ele tenta me parar, mas não consegue. O prendo com minhas pernas e vejo seu rosto inundar de sangue. Ele tenta se proteger com as mãos, mas é inevitável.   Me levanto e o puxo comigo, dou uma joelhada em seu estômago e ele se encolhe de dor.
     Paro os golpes e me viro para olhar para Amanda. Está encolhida e coberta com o lençol da cama. Sinto algumas lágrimas escorregarem pelo meu rosto e, em seguida, um soco do desgraçado invade meu rosto. Volto minha atenção para ele e o machuco ainda mais.
_ SENHOR SCOTT!!!_ Carlos chama, tentando me puxar de cima do cara.

_ SAIA!_ grito. Ele continua me puxando e os seguranças entram para ajudar até que conseguem me tirar de cima do cara._ Quero ele morto!_ falo sentindo o gosto de sangue descer  pela minha boca.
    Me solto dos seguranças e me afasto do sujeito. Os seguranças seguram ele pelo braço e o levantam.
_ Levem ele pra trás do prédio e me esperem lá._ falo acompanhando eles em direção à porta. Fico parado, ao lado da porta, esperando que saiam com ele.

_ Sim, Senhor!_ os seguranças respondem saindo com o sujeito, que não abriu mais a boca.

_ Você também, Carlos._ ordeno ao vê-lo parado olhando em direção à Alicia.

_Sim, Senhor. Vou mandar Stephanie vir ajudar com a bagunça e ver se precisam de algo._ fala antes de sair. Somente assinto, ainda parado ao lado da porta. Carlos sai e fecho a porta em seguida, ficando sozinho com Alicia.
    O quarto fica em um silêncio profundo e me lembro da última vez que isso aconteceu. Eu havia prometido que isso não se repetiria.
_ Amanda. Prometi pra você que isso não aconteceria outra vez e nunca vou me perdoar por não cumprir essa promessa._ falo de costas para ela, sem conseguir encara-la.

_ Não é culpa sua!_ ela responde com a voz embriaga por lágrimas. _ Pelo menos não diretamente. _ conclui estraçalhando de vez minha consciência.

_ Sinto muito!_ digo. Nunca estive tão vulnerável diante de uma mulher, mas não conseguia segurar minha dor. Lágrimas pesadas caíam intensamente dos meus olhos. Mas isso era o de menos, porque o que eu sentia era profundamente ruim. Me sinto fraco e culpado. Tudo isso estava acontecendo por minha causa. Por que usei da ilegalidade de uma situação para cometer outra.
Sou um MERDA!
    Sem conseguir dizer mais nada, saio do quarto ainda de costas para ela e fecho a porta atrás de mim.

Meu ímpeto: Prazer (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora