21 (decisão certa)

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    Jin hesitou um pouco antes de entrar na casa de repouso, mas rapidamente se encaminhou até o quarto de Joseph, realizando a atividade semanal como de costume. Em todas as sextas feiras ia até o local e verificava o mais velho, conversavam por horas e, mesmo a rotina de Stenson não sendo exatamente animada, Seokjin se divertia ao ouvir sobre as disputas pelos últimos pedaços de pudim sem lactose. 
     Acenou fraco para Joseph ao entrar no quarto e vê-lo sentado na poltrona verde enquanto lia, riu ao perceber que o grisalho estava lendo lendo O Ladrão de Raios. Acomodou-se na cadeira de madeira a sua frente e pendeu a cabeça para o lado enquanto apontava para o livro, perguntando apenas com os gestos o motivo pelo qual o estava lendo.

   — Antes que me julgue. — fechou o livro. — Bertha, do quarto ao lado, recebeu uma visita da filha e neto, o menino estava lendo e esqueceu aqui. Ela tentou ler e achou chato, então me emprestou quando comentei que nunca mais li nada.
   — Sei quando está mentindo, Joseph. — sorriu de lado. — Agora conte a verdade.
   — Tudo bem. — revirou os olhos e pôs o livro em cima da cama. — Temos uma pequena biblioteca aqui, de livros vindos de famílias das pessoas que estão aqui. Doações. — deu de ombros. — Foi um dos primeiros que vi na estante e, não vou mentir, está interessante até agora. — riu.
   — Vou sentir falta disso, nossas conversas. — encarou o chão.
  — Eu também, Jin. — suspirou e levantou-se. — Mas sei que está fazendo a coisa certa pra você.
  — Espero. — murmurou. — Talvez apenas esteja me precipitando.
  — De jeito nenhum. Achou que estava fazendo a escolha errada quando entrou na academia de polícia, mas viu que estava fazendo o certo. Dessa vez não será diferente. — foi até o guarda roupa e retirou de lá um caderno antigo. — No começo da semana, meu filho veio me visitar depois de meses. — revirou os olhos. — Trazendo algumas coisas minhas que estavam na casa dele, entre elas estava esse diário. Eu havia esquecido dele completamente. — o entregou para Kim. — Foi uma das coisas que Kyle Moore me entregou antes de morrer. Não é bem um diário, na verdade, é mais um caderno de anotações. — sentou-se novamente. — De Eugene Choi.
   — Acho que muita coisa será esclarecida. — foi tudo o que conseguiu dizer. — Está em inglês. — observou ao folhear algumas páginas. 
   — Como disse antes, Eugene era mais americano do que coreano. 
   — Obrigado, Joseph. — sorriu e se levantou para abraçar o velho amigo e ex professor.

💼

    Como combinado mais cedo, havia ido até o bar do Shawn se encontrar com seus amigos da 99.  Foi recebido com diversos abraços e uma digna faixa com "JIN, VAMOS SENTIR SAUDADES!" escrito em letras garrafais. Pegou uma cerveja no bar e foi falar com Jake, que estava sentado ao balcão.

    — Sabe, vou sentir saudade de toda a agitação da 99. — tomou um gole da bebida.
    — E nós vamos sentir saudade das suas piadas de tiozão. — Peralta riu e apoiou os cotovelos no balcão. — Está certo de que essa é a decisão certa?
    — Até agora não sei direto. — confessou. — Mas sinto que devo ir, sendo certo ou não.
    — Além de ficar mais perto de seus pais, o que está te fazendo voltar? — questionou. Kim ainda não havia contado sobre Namjoon para os amigos do trabalho, não saberia como explicar.
    — Talvez pense que estou fazendo uma loucura. — suspirou enquanto repousava a garrafa na superfície de madeira. 
    — Jin, a única coisa que me faria dizer isso é se estivesse indo porque está sendo perseguido por mafiosos canadenses porque você roubou todo o dinheiro deles e está ficando com o filho ou filha do chefe da máfia!— falou como se não fosse nada demais.
   — Tem vezes que você viaja demais, sabia? — riu. — Enfim, eu conheci uma pessoa lá. Seu nome é Namjoon, ele é um professor de história e realmente estava me ajudando a entender algumas coisas sobre o passado, mas eu tive que voltar para cá, então...
   — Você precisa o encontrar novamente. — sorriu enquanto tomava um fole de cerveja.
   — Exatamente. — mordeu o lábio. — Me parece loucura porque as coisas aconteceram tão rápido, não foram nem duas semanas, mas já se passaram seis meses e ainda não o tiro da cabeça. Não sei que tipo de encanto ele fez comigo. — riu fraco.
  — Mas vocês não se falam, sei lá, pelo instagram? — franziu a testa.
  — No máximo curtimos fotos um do outro e respondemos alguns storys. — deu de ombros. — O fuso horário dificulta bastante, além de que tenho a sensação de que seria estranho flertar e me declarar estando tão longe. Não quero prende-lo.
   — As vezes fico impressionado com essa sua maturidade. — apoiou o rosto nas mãos. — Como soube que ele é a pessoa que faz valer a pena ir pro outro lado do mundo?
   — Sabe quando me disse que no seu encontro com a Amy, o da aposta, ficaram de vigia em um prédio e soube que ela era a pessoa certa quando começaram a brincar de pegar a pipoca com a boca? — relembrou.
   — Como se fosse ontem.
   — Eu e Namjoon fomos até um parque, lá na Coreia, estávamos conversando, o ambiente estava silencioso porque era de manhã cedo, apenas vi nossos pés na água do lago e senti que ele é uma pessoa... — fechou os olhos, tentando encontra a palavra. — Especial. Essa palavra é clichê, mas é a que melhor se encaixa.
    — Então, meu amigo, essa é a escolha certa. — deu dois tapinhas nos ombros de Kim.

    Alguns minutos se passaram até Terry, o sargento da unidade, chamar a atenção de todos ali para que pudesse fazer um discurso. Em poucos segundos, os convidados estavam com a atenção voltada para o homem alto e musculoso.

    — Detetive Kim, ou apenas como gosto de chamar meu amigo, Jin. — Jeffords sorriu. — Seus anos de trabalho na 99 foram incríveis, tanto a rapidez e agilidade com que você resolve os casos, quanto nos jogos infantis que fazíamos entre um caso e outro. Todas as suas piadas de tio, receitas incríveis e tentativas de nos ensinar algumas palavras em coreano vão fazer falta. — suspirou. — Eu te amo tanto quanto amo iogurte, e Terry ama iogurte. — seus olhos começaram a lacrimejar, mesmo a aparência do sargento ser a de um homem grosseiro e mal, Terry era uma das pessoas mais manteiga derretidas do mundo. 
    — Obrigado, Terry. — sorriu enquanto recebia um abraço forte do mais velho. 

    No final da noite, despediu-se dos amigos, Charles Boyle chorava como uma criança ao abraçar Jin, como de esperado. Rosa apenas lhe deu um aceno de cabeça, significando algo como "vou sentir saudade, por favor, mande notícias." Gina Linetti fez quase o mesmo, mas também lhe deu uma camiseta com "Gina sempre está certa." escrito em vermelho. Amy lhe abraçou forte e pediu para que tomasse cuidado na vida, Jake fez a mesma coisa. Falou com Terry mais uma vez e acenou para Hitchcock e Scully, que pareciam ocupados demais fazendo algum jogo estranho com comida e cerveja. Quando estava indo embora, capitão Holt lhe parou por alguns instantes.

    — Estou orgulhoso, Kim. — ele sorriu fraco, era dificil ver Raymond sorrir.
    — Obrigado, capitão. — apertou a mão do mais velho. — E agradeço muito pela recomendação para a polícia de Seoul, vai me ajudar muito.
  — Não poderia fazer menos por um de meus melhores detetives. Boa sorte, Jin.

💼

    Chegou em seu apartamento e rapidamente tirou os sapatos, lembrando-se de Namjoon e das vezes em que ele o havia feito descalçar os pés. Tudo que ia levar para a Coreia estava embalado nas malas, não eram muitas coisas, apenas fotos e objetos sentimentais ou importantes, o resto seria vendido com o apartamento. Tomou um banho e foi dormir, precisava acordar cedo para pegar o voo no outro dia.

    Novamente estava nas antigas ruas de Joseon, caminhando em direção ao hotel, porém dessa vez tudo estava vazio e provavelmente era madrugada. Quando estava quase entrando no saguão do hotel Glory, viu um homem alto e loiro parado no portão de entrada, ele trajava paletó cinza e um sorriso no rosto. O homem acenou para Seokjin e foi até ele, o apertando num abraço e fazendo com que uma energia muito boa emanasse no corpo de Kim.


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Oláaaaaa, espero que tenham gostado!

Soulmates - namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora