O som dos automóveis e pessoas apenas fazia Taehyung ficar nervoso. Estava parado em frente ao restaurante o qual havia combinado de encontrar seu pai, não o via desde que saiu da polícia. Com um pouco de esforço, finalmente empurrou a porta, sentindo o ar-condicionado arrepiar os pelos de seu braço.
Após dar seu nome para a recepcionista, foi indicado até a mesa em que o pai estava. O homem de 68 anos, cabelos quase completamente grisalhos e terno muito bem alinhado se mantinha entretido pela taça de vinho em sua mão. Finalmente percebeu a presença do filho quando este pigarreou e sentou-se à mesa.
— Queria me ver, pai? — tentou não parecer muito ansioso.
— Sim, Kim Taehyung.— Taeji tomou o último gole do vinho e repousou a mão sobre a mesa. — Vim te pedir que volte atrás.
— Voltar atrás? ㅡ arqueou uma sobrancelha. ㅡ Sobre o quê?
— Sobre isso tudo que você inventou. Ser dono de hotel, bicha. Não traga mais vergonha para a nossa família. ㅡ suspirou. — O seu bisavô era militar, o seu avô era militar, eu sou capitão da policia, você deverá exercer o mesmo cargo em breve. É ótimo detetive, ainda não consigo entender o que houve com você.
— O que houve comigo? — soltou uma risada seca. — Sou o mesmo que sempre fui.
— Não, meu filho. Antes você era responsável, respeitava nossa família, era homem... — o Kim mais velho foi cortado.
— Era homem? — disse em desdenho. — Eu sou homem, pai. Eu sou gay porque gosto de outros homens.
— Você não gosta de homens, Taehyung. Isso é só uma fase. — ajeitou a postura. — E logo passará.
— É sério? — soltou um riso fraco, não acreditava no que estava ouvindo, mesmo depois de ter escutado aquilo tantas vezes. — Não, não é uma fase. Eu entendo minha sexualidade desde que fiz 16 anos e percebi que tinha mais tesão no meu amigo do que na minha namorada.
— Olhe o palavreado. — disse Taeji, o qual apenas recebeu um rolar de olhos.
— Você também não olhou o seu quando falou dessa forma comigo. — bufou.
— Você? — arqueou uma sobrancelha. — Eu sou seu pai, Kim Taehyung, mais respeito. Depois que a Jihyo...
— Sangue não é motivo pra se ter respeito, ações são motivo de respeito. — levantou-se da cadeira, cortando-o. — Sou quem sempre fui e não vou desistir de quem sou pra manter a imagem da família. Agora se me dá licença, tenho um hotel pra administrar. E por favor, não toque no nome da Jihyo.Saiu sem dar a Taeji a chance de responder e entrou dentro do carro. Suas mãos tremiam mais do que nunca. Respirou fundo e deu partida no automóvel.
Dirigiu sem rumo por alguns minutos, não tinha ideia do que fazer, seu corpo estava quente de raiva. Finalmente, voltou para o Glory, alguma coisa estranha o puxava para o hotel.— Boa tarde, Srta.Yoo. — cumprimentou a recepcionista e subiu para o quarto que tinha reservado para si.
Estirou-se na cama e suspirou, tentando fazer a raiva passar. Não era a primeira vez que brigava com o pai por conta da sexualidade ou por ter deixado a polícia, mas em todas as vezes terminava com raiva e uma pontada de tristeza.
Sentou e começou a observar o céu escurecer. A mistura de chiclete tutti-frutti e hortênsias era extremamente agradável para a visão de Kim, o lembrava de quando, no final da tarde, ia com a mãe e os irmãos tomar sorvete numa lanchonete pequena, afastada de todo o luxo o qual viviam. Sentia falta daqueles momentos.
Sentiu um aperto no peito. As palavras ainda doíam e muito. Conseguiu sentir as lágrimas saírem de seus olhos quando remoeu o que seu pai havia dito em todas as suas brigas. Se sentia triste, mesmo fazendo o que acreditava, o peso de decepcionar a família ainda o atormentava.
Pegou o celular do bolso e discou o numero de Jungkook rapidamente. Havia pensado em ligar para Seokjin, mas teria que explicar tudo e Jeon era o único o qual apenas poderia ficar com em silêncio e ser reconfortado naquele momento.Jungkookie?
Oi hyung? O que houve, precisa se distrair?
Como sabe?
Porque sei que precisa de ajuda quando me chama de Jungkookie e depois funga o nariz.
Você me conhece mesmo. Podemos ir para o lugar de sempre?
Te encontro lá.
Esboçou um pequeno sorriso ao saber que o amigo sabia exatamente o que estava acontecendo. Juntou suas coisas e saiu do quarto, indo em direção do estacionamento. Não demorou muito para chegar até a Seoul's Heart, a cafeteria preferida dos dois, em que Jungkook já o esperava com um sorriso singelo.
— Hyung! — acenou para Taehyung.
— Oi. - sorriu fraco e sentou à mesa.
— Foi o seu pai, né? — suspirou. — Sempre fica assim quando discutem.
— Sim. Ele falou da Jihyo e... — foi cortado pelo mais novo quando seus olhos se encheram de lágrimas.
— Não precisa falar dela se não quiser. Já sei o que aconteceu.
— Obrigado, Jungkookie. - secou algumas lágrimas solitárias e sorriu. — Agora vamos pedir capuccinos cheios de chantilly!Conversaram besteiras por horas, desde sobre qual eram as séries as quais estavam assistindo, até qual era o melhor sabor de chiclete. Os momentos com Jeon eram especiais pois este o fazia sentir-se acolhido. O moreno havia tido uma vida totalmente diferente da de Taehyung e isto o havia feito alguém muito forte, mas também inseguro e fechado. Kim era um dos poucos que conseguia arrancar as coisas dele.
— Tae-Tae hyung, posso te contar algo? — o mais novo o olhou com aqueles grandes olhos de filhotinho. Esse olhar o fazia esquecer que Jeon era um homem de negócios extremamente sério e influente.
— Claro. — sorriu franco.
— Eu conheci alguém há duas semanas, na inauguração do Hwawollou. — respirou fundo e fechou os olhos.
— E essa pessoa te arrancou uns suspiros? — brincou.
— Arrancou a padaria inteira. - riu. — Mas estou com medo.
— De quê? — pendeu a cabeça para o lado.
— De me apaixonar se o vir de novo. — olhou para baixo.
— Você não pode continuar se reprimindo, Jungkookie. Sabe que hora ou outra irá amar um homem. — bebericou do café.
— Mas tenho tanto medo. E se eu perder investidores? O que a mídia vai falar de mim? Eu posso perder tudo!
— Não tenho muito a falar sobre isso porque é tudo tão incerto... — comprimiu os lábios. — Me diga, o que te fez achar que se o ver novamente, irá se apaixonar?
— Porque quando o vi, senti um peso sendo tirado das minhas costas, mas ao mesmo tempo, um frio subindo na espinha. Não sei como explicar, foi um sensação tão estranha.
— Então talvez seja paixão mesmo. Mas já sabe minha opinião sobre se prender.
— Sei, hyung. — encarou o copo.Pagaram o que consumiram e foram embora da cafeteria com os ânimos mais leves do que quando entraram. Quando saíram do estabelecimento, encontraram com Hoseok, que estava entrando.
— Hoseok-ssi! — ambos o cumprimentaram.
— Oi. — sorriu amigável. — Vim comprar café pra Yoongi.
— Yoongi? Não o conheço. — Jeon arqueou uma sobrancelha.
— Meu marido. — riu fraco. — Um dia irei apresenta-lo para vocês. É o sócio que te contei, o da antiga loja de penhores que teve a reportagem do jornal Daily Moon.
— Daily Moon? — o mais novo ficou em alerta ao ouvir o nome
— Sim, Park Jimin o entrevistou. Ele é muito simpático.
— Eu o conheço... — prendeu a respiração, até o nome de Park o fazia ficar estranho.
— Tem o número dele? Se quiser eu te passo.
— Não precisa. — tentou desviar o nervosismo. — Somos apenas conhecidos.Se despediram e cada um seguiu seu rumo. Assim que Jung entrou na cafeteria, buscou o contato do marido no celular e o ligou.
Querido?
Oi, Hobi. Já chegou na Seoul's Heart?
Sim, mas não liguei por isso.
O que aconteceu?
Jimin e Jungkook já se encontraram.
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Oi gente, me desculpa pela demora, não vou dar as mesmas desculpas de sempre porque vocês já sabem de cor e salteado, né?
Enfim, espero que tenham gostado. Me digam o que acharam!
Beijinhos.
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Soulmates - namjin
Random{concluída} Seokjin, um policial de Nova Iorque, precisa da ajuda de Namjoon, um historiador, para entender sobre os objetos deixados por sua avó em uma mala misteriosa. "Eu acho que o conheço de algum lugar" /NamJin = Namjoon + Seokjin/ 05.12.18...