Papo Reto

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Saiuni descruza a perna esquerda, seu olhar segue para a porta de entrada da clínica e logo em seguida seus olhos percorrem a extensão da sala de espera para então cair na revista repousada em seu colo; a loira solta um suspiro cansado e cruza a perna direita e vira a página da revista.

Ela encara a foto de um pai com um filho, os dois sorridentes, sua cabeça volta para as lembranças de momentos antes.

O carro para no estacionamento de cinco vagas em frente a clínica médica e encara Dinesh

— Eu vou entrar com Tales pra ele fazer o exame mensal e a gente te espera aqui enquanto você vai no hotel. — A mão dela pega a mão do homem e encaixa com delicadeza um anel grosso e prateado em seu dedo anelar, em seguida aperta um pequeno botão quase imperceptível na lateral. Dinesh tenta puxar a mão quando uma dor aguda toma conta de seu dedo, ele encara Saiuni sem entender. — Uma aliança com rastreador, para todos e tudo que nos envolve durante o nosso acordo, você é meu marido que viaja muito e Tales é nosso filho. — Antes de soltar a mão dele, Saiuni o encara por trás da franja e sussurra para que somente ele escute. — Eu sei quem é você!

Saiuni solta a mão do moreno, que puxa a mão para junto ao peito e semicerra os olhos pressionando o maxilar, em seu subconsciente, Dinesh se culpa por ter baixado a guarda com aquela raposa astuta, mas, a delicadeza com que pegou sua mão foi uma fraqueza momentânea que não irá acontecer novamente! Aqueles olhos claros não irão prendé-lo como aquela aliança fez em seu dedo! Pelo menos, por ele, não acontecerá novamente!!

A voz da raposa o tira de seus devaneios culposos.

— Vamos filho! — Aquela palavra, filho, como ela tinha descoberto? Como Saiuni poderia ser tão burra ao ponto de lhe propor um acordo? Melhor ainda, por que ela não tinha lhe dedurado? Franzindo a testa ele se convence que não deve baixar a guarda novamente, para o seu próprio bem.

Dinesh balança a cabeça para espantar pensamentos conflituosos e então para pra pensar nas coisas boas daquele acordo, tratar Tales como filho e por alguns dias ter uma nova e falsa esposa, tão bela quanto Rachel. Achava que seu destino tinha sido traiçoeiro consigo, como ele podia lhe arranjar duas esposas falsas e nenhuma verdadeira? Uma esposa que ele possa cuidar e amar. Mas tudo bem, ele já tinha se acostumado com sua vida injusta, a vida de um ladrão.

— Dê tchau, Tales. — Saiuni pede assim que estão os três do lado de fora do automóvel.

— Tchau, Din!! — Tales diz eufórico enquanto acena e sorri. O pequeno se sentia aliviado em se despedir.

Din. Fazia muito tempo que ninguém o chamava assim, Dinesh sorri e acena de volta, mesmo sendo terrível se despedir.

— Pode me chamar de pai a partir de hoje… — Dinesh murmura se abaixando perto da criança e olha pra cima rapidamente, para ver a reação de Saiuni. Tales franze a testa e olha para a mãe em dúvida — por que ele só não ia embora de uma vez? — pensou o garoto angustiado e a loira por sua vez olha para o filho e fazendo um esforço enorme abre um sorriso e acena. — Viu só? Sua mãe deixou.

Tales abre a boca para expressar sua opinião mas Saiuni não aguenta ver e ouvir aquela cena e exclama rapidamente.

— Nossa! Olha a hora! — Exclama olhando em seu relógio de pulso prateado, Dinesh acaba percebendo que a mulher também está usando uma aliança e sente seu coração bater mais rápido, inutilmente. — Tales querido, vai entrando que Luís está te esperando e a mamãe logo entra, vou só falar rapidinho com Dinesh.

Tales concorda e caminha para dentro da clínica pacientemente. Saiuni se vira para Dinesh assim que vê o filho sumir pela porta.

— Escuta aqui, Dinesh! — Severamente baixo as palavras saem de sua boca. — Você pode ser o pai verdadeiro dele, pode estar querendo vingança e muito mais, tudo bem! Não tiro a sua razão, mas, eu não quero que você confunda nosso trato e machuque Tales!!

Dinesh a encara depois de toda aquela explosão de sentimentos e ainda cheio de dúvidas em seu interior ele suspira cansado e passa a mão pelo cabelo.

— Quando você descobriu?

Saiuni é pega de surpresa com aquela pergunta, porquê ele nunca debatia ou discutia com ela? Assim que se recupera ela murmura.

— Quando você segurou o braço de Tales e eu vi a semelhança que vocês dois tem em comum. — Saiuni murmura apontando para o cabelo, olhos e boca de Dinesh. — O cabelo escuro dos dois, o desenho da boca e claro, os olhos! Os olhos cor de caneta como diz Tales, o homem dos olhos azuis que veio buscar ele assim como ele havia me dito!

Dinesh franze a testa, que história é essa agora? Tales avisou Saiuni de que ele iria lhe buscar?

— E mesmo assim você não me disse nada. — Dinesh questiona o óbvio.

— Não tinha o que dizer, eu estava… Eu estou assustada demais com essa descoberta. Tales é tudo o que eu tenho e ver que você realmente estava ali, do nosso lado, de verdade, em carne e osso e podia a qualquer momento levar ele pra longe, me assusta ainda mais! — Saiuni sussurra se sentindo asfixiada e então encara o moreno. — Não tira ele de mim, por favor!

Dinesh ignora o pedido.

— Se você está tão assustada, por quê não disse pra sua família quem sou eu? — Ele questiona curioso. — Tenho certeza que eles teriam me matado se você não tivesse intervido.

— Porque eu não confio neles! Porque você é único que viu minha família em ação e pode me ajudar a fugir. Porque eu não quero que Tales cresça nessa família instável.

— Você não confia nem no seu irmão? Que eu me lembre você tinha pedido pra levar ele na fuga.

Saiuni começa a estalar os dedos, como sempre faz quando está nervosa. Ela olha pra frente, além do rosto que a questiona.

— Confio no meu irmão! Claro que sim, ele sempre me protegeu e agora é a minha vez. — Os dois agora estão se encarando, sentimentos irradiando de ambos. — Mas desde ontem ele tem estado instável, eu não o reconheci naquela sala hoje de manhã, parecia ser outra pessoa e não o meu irmão otimista e risonho. Ele me olhou como seu eu fosse uma desconhecida e só deve-se obediência ao nosso pai, é como se depois de anos negando nossa origem ele tivesse desistido de lutar, esse não é o Keid que eu conheço!

Saiuni para de falar quando percebe que soltou toda sua insegurança em cima de um homem que mal conhece. O que foi aquilo? Ele era algum tipo de psicólogo hipnotizador? O que estava acontecendo com ela para ficar expondo suas emoções toda vez que estava com ele?

A loira desvia os olhos para longe envergonhada. Dinesh abre a boca para responder e é interrompido por outra voz.

— Saiuni! — A voz do médico, tira Saiuni de seus devaneios. Ela se vira e encara o loiro, Luís sorri. — Tales está lhe chamando!

Saiuni acena e se vira pra Dinesh.

— Não demora! Estaremos esperando. — Dizendo isso ela se vira e segue até Luís, juntos os dois andam clínica adentro conversando e sorrindo.

A cadeira ao lado de Saiuni é ocupada e ela pisca, sua visão sai do passado e foca no presente, a revista em seu colo continua em uma fotografia de um pai com seu filho, ela vira a página e em seguida olha para o lado. Dinesh a encara sorrindo. Saiuni ergue as sobrancelhas surpresa, seu olhar percorre pela mala grande, uma mochila para acampamentos, uma bolsa lateral e uma capa de câmera pendurada no pescoço.

— Voltou rápido! — Dinesh começa a se empolgar e então Saiuni percebe que sua afirmação saiu mais eufórica do que imaginava. — Eu quis dizer, que, ainda bem que você foi rápido e não enrolou! Deve saber que não posso ficar desfilando por aí.

— Admite logo que você sentiu saudade dessa linda e exemplar pessoa, Lorâ! — Saiuni bufa tentando esconder a vergonha.

Ainda sorrindo, Dinesh se reencosta na cadeira e começa a mexer em seu celular, tinha um pressentimento que teria que passar por muitas provas naquele lugar.

🤜🏾💣💣💣🤛🏾
OIIE GENTE!!

Não sei se vocês desconfiaram em algum momento, mas, capítulo de hoje... DINESH É O PAI DE TALES!!
😏🤗

Ficaram surpresos ou já estavam desconfiados? 🤔
O que acham que vai acontecer daqui pra frente? Digam me tudo!

Isso é tudo por hoje, beijocas💋

Colecionadores de VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora