Cinco minutos depois, quando Keid percebeu que Saiuni não voltaria para o quarto, levantou e seguiu para fora do cômodo à procura da irmã desajuizada.
- Saiuni! - Sussurrou pela quinta vez já perto do canil.
- O que é? - Keid dá um pulo e coloca a mão no peito num gesto de susto e surpresa, quando escuta a voz de Saiuni do seu lado.
- Ficou louca? Vai assustar outro, com essa sua cara feia! - Keid murmura e então franze a testa por não ver a criança nos braços da irmã. - Parece fantasma... - O homem olha entorno da mulher e olha para dentro do canil, onde os cachorros abanam os rabos. - Cadê o pirralho?
Saiuni abre um sorriso maldoso e dá de ombros.
- Me livrei!
- Como é?! - Grita em resposta e logo se recompõe. - O que é que você fez?!
- Eu pensei e, se a criança encantasse não só a mim mas a mamãe também? - A loira explica fazendo uma cara de descaso, Keid arregala os olhos.
- Você não fez isso!
- Fiz! - Saiuni acena e segue para dentro da casa. - Neste momento, o Tales está dormindo lindamente com nossa mãe.
- Como assim? - Keid questiona se curvando na frente de Saiuni e bate o indicador contra a temporã dela. - A criança voltou a ter nome?
- Afirmativo! - Saiuni acena séria.
- E o agora, Tales, você diz estar dormindo? - O homem sussurra os tópicos lentamente, como se para compreender. - Na mesma cama que a nossa bêbada mãe?
- Por que está fazendo perguntas óbvias e me fazendo perder tempo? - Saiuni encena uma cara de cansaço e apoia as mãos na cintura.
- Porque eu estou tentando te entender, para não chegar ao ponto de ser obrigado a te internar em uma clínica psiquiátrica!
- Seria o seu sonho se tornando realidade, Kei?
- Nunca neguei e nunca confirmei! - O loiro sorri sarcasticamente e então tem sua mão sendo agarrada e é puxado para dentro da casa. Ainda pensando sobre o que tinha ouvido, ele observa sua irmã pegando uma garrafa de água e seguindo para a sala. - Se ele berrar ao ponto de despertar a mãe, vou pegar as minhas coisas e ir ficar com o pai. - Keid explica seguindo a irmã escada a cima. - Sou muito novo para morrer...
- Irônico da sua parte, um assassi... - Saiuni interrompe o irmão que por sua vez, a corta severamente.
- Não termine essa frase! Não ouse me chamar disso! - Keid exclama entredentes e segura o pulso de Saiuni, a impedindo de continuar andando.
A loira puxa o braço do aperto e desce dois degraus, ficando cara a cara com o irmão. Com os humores alterados e encaradas bruscas, Saiuni é a primeira a falar e sem quebrar o contato visual.
- Não é o que somos? - Como cacos de vidros, a irônia sai da boca da mulher. - As-sas-si-nos!
- Qual é a sua ein, Saiuni?! - Keid esbraveja. - Fui eu quem te obrigou? Falei para você sequestrar uma criança? Não né? Porque eu não sou culpado por você ter essa vida! Eu vivo sobre pressão assim como você!
Booquiaberta, completamente pasma com a explosão do irmão, Saiuni só soube se calar e fechar todo os os sentimentos confusos dentro de seu coração. Ficaram se encarando, até Keid suspirar profundamente magoado e resolver dar o seu dia por encerrado, antes que falasse algo que com certeza se arrependeria mais tarde.
De uma forma nada gentil, tomou a garrafa da mão da mesma e subiu os degraus restantes em passos largos, deixando a loira arrependida no mesmo lugar.
Saiuni suspirou e segurou as lágrimas de arrependimento enquanto sentava em um degrau da escada, pensando em uma forma de se desculpar com Keid, o único que a apoiava e a protegia e que ela tinha sido completamente grossa e insensível.
- E mais uma coisa. - Saiuni ergue a cabeça ao escutar a voz de Keid no topo da escada. - Não me envolva mais em seus planos!
Saiuni levantou na pressa e encarou o irmão.
- Keid... - Ela começou e foi cortada com frieza.
- No momento eu prefiro não ouvir sua voz e suas explicações, obrigado! - Keid murmurou e então se virou e foi em direção ao seu quarto.
O que restou da noite não foi aproveitado por Saiuni, sua consciência não a deixava fechar os olhos, seus próprios olhos a impediam de buscar descanso no inconsciente. A mulher estava em um tremendo nocaute mental, seus pensamentos e ideologias estavam um caos, pois a relação com seu irmão, seu companheiro e parceiro de vida tinha sido eivada.
Por volta das sete e quarenta da manhã, Saiuni resgatou seus pensamentos racionais da parte obscura de seus sentimentos, descruzou suas pernas e rapidamente subiu os trinta degraus para o andar do quarto da mãe, com muito cuidado abriu a porta e andou até a cama e reparou em Tales dormindo tranquilamente ao lado de Chantal.
- Elton! - Saiuni saltou e parou com Tales no meio do quarto, de olhos arregalados e a boca travada numa linha fina como faca afiada, ela se virou e suspirou de alivio ao ver a mãe ainda em sono, quase, profundo. - Eu ainda te mato por ter uma língua, tão grande que não cabe nessa boca tão bonita... - A loira sorriu brevemente e arrumou o edredom em volta de sua mãe, para em seguida se retirar com o bebê em braços.
Tales ainda dormia quando foi colocado numa cama improvisada no sofá. Saiuni sorriu mais tranquila e seguiu para a cozinha, tinha a intenção de fazer um café para despertar, já que dormir não era uma opção.
Abriu a geladeira para pegar o leite, mas nada encontrou, fez o mesmo com o armário e ainda assim ficou no vácuo. Automaticamente ela se virou para a lista de afazeres fixada na parede, o nome de Elton circulado rudemente marcava as compras, que ele tinha que fazer este mês.
- Ai não acredito! - Resmungou revirando os olhos. - Sobrou pra mim...
Após dez minutos de procura pela lista de compras, feita mensalmente por Chantal e uma arrumada básica na mochila e carteira. Saiuni pegou Tales, o carro e seguiu para o pequeno centro de Gindren, faria uma visita à cidade.
💣💣💣
FELIZ ANO NOVO!!!💜Comeram bastante?🤣
Gente quero agradecer à todos vocês que me acompanharam até aqui, nessa nova aventura com Saiuni e a família! 🤗
Boom, o que acharam do primeiro capítulo do ano??
Contém-me tudo!😌Amo vocês, beijocas💋
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Colecionadores de Vidas
RomansaTudo o que Saiuni e seu irmão Keid, mais querem, é serem livres! Poderem escolher e decidir por conta própria e correrem seus próprios riscos, conforme seu destinos prescreveu. A situação famíliar de Saiuni já não está muito estável, quando ela sai...