19 (Joseph)

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      Se assustou ao olhar a data no calendário, iria completar um mês desde a sua volta aos Estados Unidos. O serial killer havia sido preso na mesma semana, Seokjin Kim  e Rosa Diaz eram uma ótima dupla.  Começou a arrumar suas coisas e ir embora ao final do dia, mas precisava passar na sala do capitão Holt antes de sair. Bateu de leve na porta e entrou sem esperar a resposta do chefe. 

   — Capitão? Queria me ver? — questionou enquanto fechava a porta.
   — Claro, Kim, precisava te fazer uma pergunta. — disse ao tirar os óculos de leitura. — O que está acontecendo?
   — Como assim? — franziu a testa. 
   — Desde que voltou da Coreia está mudado. Trabalho com você há cinco anos, sei quando algo está errado. — dizia as palavras com preocupação, mesmo tendo a mesma expressão indecifrável de sempre.
   — Eu conheci alguém lá, ficamos, mas tive que vir pra cá, só isso. — deu de ombros. — As coisas passam, vou superar.
   — Acho que não, Jin. — arrumou alguns papeis em sua mesa. — Posso parecer indiferente, mas me importo com vocês todos. — suspirou. — Mas você sabe de si, sei que não afetará seu excelente trabalho na 99. Isso era tudo, dispensado.
   — Obrigado, capitão. — sorriu fraco. — Agora vou indo. — levantou-se.
  — Tem planos para a noite? — perguntou colocando os óculos de volta.
  — Sim, vou me encontrar com o coronel Joseph. — respondeu antes de sair.

     Despediu-se de Amy e Jake, que no momento discutiam sobre Amy não precisar comprar um novo fichário de 400 dólares. Acenou com a cabeça para Rosa e foi embora em seu carro preto. 

💼

    A casa de repouso não era tão longe do trabalho, então não precisou dirigir muito até chegar. Falou com alguns funcionários que já o conheciam e caminhou até o quarto de seu amigo. Sorriu ao abraça-lo e sentou-se na cadeira ao lado da cama de Joseph. 

   — Desculpe ter demorado para te visitar novamente. — abaixou a cabeça. — Tive algumas coisas na 99 e a viagem ...
   — Jin, meus filhos não me visitam desde que me largaram aqui. — riu. — Mas pelo visto, essa viagem mexeu com algo ai dentro, não é?. — cutucou o mais novo.
    — Ah. — deu de ombros. — Minha avó me deixou como herança uma mala antiga e eu tive que tentar entender o porquê de ela me dar aquela mala e o que eram os objetos dentro dela. — explicou.
    — E descobriu? — o de cabelos grisalhos questionou.
    — Na verdade, só fiquei mais confuso. — recostou-se na cadeira e olhou para o teto. — Queria que as coisas fossem mais fáceis.
    — Então é porque tem alguém no meio. — Joseph sorriu. — Quem te balançou tanto assim? 
    — Precisei da ajuda de um historiador, o Namjoon. — mordeu o lábio o lembrar de Kim. — Nos demos tão bem, mas tive que voltar tão rápido. Foi tudo muito rápido, na verdade.
    — Sabe, Jin. — deu dois tapinhas na perna do mais novo. — Acho que não apenas se deram bem, mas devem ficar juntos. Foram raras as vezes em que vi estrelas nos olhos de alguém apenas por falar um nome.
     — Ele está do outro lado do mundo, Joseph. — balançou a cabeça.
     — Existem aviões para isso. — arqueou uma sobrancelha.
     — E eu pegaria um avião para o ver todos os finais de semana? — brincou.
     — Não, mas poderia morar lá de vez. Sei que Holt conseguiria uma transferência para você.
     — Isso é loucura. — franziu a testa.
     — Pense o que quiser, mas temos que tomar alguns riscos por amor. — deu de ombros.
     — Podemos mudar de assunto? — pediu. — Há semanas as pessoas me dizem que estou diferente e apaixonado.
     — Tudo bem. — suspirou. — Mas o que tinha nessa tal mala?
     — Alguns objetos de um ex capitão da marinha americana. Tinha cidadania daqui, mas era coreano. — tentou explicar sobre Eugene. — Meu bisavô trabalhou para ele.
      — Qual era o nome desse capitão? — perguntou enquanto levantava e procurava algo no guarda roupa.
      — Eugene Choi.
      — Por acaso é esse daqui? — pegou uma foto e o mostrou.
      — Sim. — afirmou confuso. — Como sabe quem é?
      — Esse homem ao lado dele é o major Kyle Moore. — apontou para o moreno ao lado de Eugene.— Quando se aposentou, resolveu dar aulas na academia de polícia, foi meu professor. Ficamos próximos, assim como eu e você, ele me contou várias histórias sobre Eugene e quando ele faleceu, fiquei com essa foto dos dois.
     — Que histórias? — perguntou animado, poderiam ser essas as respostas que tanto procurava.
    — Kyle me contou que Eugene havia ido para a Coreia, na época Joseon, a trabalho, mas acabou se apaixonando por uma nobre coreana.
     — Aeshin. — completou.
     — Sim. Por causa dela, em uma viagem ao Japão, atirou em uma janela da embaixada americana, acho que estavam fugindo de um tipo de gangue japonesa, não sei ao certo. Por conta disso, foi expulso da marinha e anos depois voltou para a Coreia. — encarou a fotografia. — Morreu lá, baleado nas costas.
     — Calma... — piscou confuso. — Algumas coisas fazem sentido, mas ainda não consigo entender o porquê de eu precisar saber sobre a história dele.
    — Talvez sirva para te fazer encontrar com esse Namjoon. — sorriu de canto.

💼

    Perto das nove da noite estava em casa novamente, apenas tomou um banho e tentou trabalhar em um caso, já que havia jantado com Joseph. Era meia noite quando desistiu de resolver o caso de roubo em uma pizzaria, mesmo sendo algo simples, sua mente estava longe. Voltou a pensar nas palavras do mais velho e realmente estava pensando na proposta de retornar, mas lhe parecia uma ideia distante demais.
   Foi até seu quarto e pegou a mala, não a abria desde que voltara para casa. Observou a fotografia de Eugene e Aeshin e ponderou se havia valido a pena para ele ter sido expulso da marinha por causa dela. Lembrou do que Joseph havia dito "temos que tomar alguns riscos por amor" disse em voz alta.
   Passou os olhos pela caixinha de música e hesitou antes de a abrir, sendo hipnotizado mais uma vez por sua música. Era estranha a forma como era encantado pela melodia.
    Respirou fundo e guardou tudo novamente, se voltasse a vasculhar aquilo, provavelmente continuaria pensando em ir para a Coreia novamente.
     Não demorou muito para conseguir dormir, o dia havia sido cansativo e precisava descansar.
   
    Andava pela floresta rapidamente, tentando não se incomodar com o peso em suas costas. O contraste do sol com as árvores o encantava, mas logo a magia passou, havia chego em uma fazenda. Viu um casal se ajoelhar aos pés dos donos da propriedade, mas mal teve tempo de absorver a cena ao ser nocauteado por um outro funcionário. A última coisa a qual se lembrava era de correr para bem longe.

Soulmates - namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora