22 (Namu)

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       Revirou os olhos ao ler mais uma resposta totalmente louca na prova que corrigia. Não sabia de onde os alunos tiravam aquelas coisas loucas, muito menos de onde vinha a coragem de colocar aquilo como resposta da prova. Mesmo tendo que respirar fundo antes de dar algumas notas, conseguiu terminar de corrigir tudo e foi deitar afim de tentar descansar. Não demorou para que Sra.Hamahn pulasse em sua barriga e implorasse por carinho, algo que Kim com toda a certeza não negaria. Seu celular começou a receber notificações, pelo toque, sabia que eram de Jimin.

   /Como você sabe
   Amanhã é aniversário da minha mãe
   E ela gosta muito de você
   Trate de ir na festa
   Sete horas, lá na casa dos meus pais
   Isso não é um pedido.

   Riu de leve ao ler as mensagens e apenas confirmou sua ida, porém a festa o deixava apreensivo, não pelo evento em si, mas sabia que isso implicava em ver seus pais, já que a mãe de Jimin e sua própria mãe eram melhores amigas. Os pais de Jimin foram os únicos do núcleo de amigos da família Kim a acolherem Namjoon e tentarem explicar para seus pais que ele não era uma pessoa errada, mas não adiantou muita coisa. 
    A campainha tocou, fazendo o professor franzir as sobrancelhas ao ouvir o som, não estava esperando ninguém naquele momento. Afagou os pelos da gata mais uma vez e a tirou, relutante, de cima de si. Quando ele abriu a porta, a mulher, seis anos mais velha, e com o mesmo sorriso, lhe estendeu uma vasilha tampada e foi entrando no apartamento, não precisando de convite para entrar.

   — Não dá nem um bom dia para a sua irmã mais velha favorita? — riu e deitou no sofá.
  — Já são quase seis da noite, noona. Além do mais, é minha única irmã mais velha — revirou os olhos com um sorriso de canto e fechou a porta.
  — O dia só acaba quando eu durmo. — Sra.Hamahn pulou nos braços da mais velha. — No pote tem o Kimchi da mamãe.
   — Diga que agradeço. — deu de ombros e guardou o mantimento. 
  — É tão estranho, sabe? — a arquiteta o encarou enquanto alisava a gata. — Vocês dois não se falam, mas ela sempre te manda coisas por mim e vice versa. Por que não resolvem isso de uma vez?
   — Você sabe como o nosso pai é, Yoojin. — tirou as pernas dela do sofá e sentou-se.
   — O coração dele pode amolecer, Nam. — ela franziu as sobrancelhas.
   — Fazem mais de  sete anos. — suspirou. — Não acho que ele vá me perdoar algum dia.
  — Ei! — ela pulou e olhou o irmão. — Papai não tem que te perdoar. Você não fez nada de errado. Escolher ser feliz não te fez uma pessoa ruim.
   — Eu sei. — deu de ombros. — Mas ele não pensa assim, noona. As coisas entre nós são complicadas.
  — Espero que se acertem um dia. — ela retirou Sra.Hamahn de seu colo e foi em direção da porta. — Tenho que ir, deixei Haneul sozinha com o pai dela e espero que quando eu chegar lá, Sungjin não a tenha deixado careca tentando fazer um penteado, ele quase fez isso da última vez. 
   — Diga a ele que mandei um abraço. — riu. — Tchau, Yoo.
   — Tchau, Nam. — ela sorriu uma última vez. — Você vai na festa da Sra.Park amanhã, né? — Disse antes de abrir a porta.
  — Claro.
  — Talvez essa seja a chance de você se reconciliar com o papai. — ela saiu sem esperar a resposta, o deixando sozinho.

💼

    A arma em suas mãos pesava, mas isso não era o bastante para que ficasse cansado, mesmo com aquele terno e chapéu quentes de baixo do sol, seu suor era frio. Sem sair do telhado, avistou o homem de barba e terno, ele sorriu para Namjoon, mesmo tendo sua pele manchada pelo sangue dos soldados japoneses, e acenou com a cabeça, o agradecendo.

 — Namjoon? Está tudo bem? — Yerim, a professora de química perguntou preocupada. — Cochilou na cadeira e te acordei porque parecia estar tendo um pesadelo.
 — Oh, está tudo bem, só tive um sonho estranho. — se recompôs. — Estava tão cansado que cochilei sentado, obrigado por me acordar.
  — De nada. — ela sorriu fraco. — Têm certeza que foi apenas um sonho estranho?
  — Acho que sim. — franziu a testa. — Tinha um homem ensanguentado, mas o sangue não era dele e parecia que estávamos no começo do século XX.
  — Sonhos podem ser apenas lembranças. — ela não parecia assustada com o conteúdo do sonho, apenas intrigada.
  — Lembranças? De quê? — levantou-se com pressa, precisava se arrumar logo para o aniversário.
   — Minha avó dizia que de vidas passadas. — tomou um gole do café em sua caneca térmica.
   — Isso não existe, eu acho. Não sei, só penso que quando morremos, apenas viramos pó, ou algo assim. — colocou a mochila nas costas.
    — Talvez devesse pensar mais nisso. — ela disse antes de sair da sala.

💼

    A camisa social parecia diferente, sufocante, mesmo que houvesse a usado diversas vezes. Aquele ambiente era diferente demais de seu dia a dia, mas costumava ser comum para Kim antes. Park Yoora cumprimentava seus convidados com um sorriso sincero no rosto, a mãe de Jimin era uma mulher belíssima e que transmitia uma energia maravilhosa. Jornalista, assim como a mãe e filho, ela já havia feito matérias investigativas ganhadoras de inúmeros prêmios importantes, era uma pessoa admirável e quase uma segunda mãe para ele. 
    Jimin estava ao seu lado, segurando uma garrafa de cerveja com o rótulo arrancado, ele fazia isso quando estava nervoso. Sabendo disso, Namjoon o cutucou e apontou para a garrafa.

   — É o Jungkook... — começou, fazendo Kim já saber o que esperar. — Já saímos há tantos meses, mas insistimos em deixar casual porque somos medrosos demais. — respirou fundo.
   — Está apaixonado, não é? — tomou um gole de sua bebida.
   — Completamente. — admitiu. — Nam, seus pais acabaram de entrar. — apontou discretamente para o casal.

    Hyeyon, se equilibrava com destreza nos saltos altos enquanto falava com seus conhecidos. Joonil fazia o mesmo em seu terno caro, a expressão séria era marcante no médico. O rosto de Namjoon era uma mistura dos dois, os lábios grossos da mãe e o nariz do pai, todos diziam isso, mas nunca havia se sentido tão diferente deles. Enquanto o casal se aproximava dele, recebeu um sorriso terno de Hyeyon, enquanto o progenitor apenas o olhou dos pés a cabeça e balançou a cabeça negativamente, desaprovando os tênis All Star em seus pés.
    Quando os calçou antes de ir, lembrou de Seokjin, ele havia comentado que só usava tênis, algo confirmado por suas fotos do instagram no trabalho. As vezes conversavam, ele sentia curiosidade de saber como o policial estava, mas não sentia coragem de admitir que estava com saudades, já haviam se passado seis meses a final, talvez Jin houvesse o esquecido, era assim que pensava quando se lembrava do outro. 
    Após algumas horas de festa, estava saindo do banheiro de dentro da casa, a comemoração acontecia do grande jardim da propriedade, esbarrou com sua mãe. No primeiro momento, seu coração parou, não sabia se a mais velha o ignoraria ou falaria algo, contudo, ela apenas o observou. Mantinha o mesmo sorriso amigável no rosto, sabia que Hyeyon o amava muito, de certo, mas as coisas eram confusas entre ambos. Ela tocou seus ombros e os apertou de leve, então o abraçou, como não fazia há muitos anos, o professor sentiu vontade de chorar ao estar nos braços da mãe, mesmo que fosse bem mais alto que ela. 

   — Sinto saudade, mãe. — admitiu.
   — Eu também. — suspirou enquanto ainda o observava. — Mas sabe...
   — Meu pai, sim, sei. — afirmou.
   — Há tantos anos tento mudar o pensamento dele. — comprimiu os lábios. — É muito difícil.
   — Eu compreendo. — desviou o olhar. — Só que, se você me ligasse de vez em quando não faria mal. — deu de ombros. — Pra saber como estou, me contar como estão as coisas.
   — Tem razão. — Hyeyon segurou as mãos do filho. 
   — Eu te amo, mãe. — apertou o segurar de mãos.
  — Eu também te amo, Namu. — o chamou pelo apelido de infância.

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   Espero que tenham gostado!!!!! Foi bem difícil escrever esse capítulo porque a relação do nam e dos pais dele é bem complicada e quis tratar isso da melhor forma.
   Até semana que vem.

Soulmates - namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora