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Arizona Robbins.

A última coisa que me lembro foi de tirar minha atenção do trânsito pra olhar Callie, estávamos no meio de uma discussão por que a mesma inventou desculpas a semana inteira para não me ver, e eu, tinha toda a certeza de que ela estava me traindo. E depois eu acordei com uma luz branca na minha cara, pisquei algumas vezes para tentar me acostumar com a claridade e ao mesmo tempo tentando entender o porquê de todas aquelas pessoas ao me redor, correndo de um lado para o outro e gritando.

Callie. Onde está Callie?

Tentei me levantar mas minha cabeça doía como o inferno, fiz o meu máximo para tirar as agulhas do meu braço enquanto Avery e Hunt tentavam me segurar.

— Me solta. – gritei, pelo menos eu tentei.

— Arizona, você precisa ficar quieta. Ari, olha pra mim. – April se aproximou segurando meu rosto com as duas mãos. – Nós vamos cuidar de você, mas pra isso você tem que se acalmar.

— Callie. – tentei gritar mais uma vez mas nada da minha voz sair, comecei a ficar desesperada. – Callie, Callie! – minha voz saiu fraca, enfim, April me ouviu.

— Estamos cuidando dela, Shepherd vai opera-la em alguns minutos, vou dar o meu máximo pra salvar sua namorada, confia em mim.

— Preciso... Ver... – minha fala foi interrompida pelo barulho de todos os equipamentos médicos apitando na sala do lado.

Uma parada cardíaca, Callie estava tendo uma parada cardíaca.

Eu nunca acreditei em deus ou em qualquer outra coisa que tenha poder sobre alguém, mas eu pedi com toda a fé que tinha dentro do meu coração pra não tirar Callie de mim. Por uns minutos eu tentei me debater e sair daquele quarto mas fui dopada, e eu entendia que não teria o mínimo de condições de alguém cuidar de mim no estado desesperado que eu estava.

Novamente eu acordei sem lembrar de muita coisa, mas pelo monitor eu podia ver que minha pressão sanguínea e meus batimentos cardíacos, eu estava instável. Meus olhos procuravam por Callie a todo momento, eu precisava saber como ela estava e cada segundo que se passava eu ficava ainda mais preocupada com o que poderia ter acontecido. Tentava forçar minha mente e me lembrar exatamente do que havia acontecido.

"— Eu estava com saudades de você. – Callie falou depois de um tempo que havia entrado no carro.

— Tava? – perguntei.

— Claro que sim, meu amor.

— Eu acho que se você estivesse com tanta saudade de mim, não teria me evitado a semana toda. – falei sem olhá-la, estava no meio de um trânsito e eu tinha que prestar toda a atenção nos carros a minha volta.

— Eu não te evitei, amor. Eu estava mesmo ocupada.

— Com o que? Eu sei que você estava fazendo vários nadas. Você nem apareceu no hospital essa semana, Callie.

— Com alguns problemas pessoais.

— Problemas pessoais. Ok. – concordei querendo deixar a discussão de lado.

Eu apertava o volante com tanta força, sentindo uma vontade de jogar todas as cartas na mesa e perguntar exatamente o que eu queria saber: Callie estava com alguma outra pessoa? Por um segundo eu desviei minha atenção olhando diretamente pra ela. Isso no pescoço dela é um chupão? Não, não, claro que não. Não pode ser um chupão.

— Você tava ocupada com problemas pessoais, ok. Por isso você tem um chupão no seu pescoço, que obviamente não fui eu quem fiz?

— Que chupão? – ela encolheu o pescoço levantando a gola da blusa. – Não tem chupão nem um aqui, Arizona.

Respirei fundo uma, duas, três vezes.

— Com quem você tava?

— Eu não tava com ninguém, Arizona, eu estava resolvendo problemas.

— Resolvendo problemas do tipo, caindo nos lábios de alguém? – aumentei o tom de voz sem querer. – Vou perguntar uma última vez, com quem você estava?

— Eu já disse que não tava com ninguém! – ela falou ainda mais alto.

— Porque eu não consigo acreditar em você?

— Isso aí já não é problema meu, mas é ótimo saber que você não tem o mínimo de confiança em mim.

— Você quer falar de confiança, Calliope? Quando tem uma porra de um chupão no seu pescoço?

— Se você acha que eu teria coragem de te trair, tem alguma coisa bem errada.

— Sim, tem sim. Uma coisa bem errada. – gritei me virando de lado pra falar com ela. – Só queria que você fosse sincera comigo, Callie, mas acho que nem isso você consegue faz... – ela me interrompeu.

— Arizona, olha pra frente. – ela gritou.

Quando eu me virei novamente vi um caminhão enorme entrar na minha frente, tentei parar, tentei desviar mas não adiantou, batemos de frente com ele e eu vi tudo escurecer."

— Cadê minha namorada? – perguntei assim que Lexie e April entraram no quarto.

— Oi, Arizona! Como você está? – April falou em tom de deboche.

— Quero saber onde está minha namorada.

— No quarto do lado, se recuperando de uma cirurgia no cérebro e uma no coração. – Lexie respondeu me examinando. 

— Me conta isso direito.

— Ela bateu com a cabeça no vidro, por isso entrou vários estilhaços e perfurou o lóbulo frontal, e a cirurgia do coração foi porque deu três paradas cardíacas enquanto trazíamos ela pra cá. – April continuou.

— Ela vai ficar bem?

— Ainda não sabemos, ela pode ou não acordar, e se acordar, veremos quais foram os danos neurológicos.

— Kaps, eu não posso ficar sem minha namorada! – falei sentindo uma lágrima escorrer.

— Você sabe que eu não posso prometer que ela vai ficar bem, mas eu posso fazer umas orações e pedir pra Deus não tirar ela da gente. – ela disse me abraçando. – Você já está de alta, pode ir pra casa ou se quiser pode ficar na minha casa, Harriet te adora, você sabe.

Agradeci Kapner pelo convite mas decidi ir pra casa mesmo, casa de Callie na verdade, eu estava me sentindo tão culpada pelo que tinha acontecido, se eu não tivesse continuado com aquela discussão idiota nada teria acontecido, se eu não tivesse tão brava e tirado minha atenção da estrada, Callie estaria bem e estaria comigo, foi culpa minha e se Callie não acordar eu vou me culpar pro resto da vida.

Tentei dormir um pouco mas não saía da minha cabeça Callie pedindo pra eu virar pra frente e logo em seguida o carro capotando, o cheiro de Callie estava em todo lugar e principalmente na cama em que eu estava. Chorei a noite toda até ficar com dor de cabeça e cair no sono.

🐻

Com amor, Robbins. ~ Em Revisão ~Onde histórias criam vida. Descubra agora