25 (coincidências)

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        Ao apertar o botão do elevador, Seokjin percebeu que suas mãos tremiam. Encontrou-se nervoso à porta do apartamento como na primeira vez, respirou fundo, tentando se acalmar e sorriu ao ver a suculenta de Namjoon tão bem cuidada quanto antes. Haviam combinado de se encontrar no apartamento um pouco depois da parada LGBTQIA+, eram por volta de sete da noite, Jin havia saído do trabalho às seis e correu até o apartamento para se arrumar um pouco melhor, aquele uniforme o havia feito suar descontroladamente. 
       A porta foi aberta, revelando um Namjoon de roupas frescas, mesmo sendo fim de outono, e um sorriso tímido no rosto. Ele deu espaço para que o mais velho entrasse e se dirigiu até o sofá da sala, sentando em seu braço.

     — Dessa vez lembrei de tirar os sapatos. — riu e deixou os all stars na entrada.
     — Que bom, porque eu não ia te lembrar, se sujasse meu apartamento te mandava embora. — brincou e encarou o policial. — Achei que estivesse em Nova Iorque.
     — Eu estava... — caminhou lentamente até o outro e largou no sofá a mochila que trazia consigo. — Mas alguém me motivou a vir.
     — Taehyung? — levantou uma sobrancelha.
     — Vejo que seu senso de humor não mudou. —  enfim, ficou na frente de Namjoon. — Demorei demais para tomar uma decisão, minha cabeça estava uma loucura, não sabia se deveria voltar ou não, tinha dúvidas quanto aos seus sentimentos por mim. — mordeu a parte interna da bochecha. —  Acho que tomei a decisão certa.
      — Sim, tomou. — o mais novo sorriu de leve e levantou-se, colando seus lábios com os do outro logo em seguida.

     Um sorriso se formou nos lábios de Jin enquanto sentia a pressão da boca do professor na sua, estava esperando por aquele momento há tempos. Envolveu seus braços na cintura dele e o apertou de leve, transformando o selar de lábios em um beijo mais profundo. Ambos haviam uma conexão estranha, mesmo com tão pouco tempo de convivência, os longos seis meses separados foram absolutamente difíceis, desde o primeiro encontro, uma chama difícil de ser apagada acendeu dentro deles. 
      Namjoon beijou de leve o rosto do policial e sorriu, enquanto afagava seus cabelos. Uma mistura de emoções fazia sua barriga gelar, seu inconsciente ainda não aceitava o fato de que esse havia mudado sua vida inteira por ele. Seokjin parecia tão certo, mesmo ao meio de tantos questionamentos, estar ali abraçado ao mais velho era uma das poucas coisas em sua vida que não sentia vontade de questionar. 
      Ficaram um tempo conversando sobre o que haviam feito nesses seis meses, sabiam apenas o básico dos storys e curtas mensagens, então comentaram sobre a conclusão do mestrado de Namjoon e algumas aventuras de Seokjin na delegacia do Brooklyn. Regados por café, mal viram o tempo passar com as atualizações um do outro, foi ai que houve um estalo na mente do professor. 

    — Preciso te mostrar algo. — correu até o quarto e voltou rapidamente com um pequeno objeto em mãos. — Yoongi e Hoseok me deram.
    — Hoseok foi o arquiteto que me deu seu número? — questionou, pegando a boneca russa com cuidado.
     — Sim. Abre ela, tem uma coisa dentro.

     Jin leu o bilhete com atenção e arregalou os olhos ao terminar. 

    — Aeshin e Eugene... — mordeu o lábio. — Como Hoseok e Yoongi sabiam sobre eles?
    — Só me entregaram a matriosca como agradecimento. — deu de ombros. — Quando a abri e li essa carta, tentei correr para alcançar seu voo, mas foi tarde demais.
      — Por que nunca me contou? — franziu as sobrancelhas enquanto colocava o papel no lugar de antes.
      — Você precisava ir, não sabia como seriam as coisas depois da sua ida, achei que nunca fosse retornar. — desviou o olhar.
      — Mas voltei. 
      — Voltou. — pegou novamente a boneca. — Esses dois meio que nos juntaram, não acha?
      — Sim. — sorriu. — E ainda não entendemos o que deveríamos saber sobre eles.
      — Será que ainda podemos tentar? — arqueou uma sobrancelha.
      — Talvez. — pegou a mochila e tirou de lá um caderno com aparência antiga. — Um velho amigo meu, literalmente velho. — riu. — Me deu essa espécie de diário, aparentemente, Joseph foi aluno de um amigo de Eugene, na academia de polícia, Kyle Moore.  É do Eugene.
       — O que tem escrito aqui? — pegou o diário e folheou algumas páginas.
       — De tudo um pouco, mas, principalmente, rascunhos de bilhetes que ele trocava com a Aeshin, pensamentos sobre Joseon e os Estados Unidos. Descobri que o enfeite era algo relacionado a mãe dele, mas a explicação sobre é meio confusa.— respirou fundo. — As coisas estavam tão conturbadas, politicamente falando, mas mesmo assim ele pensava muito na Aeshin.
        — Deviam estar apaixonados. — leu algumas coisas. — No bilhete diz que provavelmente nunca mais a veria, aqui diz algo sobre um reencontro?
      — Sim, ele retornou um pouco depois de perder o cargo na marinha, mas não tiveram um final feliz. Eugene foi baleado nas costas.
       — Oh. — abaixou o olhar enquanto fechava o caderno, mas algo caiu de dentro dele. — O que é isto? — agachou-se e pegou o anel prateado.
      — Estava entre as páginas, mas acabei deixando ai, acho que era dele. No diário também diz que se casaram de fachada, para que os japoneses não soubessem o sobrenome dela.
      — Por que não poderiam saber? — franziu a testa.
      — Acho que tem a ver com o exército dos justos. 
      — Então é uma aliança. — voltou a analisa-la. — Não é possível...— segurou-a forte e foi até o quarto novamente. — São iguais. — Estendeu um cordão com uma aliança igual.
      — Onde arrumou isso? — perguntou confuso com tamanha coincidência.
      — Uma feirinha de rua, uma senhora estava com várias coisas assim e esse cordão me chamou a atenção. — segurou-os lado a lado e eram realmente idênticos.
     — Não pode ser a dela, certo? Seria coincidência demais. — balançou a cabeça.
     — Tudo nas nossas vidas está parecendo ser coincidência demais. — sentou-se no sofá. — Mas por que eu preciso entender isso tudo? — bufou. — Estou cansado de só me fazer perguntas e nunca achar as respostas. Por que Aeshin e Eugene são tão importantes? Por que uma nobre fazia parte de uma luta rebelde? Por que eles estavam fugindo? Por que eu tenho que entender tudo isso?
      — Sinceramente? — respirou fundo e encarou-o com uma expressão calma. — Não faço a miníma ideia, mas esses dois parecem ter algum tipo de influência sobre nós, Jimin diria que é algo do destino e eu, uma pessoa bem cética, estou começando a achar o mesmo. Não pode ter sido apenas uma coincidência, a boneca russa, as alianças... Jin, tem algo diferente com esse casal e nós vamos descobrir tudo por trás deles e do exército dos justos.
     — Como? — voltou a fitar os aros prateados.
     — Já temos muitas informações sobre a vida do Eugene, precisamos saber mais sobre a Aeshin, não sei como acharemos, mas vamos conseguir.

   O silêncio se instaurou por alguns instantes, foi quando Seokjin colocou a aliança em seu anelar esquerdo e rapidamente sentiu um frio na espinha, mas não deixou transparecer, foi quando olhou em seu relógio de pulso e percebeu que já era por volta da meia noite. 

    — Está tarde, acho que devo ir. 
    — Trabalha amanhã? 
    — Não, tenho folga aos domingos. — retirou o anel de seu dedo.
    — Fica aqui. — apoiou sua cabeça no ombro do outro. 
    — O que eu ganho com isso? — sorriu e passou os dedos pelo braço do mais novo.
   — Abraços e beijinhos. — riu e depositou um beijo no pescoço do policial.

    Um homem de roupas ocidentais e semblante sério estava parado em meio as pessoas, fazendo Namjoon questionar o porquê de ele estar fazendo isso, mas seu caminhar foi parado por causa do bonde que cortava a antiga Joseon, com respiração desregulada pela pressa e adrenalina, teve que esperar o transporte passar e quando esse o fez, o homem ainda estava lá, mas apenas ficou imóvel enquanto o olhava, pois percebeu que ele também o encarava.

   O mais novo abriu os olhos lentamente, atordoado do sonho, reconhecia aquele rosto, mas pela confusão de quem acaba de acordar, não conseguiu se recordar a quem ele pertencia, então voltou ao seu sono enquanto abraçava Jin por trás.

     Estava novamente no mesmo rio, olhando para o mesmo barco, com a mesma mulher de costas. Dessa vez já estava dentro da pequena canoa, então remou desesperadamente até ela, quando a alcançou, nenhum voz saiu de sua boca quando tentou gritar, então entrou no barco dela, com dificuldades e ela continuava de costas. Tentou chama-la novamente, mas sem sucesso, porém, em alguns segundos, ela enfim virou seu dorso e arrumou-se de frente para Seokjin, com uma expressão séria, como se tentasse o analisar. Ele piscou forte e a olhou da mesma forma, a reconhecendo, era Go Aeshin.

     

Soulmates - namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora