26 (nossa culpa)

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     Taehyung brincava com os aneis de prata que enfeitavam os dedos do namorado, estava tentando enrolar um pouco para sair de casa, não queria ter que cumprir um compromisso marcado há muito tempo. Respirou fundo e enfim entrelaçou seus dedos com os de Minho, anunciando que estariam indo.
     Choi tentava deixar o ambiente mais leve enquanto Taehyung dirigia, de fato, enquanto estavam no carro, o mais novo conseguiu sorrir um pouco e se distrair do nervosismo, mas tudo voltou ao pararem na frente da grande casa pertencente a família Kim.
        Tocaram a campainha, sendo recebidos pela mãe de Taehyung, que abraçou o filho apertado e olhou para Minho confusa.

     — Quem é seu amigo? Achei que fosse vir sozinho.
     — Mãe, por favor não vamos fazer isso tudo novamente. — respirou fundo. — Esse é Choi Minho, meu namorado, falei antes de vir sobre isso e você insistiu que eu viesse, lembra?
     — Pensei que pudesse ter mudado de ideia sobre traze-lo. — olhou-o de cima a baixo. — Mas vamos, entrem. — ela parecia fazer esforço para aceitar a situação.
     — Desculpe. — sussurrou enquanto segurava a mão de Minho.
     — Tudo bem, já sabia que as coisas seriam complicadas. — apertou a destra do outro e sorriu de leve.

    Acompanharam a Sra.Kim até a sala de estar, onde a família estava reunida para o aniversário do patriarca da casa. Taeho — não era muito próximo do irmão mais novo, mas mantinham uma relação de respeito — estava sentado numa poltrona ao lado do local onde a mãe deles se acomodou, os pais de Seokjin e o próprio também haviam comparecido, o policial sorriu para o amigo e acenou de leve. Taeji, ao ver o filho de mãos dadas com o namorado, fez a mesma expressão que a esposa, porém com certo nojo envolto no olhar. Ele comprimiu os lábios,  levantou-se, foi até Taehyung e sussurrou em seu ouvido.
    
    — Não fique com essas viadagens na minha casa. — quase rosnou. — Concordei que trouxesse esse rapaz, mas respeitem as regras.
   — Tudo bem. — um nó se formou em sua garganta, mas soltou a mão do namorado, um pouco apreensivo.

  Sentaram no sofá ao lado de Seokjin, o que fez Taehyung se sentir mais aliviado, a presença do mais velho lhe dava uma segurança maior quando estava na casa dos pais. Assim que sentou, uma lembrança veio em sua mente e fez uma pergunta a ele.

    — Hyung, sobre aquela mala lá da sua avô, qual era o nome do homem que era dono dela?
    — Eugene Choi, por quê? — pendeu de leve a cabeça para o lado.
    — Hoseok, o homem que te deu o número de Namjoon, me deu o diário da primeira dona do Glory Hotel, Lee Yanghwa. — respirou fundo. — Ela falou bastante sobre esse Eugene Choi, também sobre dois homens, Gu Dongmae e Kim Huiseong, dizia que eles tinham uma conexão diferente.
     — Acho que encontramos uma fujoshi* dos anos 10. — Minho brincou.
     — Enfim. — tentou concluir enquanto ria fraco. — Yanghwa também falou sobre uma mulher, Go Aeshin.
     — Sei sobre ela. — Jin assentiu.
    — Então, a dona do hotel escreveu sobre um tal de exército dos justos, ao que me parece, Aeshin era integrante, chegava a se vestir com roupas masculinas para completar missões. Ela estava com Yanghwa no dia da explosão.
    — E descobriu o motivo da explosão do hotel? — indagou.
    — Haviam muitos japoneses no hotel, parece que eles haviam feito algo muito grave e que matou muita gente, estavam comemorando o feito. — respirou fundo. — Então, ela tirou de lá todos os funcionários e hóspedes não relacionados ao exército, e explodiu o hotel.
    — Nossa. — franziu a testa. — Parece que tudo está tão conectado... — murmurou.

   Foram interrompidos por Hyomin, mãe de Taehyung, anunciando que o jantar estava servido. Se direcionaram até a sala de jantar, Minho e Taehyung sentaram um ao lado do outro, Taeho ficou ao lado do irmão, Hyomin e Taeji nas pontas, e os Kim no outro lado. O ambiente não estava muito para conversas, as mães vez ou outra soltavam alguns comentários, mas nada que sustentasse um clima divertido entre os convidados.

    — Queria que Jihyo pudesse estar aqui para comemorar meus 65 anos junto a nós. — Taeji comentou enquanto mexia a comida. — Ela estaria muito orgulhosa de Taeho por ser um futuro médico do exército.
   — Sinto falta dela. — foi tudo que o caçula disse. 
   — Pelo menos Jihyo não está sendo obrigada a ver certas cenas. — olhou de canto para Taehyung.
   — O que quer dizer com isso? — tentou manter a calma, mas estava sendo impossível o fazer.
   — Sabe muito bem do que estou falando, sua irmã teria vergonha disto. — apontou para o casal.
   — Não fale como se a conhecesse de verdade. — respirou fundo.
  — Claro que a conheço, é minha filha!
  — Se fosse assim, saberia que ela me aceitou quando contei que sou gay, saberia que ela me disse que ficaria tudo bem e me amava da mesma forma! — largou os chopsticks. — Por favor, não toque no nome da Jihyo, muito menos quando for falar mentiras. — seu sangue fervia.
  — Sempre tocarei no nome dela, Taehyung. — vociferou. 
  — Não tem direito de fazer isso porque foi você quem a matou! — sentiu novamente o bolo na garganta. — Eu a matei! Todos nós o fizemos! — levantou e olhou o pai nos olhos. — Sabíamos que aqueles machucados não eram de quando ela "tropeçou" ou "se machucou enquanto limpava a casa" — fez aspas com os dedos. — Eu sabia que o desgraçado do Lee Donghae estava a machucando! — suas mãos tremiam. — Assim que me contou que estava tentando voltar a trabalhar, os machucados começaram a aparecer, ela parecia cada dia mais triste e com medo. — lágrimas começaram a brotar de seus olhos. — Mas você me mandou esquecer tudo e acreditar que era só coisa de marido e mulher, então eu obedeci e o que aconteceu? — respirou fundo e sentiu o toque do namorado em sua mão, tentando o acalmar. — Dongahe a matou, ele jura que roubaram a casa deles e um dos assaltantes a matou quando ela reagiu, mas sei que não!  Todos sabemos o que deu na autópsia e nenhum de vocês quer enxergar, passam a mão na cabeça dele por causa do dinheiro, a fizeram se casar por causa do dinheiro.  Deixei a polícia porque não aguentava mais essa sujeira e era insuportável pensar que ignoram todos os dias centenas de denúncias de abusos domésticos.— desistiu de tentar controlar o choro. — Quase dois anos depois e Donghae agora é dono do Daily Moon e minha irmã mais velha está morta. — disse com amargura na voz. 

   Segurou forte a mão de Minho e sussurrou um "vamos embora" para o namorado, então saíram da residência e entraram no carro. Taehyung se acomodou no banco do motorista, não estava em condições de dirigir, então desabou de verdade, o choro fraco se transformou em soluços, enfim disse tudo em voz alta, fazendo um grande peso sair de suas costas. Sentia saudade de Jihyo, sentia culpa por não ter lutado por ela, sentia raiva do pai que não o ouviu. Minho o abraçou forte e afagou seus cabelos, deixando que toda aquela dor fosse embora junto às lágrimas.

💼

*Fujoshi: garotas que se interessam por relacionamentos entre dois homens, geralmente em animes e mangás.
Oi oi, espero que tenham gostado, mesmo explicando rapidamente, foi bem difícil escrever essa parte porque é um assunto extremamente delicado, mas espero que tenham gostado.

     
       

Soulmates - namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora