— Mãe? — Tales chama enquanto Saiuni o ajuda amarrar o tênis. — Eu vou poder jodar bola na estola com meus amidos, quando melhorar?
Antes que Saiuni possa responder, a porta se abre e o médico Luís Petrosino entra com um envelope pardo.
— Claro que vai poder jogar bola, Tales. — Exclama sorrindo e senta em sua cadeira atrás da mesa, após esperar os dois se acomodarem também ele volta a falar. — E não esqueça de me convidar pro jogo, quero ver os seus gols.
O sorriso se forma em ambos e Tales vibra em sua cadeira, irá poder jogar bola e os garotos malvados não iram tirar sarro e nem o chamar de coisas cruéis. A criança olha para a mãe que acaricia seus cabelos e sorri, nunca contou e não pretende contar que outras crianças tiram sarro dele por não poder andar, Tales já tinha visto sua mãe brava e também triste e não queria lhe proporcionar nenhum daqueles sentimentos ruins, a transformação momentânea de sua mãe o assustava.
— Que bom, Luís! — Saiuni exclama após beijar Tales. — Sua ajuda tem sido de essencial.
— Eu não fiz nada demais, esse garotão tem todos os créditos por estar se esforçando. — Luís brinda Saiuni com um sorriso galanteador e depois toca na mão de Tales.
Assim, Saiuni e Tales se despediram e como tinha prometido ao filho, atravessaram a praça dando a volta no chafariz central e sentaram em uma das mesas posicionadas na calçada da sorveteria; Tales não percebeu o olhar insistente de um homem na mesa ao lado, porém Saiuni percebeu mas não deu espaço para o filho sentir sua desconfiança.
— Mamãe? — Tales murmura, com a boca toda suja de sorvete de flocos. Saiuni desvia o olhar de seu pote quase intocado e olha para a criança. — O doutor Luís dosta de você?
Saiuni para de encarar o desconhecido da mesa ao lado, e chocada se volta para Tales.
— Como é? — Exclama e olha para o lado vermelha de vergonha. — Querido não fale besteira, da onde tirou isso?
— O tio Keid disse te ele tem tase a sua idade, mamãe!
A loira para um momento pra pensar, realmente Luís é um ano mais velho que ela; terminou o ensino médio e logo entrou na faculdade de Medicina, ela por sua vez demorou ainda dois anos no curso técnico para enfim entrar na faculdade. Volta sua atenção para o filho e franze a testa.
— Você e seu tio andam conversando muito sobre tudo e todos, ultimamente! — Afirma, pega um guardanapo e estende o braço pra limpar o rosto de Tales. — Do que mais vocês conversaram?
— Da dinda, do vovô e da vovó, dos tachorros e da mamãe! — Aponta por último sorrindo para Saiuni. — O tio Keid falou te não vê a hora da dinda voltar, tando a dinda vai voltar mamãe?
— Não sei querido, Bo já foi tem quatro meses e não mandou mensagem alguma.
— E se a dinda perdeu o celular? — A criança pergunta inocentemente colocando as mãos meladas nas bochechas. — Vamos pedir pro tio Keid achar mãe!
A mulher começa a rir e desvia o olhar rapidamente do filho para a mesa ao lado, o homem finge mexer no celular e também dá risadas. Suas mãos se fecham em punhos e seus olhos semicerram com extrema desconfiança, por um breve momento o homem retorna o olhar e os dois se encaram sem esboçar nenhuma ação; o homem é o primeiro a desviar o olhar e Saiuni tenta voltar a sorrir para seu filho, os sorvetes já acabaram.
— Acabou? — Recebe um aceno como resposta. — Então vamos embora! Vamos lavar esse rosto e essas mãos, não queremos sujar o precioso carro do vovô. — Saiuni se levanta e segura a mão da criança, com um olhar sério e sem humor passa propositalmente ao lado do estranho.
Enfim dentro do carro, Saiuni ajuda Tales em sua cadeirinha e então finge deixar cair algo e se abaixa aproveitando para fiscalizar o carro. Como não encontra nada, faz o caminho de volta pra casa com desconfiança de tudo e todos a sua volta.
— Por que estamos indo bem rápido, mãe? — Foi o que Tales perguntou a um certo momento do percurso.
— Sabe quando você fica com medo ou raiva do Pernalonga? E então corre para longe? — Outro aceno como resposta. — Pois é, estamos fazendo isso agora!
— O Pernalonda está torrendo atrás da gente?! — Grita de olhos arregalados olhando em volta. — Mais rápido, mamãe!
Saiuni preferiu não se explicar naquele momento e sim seguir viagem até chegar em casa, na segurança de sua casa. Por isso, o cantar de pneus ao estacionar foi o suficiente para Keid estranhar e os encontrar na entrada.
— O que houve? — Pergunta sério.
— O Pernalonda está atrás da gente tio Keid! — Tales exclama pulando pra fora do carro e logo se arrependendo. — Ai!
— Filho! Por favor, cuidado! — Saiuni exclama o pegando no colo. — Vou te deixar assistindo seus desenhos no quarto, a mãe e o tio precisam resolver um pequeno problema.
— Sem Pernalonda? — O garoto pergunta para o tio.
— O Patolino te protege! — O homem diz sorrindo.
— Tá bom então.
Keid espera pacientemente no corredor, encostado no batente da porta do sobrinho, confuso, ansioso e preocupado com a tensão da irmã. E então Saiuni fecha a porta atrás de si e respira fundo.
— Vai! Fala logo o que aconteceu, Saiuni! — Keid exclama nervoso.
— Preciso conferir algo que me deixou desconfiada.
— Como o que? Como você vai conferir seja lá o que te deixou desconfiada? — Keid questiona a seguindo para seu quarto, se jogando na cama e esperando que a irmã se sente ao seu lado. — Vai responder não?
Saiuni abre o notebook e após ligá-lo ela abre um aplicativo e começa a digitar freneticamente até um mapa surgir na tela e em seguida começar a piscar em um hotel no sul da cidade.
— O que? — Mal Keid exclama e Saiuni murmura.
— Alguém veio pra cidade a nossa procura, e se hospedou no Divas de Hidden!
🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Ooolá amados! 🤩A história dando passagem para novos personagens, em uma nova etapa da mesma! 💣
O que acham da teoria de Saiuni? Vieram mesmo para a cidade atrás deles? Ou ela está exagerando e a desconfiança é muito grande? 🤔
E a ideia de Tales e Keid, do médico Luís gostar de Saiuni? 😏
Boom, contém- me tudo! Estarei de volta num piscar de olhos, agora volta as aulas e espero estar tudo organizado! 🤗
Beijocas! 💋
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Colecionadores de Vidas
RomanceTudo o que Saiuni e seu irmão Keid, mais querem, é serem livres! Poderem escolher e decidir por conta própria e correrem seus próprios riscos, conforme seu destinos prescreveu. A situação famíliar de Saiuni já não está muito estável, quando ela sai...