24 (parada)

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Se encontrou novamente na beira do lago, com a mesma mulher nobre de costas, tentou gritar por ela, mas sua voz não saía. Olhou para a água a sua frente, lá havia um pequeno barco igual ao dela, entrou nesse e começou a remar até a nobre, mas quando finalmente a alcançou, ela desapareceu.

      Seokjin murmurou um palavrão ao acordar, pensando se um dia veria o rosto da mulher do sonho e esfregou os olhos, voltando à realidade. Levantou da cama e foi se arrumar para o trabalho lentamente, pois havia acordado antes de seu horário habitual.
Após tomar o devido banho e colocar as roupas apropriadas para o ambiente da delegacia de policia, deu o nó em sua gravata enquanto dirigia-se a cozinha. A mobília e o apartamento em si parecia estranho, estava acostumado demais com seu cubículo de Nova Iorque. Como ainda se sentia confuso com o fuso e o horário de trabalho, geralmente tomava café da manhã na rua, essa foi uma das poucas vezes que fizera algo para si pela manhã desde que se mudara há algumas semanas.
      Ligou a máquina de café e preparou algumas torradas com geleia, provavelmente levaria um esporro da mãe se a mesma visse sua refeição, pois ela sempre dizia que deve-se comer algo de verdade, um café da manhã coreano decente.

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      No trabalho, sentiu pela terceira vez apenas naquela manhã, a vontade de revirar os olhos ao ouvir alguns de seus colegas de trabalho conversarem, suas conversas na delegacia do Brooklyn eram praticamente livres de preconceito pelo fato de a maioria dos detetives ali serem de alguma minoria ou apenas sensatos o bastante. O detetive Shin ria alto enquanto falava sobre um ex colega de faculdade que, nas palavras dele "não era homem de verdade e deveria ter levado uma surra quando mais novo". Kim respirou fundo enquanto organizava um relatório e se controlava para não discutir com os dois, precisava ficar calmo naquelas primeiras semanas de trabalho.

    — Ah, Sungho... — Shin dizia enquanto ria. — Se eu visse um desses, sabe, que joga no outro time, na minha frente, batia até ele não conseguir mais falar, são nojentos.

Seokjin segurou-se nos braços da cadeira e mordeu a bochecha por dentro, quase explodindo de raiva.

     — Yeongjin-ssi, ainda bem que tenho uma filha, mas se ela inventasse de colar velcro, com certeza ia arrumar um homem pra dar um jeito nela. — Sungho acompanhava a risada.

     Não aguentou quando ouviu as palavras do outro, levantou-se e foi até a frente dos mais velhos, já vermelho de raiva.

    — Vocês dois são imbecis! — apontou o dedo para eles. — Se acha que alguém que "joga no outro time" — desdenhou. — É tão nojento assim, então venha me bater! Eu "jogo nos dois times". — usou a mesma expressão com deboche e olhou Shin de cima a baixo, ciente que esse era covarde demais para levantar a mão para ele.
   — Detetive Kim, não precisa se exaltar, estávamos brincando. — Sungho se pronunciou.
   — Isso não é brincadeira e sabem muito bem disso, posso ter chegado nesta delegacia agora, mas já estou cansado das coisas preconceituosas de vocês dois. — revirou os olhos.
   — O que vai fazer? — Yeongjin arqueou uma sobrancelha. — Só estamos dando nossas opiniões.
    — Denunciar os dois por crime de ódio seria uma boa ideia, o caso seria arquivado, provavelmente, mas seus nomes ficariam bem manchados por aqui. — pendeu a cabeça para o lado e olhou no relógio de pulso. — Se me dão licença, estou em meu horário de almoço.

   Saiu dali com as mãos tremulas de raiva, talvez houvesse feito uma besteira, mas não aguentava mais ouvir aqueles dois. Chamou um carro e foi até o hotel Glory, havia marcado um almoço com Taehyung e Jungkook.
    Ao chegar no local, sorriu de leve ao ver os dois sentados na mesa, os quais logo acenaram para Jin. Os cumprimentou e sentou-se com eles, contando sobre o ocorrido com os colegas de trabalho.

  — Eles são idiotas. — Taehyung reclamou enquanto tomava um gole de água.
  — Com toda a certeza, a última vez que alguém fez um comentário desse tipo na empresa, foi demitido na hora. — Jeon disse balançando a cabeça.
   — Quando ele disse o que faria com a filha... — suspirou. — Me subiu um ódio tão grande, porque ele se safaria se o fizesse, as leis de proteção à mulheres aqui são inexistentes e fracas.
   — Se eu ainda estivesse na polícia, queria ser capaz de fazer algo sobre.
   — Vou pensar mais no assunto, falar com policiais mulheres... — foram interrompidos pelo garçom, perguntando o que eles iriam pedir.

   Após seus respectivos pratos chegarem, Jungkook pronunciou-se.

  — Ando tendo um sonhos estranhos ultimamente. — enfiou um bocado de arroz na boca.
  — Eu também. — Jin afirmou. — Alguns são repetitivos.
  — Digo o mesmo. — Jeon tomou um pouco da água. — Em todos, eu estou em Seoul no início do século passado, andando pelas ruas, ou em um bar, conversando com um homem.
   — Os meus acontecem na mesma época. — o mais velho franziu o cenho. — Fico de frente com o hotel Glory, mas em uma construção antiga.
   — Isso aparece em meus sonhos também. — Taehyung recostou-se na cadeira. — Que estranho.
   — Sempre há uma mulher de costas, dentro de um barco em um lago, quando tento alcança-la, ela desaparece. — foi cortado pelo toque do celular.

O capitão da unidade de Seokjin foi rápido em chama-lo de volta antes do horário de almoço acabar, terminando a ligação com um "venha logo".

    — Tenho que ir. — limpou a boca ao levantar. — Hoje é a parada LGBTQIA+ e estão precisando de mais policiais lá, aparentemente há muitos religiosos querendo bater no pessoal. — revirou os olhos. — Tae, depois te pago, pode ser?
     — Sem problemas, é por conta da casa.

     Despediram-se brevemente e Jin correu de volta para o trabalho.

💼

      

       O uniforme pinicava e aquela roupa toda o fazia suar, mas tinha que ficar de pé, fazendo a barreira entre as pessoas da parada, que apenas queriam se divertir um pouco, e os religiosos com raiva, eles gritavam coisas horríveis, que faziam Seokjin sentir vontade de correr dali, mas manteve-se firme em sua posição.
      Pôde visualizar alguns que estavam na parada indo em direção à barreira de policiais, eles carregavam flores brancas junto a sorrisos sinceros em seus rostos. Mesmo sua visão sendo levemente bloqueada pela barreira blindada e visor do capacete, conseguiu ver um rosto conhecido, mas ainda não conseguia acreditar que era coincidência o bastante ele estar ali, mas ele estava.
    Com um pouco de dificuldade, Jin pegou a flor entregue pelo moreno e sorriu franco.

     — Me mande uma mensagem quando a parada acabar, precisamos conversar! — Namjoon gritou, pelo barulho em volta deles, era difícil ser ouvido, e recebeu um aceno positivo do outro como resposta.

Soulmates - namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora