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Arizona Robbins.

O chão iria abrir um buraco se Callie desse mais um passo, ela já havia dado cerca de trinta voltas pelo apartamento em total silêncio, tentando digerir as minhas palavras. Agora, ela estava totalmente diferente, havia uma pequena ruga em sua testa e ela me olhava o tempo inteiro. Ela tinha muita coisa pra falar, era evidente, só teria que deixar o orgulho um pouco de lado.

— Cê tá brincando comigo, não tá não? – ela murmurou andando até mim – Você sabe que não pode ir – ela falou por fim se aproximando de mim

— Porque não posso? – encarei-a levantando uma sobrancelha.

— Arizona... Nós duas... – ela não terminou a frase, Callie estava completamente perdida.

— Quer dizer que agora existe um "nós duas"?–  ela ia abrir a boca para responder, apenas lancei um olhar em reprovação e continuei falando. – Você nunca me quis e agora que está perdendo uma coisa que não faz a menor questão está desse jeito? Como se importasse a nossa relação!?

— Arizona não faz assim, eu sempre te quis! – protestou, eu dei uma risadinha.

— Você queria alguém pra te foder. Não queria o meu amor e meu carinho, não deixou eu cuidar de você quando descobriu a traição e em nenhum momento depois disso. – eu joguei meus cabelos para trás de forma nervosa, agora que já havia começado a falar eu não iria parar tão cedo. – Quantas vezes você me procurou para ficar comigo, sem maldade, sem segundas intenções? – esperei por alguns segundos uma resposta mas não obtive. – Isso mesmo, nenhuma. Você só queria transar, só queria me usar.

— Não, Arizona... Não foi bem assim. – ela dizia um pouco envergonhada.

— Você tem coragem de discordar de mim? – perguntei incrédula. – Foi exatamente assim, todo esse tempo eu estive aqui por você, quando batia na minha porta de madrugada e eu achava que iríamos resolver as coisas, mas você nunca jamais esteve aqui por mim.

— Nós podemos... Consertar isso, Arizona.

— Você é uma falsa! – rosnei – Não finge que se importa comigo depois de tudo o que fez! Eu sei que seus sentimentos não irão mudar só porque estou indo embora. Eu só vim pra te avisar, casa você apareça no meu apartamento em qualquer outra madrugada e não me encontrar.

Eu estava sendo incrivelmente forte. Não estava gaguejando e muito menos sentindo vontade de chorar. Aquele momento era meu, eu só queria dizer tudo o que estava engasgado.

— Amor, por favor, não vai! – ela praticamente implorou, eu a olhei desacreditada com aquela palavra que ela ousou em usar.

— Me da um motivo pra ficar. – pedi, sabendo da resposta eu peguei a minha bolsa encima da mesa. Esperei alguns segundos apenas para acompanhar as lágrimas escorrerem pela bochecha dela. – Foi o que eu imaginei. – conclui.

Caminhei até a porta de saída com Callie no meu encalço sem dizer nenhuma palavra. Eu sabia que havia pego ela de surpresa, por isso, mantia um sorriso discreto nos lábios.

— Eu te amo. – murmurei, o rosto dela se iluminou. – Mas você não merece um terço desse amor.

Antes que eu pudesse alcançar a maçaneta da porta, Callie passou os dois braços ao redor da minha cintura, me abraçando por alguns segundos com o rosto enfiado na curva do meu pescoço, eu não iria negar aquele abraço nem se estivesse louca. Lentamente, ela levantou se encarando e estava próximo depois, com os lábios rosados e inchados. Ela me empurrou levemente até a parede e me beijou, calmo e suave. Com a mão direita ela acariciou meu rosto e a outra se manteve firme me segurando para que eu não me afastasse. Eu não iria impedir, aquilo era uma despedida.

Com amor, Robbins. ~ Em Revisão ~Onde histórias criam vida. Descubra agora