O PASSADO PARTE 1

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Para este capítulo indico algumas músicas que estão sugeridas em alguns pontos.

Boa leitura!


ISLÂNDIA - 1600

[Deem Play - All I Want - Kodaline]

A tensão na corte Vinky's continuava a crescer conforme os anos passavam. O amor proibido entre o irmão mais novo do rei e sua esposa, era uma chama que nunca se apagava completamente. Mesmo com Telma casada com Fabrício e cumprindo suas responsabilidades como rainha, o desejo entre ela e Denis persistia como uma cicatriz que nunca cicatrizava por completo. O peso das expectativas do reino, das tradições antigas e das obrigações familiares tornava aquele amor um fardo ainda mais pesado de carregar. Denis, amargurado por nunca poder ter a mulher que amava, tornou-se um homem frio e impiedoso, comandando com uma rigidez que assustava até os mais próximos. Após a morte de sua esposa, consumida pela febre amarela, ele mergulhou ainda mais na escuridão. Seu amor pela rainha era sua única fraqueza, e a noite que passaram juntos em segredo havia reacendido sentimentos que ambos haviam tentado reprimir. Ela, por outro lado, aprendera a amar e respeitar Fabrício ao longo dos anos. Ele era um homem justo e bom para ela e para o reino. No entanto, o que sentia por seu irmão era diferente, uma paixão intensa e avassaladora que não se apagava. Aquele encontro furtivo em 1619, quando cederam aos seus desejos mais profundos, marcou um ponto sem retorno. Mesmo que tivessem decidido não repetir aquele erro, a lembrança da noite os consumia em silêncio. No início de 1620, ela descobriu que estava grávida de seu terceiro filho. O anúncio trouxe alegria para a corte e para o rei, mas em seu coração, ela carregava uma dúvida cruel. Com oito meses de gestação, o medo a assombrava: e se a criança que carregava não fosse de Fabrício, mas de Denis? O fardo dessa dúvida tornou-se um segredo sufocante, um peso que ela carregava sozinha, sem poder compartilhar com ninguém. Enquanto o reino se preparava para receber um novo herdeiro, o clima dentro do castelo era tenso. Denis, que evitava cruzar olhares ou falar com a rainha desde aquela noite, agora estava mais reservado e ainda mais cruel com seus subordinados. Ele sabia que havia cruzado uma linha da qual não poderia mais voltar, e isso o corroía por dentro. O rei Fabrício, alheio ao que se passava entre sua esposa e seu irmão, continuava a cumprir seus deveres como governante, ansioso pela chegada do novo filho. Mas para Telma, cada dia que passava trazia mais inquietação e medo. A gravidez avançava, e com ela, as sombras de um segredo proibido que ameaçava a paz de toda a família Vinky's. A rainha caminhava rapidamente pelos corredores do castelo, sua mente agitada pelos pensamentos que a assombravam desde que descobrira a gravidez. A tensão de manter o segredo de sua noite com Denis a deixava ainda mais inquieta, e cada encontro com ele a fazia sentir-se culpada, como se o peso de suas ações pudesse ser lido em seu rosto. Enquanto atravessava o corredor, apressada e com a mente longe, ela esbarrou em quem menos queria, que estava visivelmente embriagado. O cheiro forte de álcool emanava dele, e seu sorriso cínico e torto deixava claro que não estava sóbrio.


— Parabéns, rainha. — A voz de Denis soava rouca, carregada de um sarcasmo amargo.


Ela deu um passo para trás, seus olhos encontrando os dele por um breve momento antes de desviá-los. Ela não queria, nem podia, o confrontar naquele estado. Tentou se recompor, endireitando a postura e cruzando os braços numa tentativa de esconder sua vulnerabilidade.


— Não tenho nada para conversar com você! — disse com firmeza, tentando manter o controle da situação. 


No fundo, sabia que suas palavras eram mais uma tentativa de proteger a si mesma do que qualquer outra coisa. Ela precisava se manter distante dele, não apenas por causa do que aconteceu, mas porque cada segundo perto de Denis a fazia lembrar do desejo que ainda ardia dentro de si. Ele soltou uma risada baixa, um som que reverberou pelo corredor vazio, repleto de sarcasmo e amargura. Se aproximou mais, seus olhos semicerrados pelo álcool, mas ainda carregando o brilho astuto de quem sabia exatamente como afetá-la.

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