XXI

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Eram exatamente 2:15 da manhã e eu não conseguia dormir. Josh passeava em meio aos meus pensamentos. Eu suava e me contorcia na cama, apenas de boxers e um moletom amarelo, sentindo falta de seu corpo.

"Droga, Josh, vai embora"

Me viro de um lado para o outro na cama procurando uma posição confortável para tentar pegar no sono, mas falhei miseravelmente.

"Merda"

Me levantei e fui até a cozinha beber um copo de chocolate para conseguir me acalmar.

Já na cozinha, colocando o Toddy no copo (toddy>>>>nescau) junto ao leite, lembrei do que aconteceu mais cedo na cafeteria. Nossas mãos se encostando como antes, seu rosto em meu campo de visão novamente...Sentir a presença dele outra vez era incrível. Eu queria saber o motivo pelo qual ele foi, ah como eu queria. Quem sabe assim conseguiria o trazer de volta para mim.

"Não, Tyler! A Jenna! Você está noivo, lembra?! Josh foi embora porque quis, agora está com a azulada mal lavada!"

Brigava com meus pensamentos enquanto encontrei meu livro favorito dentro de uma gaveta da cozinha. Jenna deve ter o pego e esquecido aqui. Aquela loira é louca.

O livro All My Sons era a base de uma peça de teatro com o mesmo nome. Contava sobre Joe Keller, um cara que administrava uma empresa que enviava peças para aviões que eram usados na Segunda Guerra Mundial. Um dia descobre que suas peças estavam danificadas. Mesmo assim decide envia-las e algum tempo depois recebe a notícia de que vinte e um pilotos que pilotavam aviões construídos com peças fornecidas por ele tinham morrido na guerra.

A história, por incrível que pareça, era interessante e contava bastante sobre sua trajetória de vida, questões de moral e como lidou quando seu filho morreu.

Decidi reler. Estava prestes à chegar na parte em que ele embalava suas peças, quando, de repente, alguém começou a bater na porta. Quem seria uma hora dessas? Jenna e eu não moramos juntos ainda, mas ela tinha ido passar a noite no hospital com sua mãe, já que estava doente e mais nenhum maluco me passava pela cabeça.

Deixei a caneca e o livro em cima do sofá e fui até a porta, a abrindo devagar, com um certo medo.

- Tyler! - um abraço caloroso me cobriu tão rapidamente que nem consegui identificar quem era...até aquele cheiro invadir minhas narinas.

Aquele aroma eu conheceria de longe.

- Josh... - sem pensar muito, o abracei de volta. Me deixei levar pelo momento e quando percebi, minhas mãos estavam acariciando carinhosamente seu cabelo, agora preto. Então minha ficha caiu. - Josh! - o empurrei. - O-o que está fazendo aqui?

- Eu não queria ficar distante de você. Tyler, eu não queria. - me agarrou de novo e começou a chorar.

- Shiuuu. - enlacei meus braços nele, dessa vez passando a mão em suas costas, o sentindo soluçar e fungar. - Vem, entra. - o puxei para dentro, fechando a porta.

Ofereci água, café, leite, suco, comida e qualquer outra coisa que talvez o faria bem.

- Josh, eu não sei o que fazer. - fechei a porta da geladeira e o olhei sentado no sofá, ainda fungando, mas dessa vez olhando para algumas fotos como uma criança analisando um brinquedo.

Me aproximei dele para tentar enxergar quais fotografias eram e...Eram fotos nossas? (lindinhas na mídia sz)

- De onde você tirou isso? - toquei em seu ombro, perguntando num tom divertido.

- Revelei quando fui pra Washington. - secou suas bochechas com as costas de sua mão.

- Posso? - me referi às fotos e ele assentiu, me entregando-as.

my office boy • joshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora