I

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As freiras me arrumaram e me deixaram com um cheiro gostoso de baunilha, dizem ser o preferido do príncipe. Roupas caras, jóias, o cabelo na maior perfeição...é assim que príncipes se vestem, certo?

Sou um príncipe, sei disso, mas a maior parte de minha vida vivi-a no convento, um lugar simples e eu fui criado para ser assim, normal. Sei todas as normas de etiqueta e todos os métodos de sabedoria que um príncipe deve saber, mas veja bem, eu não cresci em um palácio, logo não sei como é a vida em um.

As vezes me pego com medo, mas do quê? Eu literalmente sou noivo do príncipe de Seul e quando me casar com ele serei rei de duas nações. Mas é isso, é exatamente disso que tenho medo.

Eu não fui criado para ser rei de uma nação, imagine DUAS! Tenho medo de fracassar, de não ser um bom rei, um bom marido, eu tenho medo de tudo. Mas passei por cima disso para cumprir com meu destino, sou eu, Park Jimin, o herdeiro de Gwenon e futuro marido do herdeiro de Seul, tecnicamente sou o homem mais poderoso da Ásia, depois de Jeongguk, pois oque sempre me foi dito é que Jeongguk é quem manda, ele foi criado para mandar, e eu para obedecê-lo, mas além dele, não cumpro mais as ordens de ninguém.

O dia está bonito, algumas nuvens no céu, o inverno está acabando e meu casamento está próximo, eu nem consigo imaginar como será o rosto dele.

A viagem a caminho de Seul não é muito longa, mas para mim parecia durar uma vida inteira, afinal, foi esse o tempo que esperei para conhecer Seul

A medida que aproximávamo-nos de Seul, o dia que estava bonito foi se tornando cinzento, logo a neve começou a cair, os boatos de que é um país cinzento não são mentirosos pelo que posso ver agora. A carruagem parou, podia ouvir gritos vindos do lado de fora e logo o véu foi colocado sobre meu rosto, eu não poderia ser visto até o dia do casamento.

Quando botei os pés para fora, a grande multidão gritava, de certa forma me senti assustado, nervoso, esse povo espera muito de mim, e eu não sei se posso lhes dar sequer a metade disso. Mas eu vou me esforçar para ser o rei que merecem.

Não demorou para a Governanta do grande palácio me levar para dentro, abrindo com dificuldade as pesadas portas de mármore. Lindo

O palácio é lindo, em tons de madeira escura muito bem envernizada, o ambiente cheira a colônia de baunilha, o mesmo cheiro que possuo no momento, sem dúvidas o preferido do príncipe.

As servas me analisavam eufóricas, todas pareciam animadas com minha chegada, e cá entre nós, todas repletas de extrema beleza, me admira que sejam empregadas.

—Bem vindo, Vossa Alteza.
a governanta se dirigiu a mim com classe, com um medo contido em sua voz
—Muito obrigado, ahm...como devo chamá-la?
os olhinhos redondos da senhora que me parecia ter por volta de 60 anos, se arregalaram por um estante, mas logo ela voltou a manter a postura.
—E-eu...meu nome é Margot, mas-
—É um belo nome, Dona Margot..
curvei minhas costas em sinal de respeito, sempre me foi ensinado a respeitar os mais velhos, não importa a classe social. Mas pelo visto, a senhora a minha frente não estava acostumada com minha gentileza, sorriu alegre.
—Vossa alteza é muito gentil, bem...escolha três servas para serem suas amas pessoais, cuidarão de suas necessidades pessoais, ajudarão com suas vestes de cada dia, bem, serão muito essenciais.

Analisei calmamente cada uma das moças a minha frente, todas as jovens moças pareciam ter uma personalidade diferente da outra, mas três moças grudadas uma na outra, como se tivessem um laço muito forte entre si, me chamaram a atenção

—Vocês.
As três me olharam rápido, logo abrindo lindos sorrisos de orelha a orelha, que me fizeram sorrir também.
—Ótimo, meninas, acompanhem vossa Alteza até seus aposentos, o dia deve ter sido bastante exaustivo

As belas damas fizeram uma reverência antes de fazer um sinal com a cabeça para que eu as acompanhasse. O castelo é enorme, um tanto deprimente também, as cores em tons escuros, as cortinas semi abertas deixando pequenas frestas de luz entrarem num dia nublado.

—Quando conhecerei meu noivo?
—Nós não sabemos, vossa alteza, o príncipe anda tão ocupado esses meses, nós nunca mais o vimos
Uma das criadas se pronunciou, com uma voz baixa
—Mas, bem...tem várias pinturas dele pelo castelo
—Pinturas não são suficientes! Eu o deveria ter conhecido a muito tempo! Ou ele prefere que os boatos sobre ele sejam maiores que sua personalidade real?
As amas abaixaram a cabeça, talvez tenha aumentado meu tom de voz
—Eu...me desculpem, aumentei meu tom e as senhoritas não tem culpa
Elas pareciam cada vez mais surpresas
—Eu gostariaQ de ver uma pintura dele...
—Não se preocupe, Vossa Alteza, não tardará a conhecê-lo.

Meu quarto é amplo e nos mesmo tons do castelo, eu realmente vou ter de viver em local tão deprimente? Este palácio precisa de mudanças! As criadas me ajudaram a tomar banho, e vesti roupas de seda, dito por alguns serem dignas de um príncipe, mas porque essa divisão? todos deveriam usar roupas de seda, não é?

—Não há nenhum compromisso a sua espera, alteza, se nos permite dar um palpite, poderia e explorar o palácio
—Sim! prometemos que não é tão escuro e depreciativo quanto parece!
Elas sorriram doces e eu retribuí tal gentileza.

—Obrigado...ah! me chamem na hora do jantar, por favor, eu ainda não conheço os horários do castelo
—Claro, majestade..
As três moças se curvaram e saíram do cômodo, me deixando sozinho em meus aposentos.

Abri a pequena porta de madeira, e passei a explorar os compridos corredores do palácio, um tanto silencioso e escuro. Vi o jardim, que como as criadas me disseram, dava uma bela cor ao local, mesmo que a maioria estivesse coberta por neve.

Voltando do breve passeio, já era tarde e, mesmo que não tivesse sido avisado do jantar, já estava cansado, e foi atravessando um dos grandes corredores que parei para olhar admirável pintura.

O contorno todo revestido em ouro, e o homem parado na tela, sério, implacável, como uma escultura feita em ouro branco, com uma pequena plaquinha no canto inferior central.

"Jeon Jungkook II, Herdeiro de Seoul"

Meu noivo.

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