Srta Violet: De Paris à Espanha - Pausado

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一 É que quando sua mãe morreu 一 ele senta ao meu lado no sofá 一 Eu quase não suportei de tanta dor, sei que isso não é motivo para ter deixado você com a Helena mas, depois disso sua tia brigou comigo na justiça, pois eu nem cuidava de você e também não dava sua guarda permanente para ela, eu não ia às audiências nem na casa dela para ver você, na verdade eu não saia de casa. Sei que isso não foi certo Violet. Me perdoe, eu devia ter sido forte por você, mas eu não consegui e me arrependo demais 一 enfatiza, com olhos marejados 一 Me impressiona você ainda me chamar de pai, por que eu não mereço ser chamado assim, eu te deixei e você passou por coisas com as quais eu deveria estar lá para te proteger, cuidar e zelar por você, mas eu não estava 一 desabafa em prantos, dar-se para ver em seus olhos seu arrependimento.

O abraço também chorando, meu coração dói com suas palavras.

一 Eu te perdoo, apesar de ter me deixado sei o quanto sofreu e sofre até hoje pela mamãe e por mim. Então é claro que te perdoo 一 o abraço forte.

Após alguns segundos ele levanta e vai até seu quarto, volta com um colar simples e muito lindo com um pingente de anjo.

一 Eu ia te dar no seu aniversário de quinze anos, mas não consegui, então como seu aniversário de vinte e cinco está perto, considere um dos presentes 一 diz ainda emocionado. Me levanto e ele se posiciona atrás de mim para prender o fecho.

一 Obrigado pai, é lindo 一 sussurro apreciando o pingente.

Viro-me e dou-lhe mais um abraço.

一 Agora vamos, estou ansiosa pela surpresa 一 digo sorrindo.

一 Ah claro, claro vamos 一 diz com um sorriso de canto, pega a chave do seu carro e eu pego minha bolsa, então saímos.

Seguimos ouvindo músicas nativas da Espanha, papai está muito animado cantando. Eu realmente não posso acreditar que ele finalmente está seguindo em frente, penso feliz, sorrindo enquanto cantarolo ao seu lado.

Após uns trinta minutos chegamos em um lugar muito bonito de frente a entrada tem coqueiros e muita areia espalhada no chão.

Eu o espero comprar os ingressos e logo os portões abrem, dando para um estacionamento. Saímos do carro e seguimos andando, apreciando a vista que é repleta de árvores, curvas e tudo muito colorido.

一 Nossa que lindo! 一 Murmuro boquiaberta.

一Você ainda não viu nada, há muito o que fazer aqui dentro do Parque Güell, desde sua escadaria toda trabalhada, até os pavilhões turísticos, a praça oval e muito mais 一 explana empolgado 一 Perto do parque, no caminho do rosário, encontra-se La Torre Rosa, local de residência de Antoni Gaudí e que hoje é um museu bem interessante e que você vai conhecer já que quando era pequena não saiamos muito para museus, porque você só queria ir a praça 一 explica sorrindo.

一 Nossa é a mais inusitada surpresa que recebo em muito tempo 一 sorrio. 

Estou realmente muito feliz em estar aqui por que mesmo que por alguns segundos dentro daquele carro cantarolando eu esqueci do acontecido com Thomas. E ele tem razão, pensando bem eu nunca fui a nem um museu.

Logo chegamos à praça oval, é linda e até o momento tem pouca gente. A praça está com aquela mesma areia que eu vi na entrada só que mais apurada, mais visível. Andamos até uma sacada que é coberta por cerâmicas quebradas de diversas cores e coladas num pequeno muro da altura da minha barriga. Me debruço sobre o mesmo, respiro o ar puro que pareia sobre mim, fecho os olhos e curto o momento. Sem pensar em nada nem ninguém, apenas sentindo o vendo em meu corpo.

Abro os olhos, meu pai não está ao meu lado, olho para trás e o vejo em um dos quiosques, comprando algo, vou até ele.

一 Eu quero um picolé 一 Peço ao seu lado.

Ah quanto tempo que não como um picolé, nem lembro-me da última vez.

一 Um picolé para a dama, por favor 一 faz o pedido com um sorriso simpático.

一 Ah muito obrigado 一 Faço reverência ao pegar o mesmo de sua mão.

Ele sorrir.

Sento em uma das cadeiras do quiosque, logo após ele também senta, põe duas garrafinhas de guaraná na mesa e as abre.

一Essa é sua 一 diz me entregando uma delas.

一 Obrigado.

O dia passou devagar, a excursão foi muito boa. A ida no museu me proporcionou muito entendimento sobre o país e suas culturas. Nos divertimos muito. Faz tempo que não me divertia tanto e comia tanta besteira.

Foi um dia produtivo, conheci mais o meu pai, me senti amada por ele, não tinha sentido isso desde a morte da mamãe.

Porém a realidade aparece, em forma de ligação.

Estamos a poucos quilômetros de chegar em casa e Thomas não para de ligar, já botei o celular em mudo para não ter que ouvir seu toque perturbantemente chato.

Se ele terminou então por que agora fica ligando, que idiota.

E o pior é que a cada ligação meu coração bate tão forte que parece que irei infartar.

一 Me dê aqui amor, vou guardar para você 一 diz meu pai ao ver minha expressão melancólica.

Lhe entrego o celular, viro o rosto e aprecio a paisagem que se esvai diante o vidro do carro.

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