XVIII

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Após acordar jogado na cama, e sem lembrar de como havia parado ali, senti leves dores em seu corpo e logo lembranças da noite passada invadiram minha mente. Como eu estava sentindo falta daquilo. Eu nem lembrava mais da discussão que estávamos tendo.

Me viro para o lado esquerdo da cama e vejo que Josh não estava ali. Encosto minhas costas na cabeceira da cama, tentando pensar aonde ele teria se metido.

9:24 mostrava o ecrã do meu celular. Me levantei e fui em direção ao banheiro lavar o rosto e procurar Josh.

Após escovar os dentes e olhar atentamente para dentro do box, o cenário da nossa transa, respirei aliviado por ter tido essa experiência de novo.

- Josh? - o chamo, mas não obtenho resposta.

Dei de ombros, mas no fundo estava com medo. Saindo do quarto, fui diretamente para a cozinha, pois estava morrendo de fome, e dor.

Coloquei leite e cereal na primeira vasilha que encontrei e quando estava indo para a sala assistir algum desenho matinal, algo em cima da mesa me chamou a atenção.

Um cd do Aerosmith, mais especificamente o Get a Grip estava em cima de um envelope amarelo. Não lembro de tê-lo deixado ali. Curioso, coloquei o cereal em cima do balcão e me estiquei para pegar o envelope.

Para: Tyler
De: Josh

Meu corpo estremeceu. Por que Josh me deixaria uma carta?

"Tyler, eu escrevi essa carta para te dizer adeus. Muitas coisas aconteceram e está muito difícil continuar. Não sei se você irá me perdoar; mas agora, só isso me resta. Sinto muito por não ir atrás de você para te dizer o que sinto, mas eu não conseguiria ver seus lindos olhinhos e ficar bem de novo com este adeus.
Pensei muito sobre esta partida, e entendi que isso é o melhor a se fazer. Pode ser que você não entenda meus motivos, mas isso o tempo irá te mostrar. Assim eu espero. Estou te deixando hoje, com essa vontade de continuar, mas não dá mais.

Nossos dias juntos apenas fizeram com que eu me apaixonasse mais por você e estão tornando a minha ida cada vez mais difícil.
Você foi a pessoa que resetou o meu coração apenas com o olhar e eu serei eternamente grato por isso.

Peço por favor para que não tente me ligar, mandar emails, mensagens de texto ou qualquer outro tipo de contato. Troquei todos esses meios para que não nos machuque outra vez.
Deixei o apartamento quitado e o resto das contas em dia. O resto eu deixo com você, pois sei que é capaz de cuidar do nosso lar.

Obrigado por tudo, Ty.
Eu te amo."

Minhas lágrimas já molhavam o papel, a mesa e qualquer outra coisa que estava em minha frente.

O Josh se foi.

[Josh]

Tyler dormiu rapidamente em meus braços. Acariciei seu cabelo ralo, respirando fundo o cheiro de sabonete que vinha de nós. Eu não queria que aquilo tivesse fim.

Fazia 1 mês que eu não recebia mensagens daquele número privado. Estava desconfiando de que fosse apenas alguma brincadeira de mau gosto.

Meu celular começa a vibrar em cima da escrivaninha. Com certo receio, me levanto, devagar para não acordar o meu amado, e pego o aparelho.

Era ele. De novo.

NP
Você me desobedeceu, Joshua!
Agora vai pagar as conseqüências!

No exato momento em que li a mensagem, ouvi a porta da casa ser arrombada e Tyler me mexer na cama. Ele foi a primeira coisa que me passou pela cabeça. Eu não ia deixar ele morrer. Eu o amava demais para deixar ir.

Com cuidado e medo, vesti minhas roupas e saí do quarto, indo até a sala. Lá haviam três caras extremamente enormes e fortes. E meu Deus! Como eram fortes. Antes que eu pudesse me pronunciar, um deles me prensou contra a parede e começou a me socar. Meu rosto estava coberto de sangue que saia pela minha boca e nariz, enquanto o outro procurava alguém, talvez o Tyler, pela casa.

- Cadê o seu viadinho, hein? - abria as portas dos cômodos com força.

- P-por favor...O Tyler não. - levei outro soco na boca do estômago, me fazendo cair no chão e cuspir mais líquido vermelho.

- Achamos que você era fraco, Dun. Mas não imaginamos que era tanto. - riu, vindo até mim e se abaixando. - Você vai pegar a porra das suas coisas e vai ir com a gente. Halsey já está em nossas mãos e a passagem de vocês pra Washington também. - me chutou mais uma vez. - Rápido! - ordenou e eu, completamente fraco, me levantei.

Minhas pernas bambeavam. Eu estava me sentindo inútil. Abri a porta do quarto e Ty ainda dormia tranquilamente. Eu só queria deitar ao lado dele e dizer o quanto eu o amava e o queria por perto. Dizer quantas vezes aquele abraço carinhoso e sua mão delicada salvaram o meu dia, como quando eu quebrei o meu porta retrato. Queria pedir perdão por tudo o que fiz passar. Eu tinha tantas coisas para dizer.

Com dor no coração e no resto do corpo, peguei minha mala de viagem de dentro do guarda roupa e coloquei todas as minhas roupas novamente. Aquela imagem estava se repetindo na minha cabeça, como no dia que saí de casa. As lágrimas no meu rosto começaram a se formar, mas eu não podia chorar. Eu não podia deixar que ele acordasse.

Após tudo guardado, olhei pela porta do banheiro e lembrei das horas antes. Aquilo foi tão precioso pra mim. Ele era precioso para mim.

- Tyler... - disse num tom inaudível, me aproximando dele na cama. - Tyler você foi os meus bons dias. Você foi tudo o que eu precisava. Você me fez sentir tudo o que eu nunca senti. Você me fez amar e me sentir amado. - passei meu polegar pela sua bochecha. - Eu vou sentir a sua falta pelo resto da minha vida, mas nunca vou deixar de tentar lutar. Eu não vou desistir de tentar descobrir quem está nos fazendo mal e eu juro que quando conseguir, eu vou voltar e nós vamos para a África do Sul ajudar os necessitados. Esse é um dos seus sonhos, não é? - sorri em meio ao carinho, pensando no amor que ele tem no coração. - Eu vou sempre, verdadeiramente, completamente, amar você. - as lágrimas escorriam de meu rosto. Me levantei e fui até a porta, dando a última olhada, com meu coração quebrado.

Fechando-a, encontro os homens fumando ao lado da pia. Faço uma expressão de nojo, mas logo lembro que eu também estava num estado nojento. Minha roupa estava ensanguentada e eu continuava fraco.

- E então, seu viado de merda. - cuspiu e jogou o cigarro longe. - Vamos. - puxou meu braço e fomos pra fora de casa. - Charles! Anda, seu imprestável! - chamou o que me batia que ainda estava dentro de casa.

- Não é culpa minha que o cara tem um bom gosto pra comida. - saiu do apartamento com quase toda a minha comida em suas mãos.

Descemos o elevador, ainda preso, lembrei que Halsey também estava na mesma situação. Olhei com ódio para os caras e os mesmos estavam sérios - mas um deles comendo. Pela minha cabeça a imagem do Tyler acordando pela manhã passou pela minha cabeça. A imagem dele não me tendo ali para si passou pela minha cabeça. A vontade de chorar passou pela minha cabeça. Então eu chorei.

my office boy • joshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora